sábado, 28 de dezembro de 2019

Diz que...

... aos vinte e cinco dias do mês de novembro de dois mil e dezanove, voltei a abrir este blog e a escrever umas linhas.

O que é que aconteceu desde as Lampas?


Uma noite de bifanas em Tagarro:

Prova nº 120 - 10km de Tagarro - 10km - 00:54:25



Um trail. Sim, o meu trail anual! Sem quedas!

Prova nº 121 - Trail da Base Aérea da Ota - 15km - 02:06:48


Uma Maratona, que merecia bem mais que uma simples linha.

Prova nº 122 - Maratona de Lisboa - 42km - 04:40:04


Outro trail, onde estava inscrito nos 15km e acabei por optar por fazer a caminhada.

Prova nº 123 - Alverca SkyRace - 9km - 01:50:07


A única prova onde me lembro que sou totalista, mas não de forma oficial porque a fiz com um dorsal emprestado num ano.

Prova nº 124 - Meia Maratona de Évora - 21km - 02:09:48


E assim se completaram 1740 quilómetros, divididos por 43 provas de 10 quilómetros, 16 provas de 15 quilómetros, 25 meias maratonas, 5 maratonas e 35 outras provas em distâncias menos convencionais. Se não falar sobre as cinco provas deste post em mais detalhe, pelo menos já posso fechar 2019 de forma tranquila.

E sim, comecei a escrever este post na ressaca da Meia de Évora, com a voz ainda trémula e a saborear o sal das lágrimas que me começaram a correr pela cara nos metros finais e que se prolongaram por largos minutos após cruzar a meta e termino-o mais de um mês depois, ainda sem saber muito bem como absorver todas as sensações de ter estado do lado de fora das grades durante a São Silvestre de Lisboa neste fim de tarde solarengo.

Se não nos virmos antes, bom 2020!

domingo, 8 de setembro de 2019

Lampas 2019

"Olha que fresquinho que este vai! Parece que começou a prova agora!" 

Querem saber a verdadeira importância deste comentário?
Este blog nasceu numa madrugada de total solidão em que eu decidi agarrar-me a uma das coisas mais importantes da minha vida: as corridas! Peguei no meu excel e meti mãos à obra! Faltavam exactamente 100 dias para a minha primeira maratona e a minha vida estava lentamente a desmoronar com o início de um possível divórcio que acabou por não se concretizar

Pouco antes, quando isto tudo começou, tive a minha primeira e única desistência numa prova: a tal Meia Maratona do Douro Vinhateiro onde eu tinha a cabeça em todo o lado menos ali e que depois gerou um regresso atribulado e um novo regresso ainda melhor!

Quando desisti, estava com 15km.
Hoje quando ouvi esta frase na Meia Maratona das Lampas estava com 16km. Sentia-me naquela fase em que o subconsciente começa a sentir-se cansado mas não quer que as pernas ouçam. E quem já lá esteve sabe que 16km nas Lampas significam muita altimetria ja feita!
Hoje quando ouvi esta frase estava com medo de querer desistir novamente. Porque, três anos depois, o divórcio é mesmo uma realidade que está para muito breve e desta vez não há reatamento possível
Hoje não desisti. Hoje tive uma voz anónima que do lado de fora da estrada me fez acreditar em mim na altura em que eu podia ter dúvidas. Porque para dúvidas e incertezas já bastam as que tenho neste momento fora da estrada. Portanto quando estou no alcatrão quero ter, preciso de ter certezas!

E já não estou a 100 dias de uma maratona, estou a pouco mais de 40. Contei 42 dias para os 42kms, mas a esta hora, novamente a meio da madrugada, não sei bem se fiz as contas certas.

O que é certo é que melhorei o meu tempo nas Lampas tendo tirado uns segundos ao tempo do ano passado e comi uma bela bifana, uma grande imperial e uma fartura com café nas festas no final da prova! Amanhã não sei, mas hoje... Hoje não me doem as pernas! Será das meias de compressão que passei a usar nas últimas duas ou três semanas?



Prova nº 119 - Meia Maratona das Lampas 2019 - 21km - 02:07:46

Escrita em dia

Prova nº 116 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Corrida Freguesia de Loures / Infantado - 5km - 00:25:31
Prova nº 117 - Corrida das Fogueiras - 15km - 01:20:22

Prova nº 118 - Légua Noturna – Cidade De Odivelas - 5km - 00:23:30

terça-feira, 18 de junho de 2019

Não estou morto, mas quase...

Não escrevo desde Madrid. Já nem vos contei a parte de turismo. Paciência...
Não tenho acompanhado os vossos blogs, portanto também não posso esperar que venham agora aqui todos a correr para me dizer alguma coisa. Eventualmente tenho visto umas coisas nas redes sociais.

O que tenho feito são provas, intercaladas com poucos treinos. Enfim, mesmo assim não me posso queixar dos resultados.

Fica aqui um resumo de onde tenho andado nestes últimos tempos, mas sem relatos daqueles que vocês acham bons, desculpem. Esses voltarão, um dia, eventualmente.

Até lá, bons treinos, boas provas! Desfrutem de cada corrida, de cada vez que calçam uns ténis.


Prova nº 110 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Corrida "Rota do Queijo" - 8km - 00:46:46

Prova nº 111 - Corrida Cidade de Alverca - 10km - 00:53:23

Prova nº 112 - Marvila Run - 10km - 00:50:38

Prova nº 113 - Corrida Nocturna Odivelas - 6,2km - 00:31:11

Prova nº 114 - Corrida Solidária Hovione - 10km - 00:50:32

Prova nº 115 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Rampa do Moinho - 4km - 00:20:14

sábado, 4 de maio de 2019

Maratona de Madrid 2019

Nota prévia: sentem-se confortáveis e vão buscar pipocas. A sério!


Pensei em vários títulos para dar a este post. Acabou por sair um nada original. Também pensei em várias citações para usar como entrada e nesse caso já foi mais complicado escolher a melhor.

"A dois meses (menos um dia) da prova, estou arrependido de me ter inscrito."

Mudei de ideias? Ainda não sei bem, sinceramente. O futuro o dirá.
Muito aconteceu entre o momento da inscrição e a partida. Muito aconteceu em Madrid. Muito aconteceu desde o regresso. Venha daí o que vier, Madrid ficará sempre como um momento marcante na minha vida. Ficarei sempre a pensar... "E se não me tivesse inscrito...?"
Não vale a pena chorar sobre leite derramado. E as minhas agruras sobre as quais vocês querem ler são as que sofri durante a prova, não é verdade?

Vamos ao que interessa:
 

"Objetivo: encontrar os outros 688 tugas!"
Foi com esta frase da legenda que a Agridoce me tentou, pela Inêsima vez (agora vou repetir este trocadilho até me cansar dele) alegrar e motivar para o desafio que eu tinha entre mãos. Ou pernas, se preferirem. Esperem, isto soa mal. Continuando.

"Um vai comigo no avião! 687 to go!" - respondi eu prontamente. Outros 5 ou 6 encontrei no avião de regresso, numa epopeia que durou mais que a Maratona em si. Contarei isso noutra altura. 

Falei da Inês antes, durante e depois da prova. Aqui ficam mais 42,195 obrigados! Sem ti não tinha feito esta Maratona. Ponto final, parágrafo!

Ora, um dos contratempos nesta aventura foi a malfadada mudança da data da prova, de domingo para sábado, devido à marcação de eleições antecipadas em Espanha. Isso implicou uma mudança de vôo, mas apenas para mim porque ficava demasiado dispendioso o resto da família que me ia acompanhar mudar também. Para além disso, implicava estender a estadia por mais uma noite. "Ficas connosco, sem stress!" disse-me a ET ou o Gajo. Ou ambos. Felizmente eles já tinham viagem marcada para 6a feira portanto esta alteração não lhes causou qualquer transtorno. Fui no vôo com eles e passei o dia de sexta-feira com eles. Eram "demasiado-cedo-da-madrugada" quando me vieram buscar e a viagem fez-se sem sobressaltos. Ou isso ou ainda estava com demasiado sono. Ah, esperem, só se for aquele momento em que a ET bateu o seu record pessoal dos 200 metros a caminho dos bancos onde tínhamos estado sentados à procura do telemóvel "perdido" que afinal estava numa das mochilas. Isto tudo, literalmente, segundos antes de embarcarmos.


Assim que chegámos fomos a correr (de Uber, vá!) para a IFEMA - Feria de Madrid levantar os dorsais. Aquilo é assim uma FIL mas dez vezes maior! Os primeiros arrepios, os segundos arrepios, já lhes perdia a conta. E não era do frio, apesar da manhã estar fresca. Logo à entrada um mural imenso com os nomes de todos os participantes. Encontrar o meu Norberto lá escrito não foi fácil, mas a certa altura missão cumprida. E o arrepio número 23.
Caminhar ali dentro era difícil. Não porque estivesse muito cheio àquela hora, mas porque a cada passo queríamos tirar mais uma foto, olhar para mais-não-sei-o-quê, participar no passatempo X (atenção a este tópico!), dar notícias para casa, publicar na página do grupo, etc. Achei que ia estar mais activo nas redes sociais, mas praticamente não publiquei nada da viagem.

Logo ao virar da esquina: os dorsais! Receber aquele envelope, abrir e ver o que está lá dentro... Olhar pela primeira vez para o dorsal, com tudo aquilo a que temos direito: número, nome impresso, a mítica marca de 42k, o "curral" de partida, o símbolo da gravação da medalha e, aquilo que ainda me encheu mais de orgulho, a bandeira portuguesa lá impressa! Isto é "só" uma prova, mas é aquela sensação de se sair do país e saber que se está, de alguma forma, a representar a nossa nação. A partir daqui o objectivo traçado pela Inês era mais fácil de alcançar! Caso as camisolas não identifiquem os tugas, vou olhar para o dorsal de toda a gente!

Depois dos dorsais, o resto dos brindes. O saco, a camisola da prova de boa qualidade (ser Adidas faz toda a diferença), etc. E por falar em Adidas, a próxima paragem - e oh se foi longa, não foi ET? - foi no stand/loja da Adidas onde nos aguardava o representante da marca que tem marcado presença em alguns dos nossos treinos com campanhas de marketing que nos têm permitido experimentar alguns dos modelos mais conceituados e recentes e ter os respectivos vouchers de desconto para quem quiser comprar. Fomos muito bem recebidos e ainda deu para algumas fotos por lá. No resto da feira destaco também a ida ao stand da Maratona do Porto onde metemos conversa em pleno português, algo que alegrou quem estava por lá a trabalhar e a promover a prova. Mas muitos outros stands mereceram a nossa atenção. Imensas maratonas e meias maratonas a serem promovidas - uma delas a oferecer um queijo local que não nos recordamos qual era, mas que era bem bom - e imensas bananas por todo o lado. Platanos, platanos!

Chegavam entretanto os nossos 3 colegas que iam fazer a Meia Maratona e que tinham viajado até Madrid de comboio, mas mal deu tempo para falar com eles porque uma bomba tinha acabado de nos cair nas mãos: o Gajo recebe uma chamada que não consegue atender, seguida de um e-mail do Booking a confirmar que o responsável pelo alojamento onde iam ficar (e eu naquela noite) tinha cancelado a reserva. O Booking recomendava outro local - mais central, mas mais caro - confirmando que os gastos extra com a marcação seriam reembolsados. "Mas ainda ontem falei com o tipo e estava tudo ok!" 257 tentativas para ligar ao tipo depois, ele lá atendeu e deu uma desculpa esfarrapada para ter feito aquilo. Apenas confirmou que o valor já pago ia ser restituído. O apoio ao cliente do Booking também confirmou ao telefone que o custo extra da reserva nova ia ser devolvido. Muito a medo e com pouca vontade de ter que desembolsar novo valor à cabeça, a coisa lá se fez... E foi em plena Gran Via que eles acabaram por ficar hospedados, juntamente com este pendura extra. Lá se foi o resto da feira, não vimos mais nada e só queriamos ir até ao sítio novo e conseguir pousar as malas dentro do quarto. Quando isso aconteceu, respirou-se fundo. (Não esqueçam este assunto, voltarei a ele mais tarde neste relato! E não, não tive problemas com o meu apartamento.) 

O resto do dia deveria ter sido o mais tranquilo possível. Não foi. Não havendo Pasta Party - cancelada por causa da mudança de data - fomos almoçar e até consegui comer massa num dos pratos do menú. Era um começo. O resto da tarde fez-se na zona do Santiago Barnabéu. Com tapas e pimentos padrón (picavam? nón...) à mistura.

Não gostei do estádio por fora. Pareceu-me um rectângulo de cimento.

Nón picavam, mas a companhia e a conversa foi muito agradável. Obrigado!

No regresso, umas compras para o jantar, para a nossa Pasta Party caseira. O único problema foi o horário algo tardio, mas eu acho que estivemos sempre com algum jetlag nestes dias em Espanha. (Voltarei ao jetlag mais tarde!) Venha de lá essa massa, que amanhã vamos acordar para fazer 42km!



Comer, preparar o equipamento, stressar a pensar se está mesmo tudo e... dormir. Desta vez nem houve aquela foto típica do equipamento em cima da cama/mesa com o dorsal e tudo e tudo e tudo.

Na manhã seguinte acordei antes de toda a gente e equipei-me rapidamente enquanto recebia boas notícias do vôo que haveria de aterrar em Madrid mais ou menos à hora em que iríamos começar a correr: 9:20, porque estávamos na última vaga, no último curral. Metro connosco e à saída começava a cheirar a grande evento, começava a sentir-se o sabor a Maratona! Stress final antes da prova: deixar a minha mala de viagem no bengaleiro para depois a recolher no final da prova e ir para o meu apartamento. Uma longa viagem avenida abaixo e um regresso por ali acima ainda com uns dez minutos para queimar com fotos, beijos, abraços e votos de boa prova. Malta, desculpem lá aquela corrida antes da corrida. Ainda por cima revelou-se desnecessário, mas paciência.

Todos aqueles que queriam que eu escrevesse mais, já estão arrependidos? Já viram o tamanho do post? E a Maratona propriamente dita ainda não começou...! Momentos finais de aproximação ao pórtico de partida com imensa animação, música e alguns exercícios de aquecimento feitos por elementos em palcos elevados no meio dos atletas. Entre muitas músicas, destaco o We Will Rock You. Clássico! A estratégia combinada com o Gajo era simples: vamos juntos até à Meia Maratona e logo vemos quem está melhor a partir daí para decidir como gerir a segunda metade. Era a mesma estratégia do Porto 2018. Ele tem tendência a disparar cedo e receio de perder gás no final. Por outro lado, estava com vontade de tentar fazer as 4:00 e eu só queria mesmo terminar sem preocupação de tempo. Eu achei que faria algo a rondar as 5:00, talvez mesmo acima.

Contagem decrescente e lá vamos nós. Logo ali havia muitos portugueses por perto. Um deles, com camisola da Corrida do Benfica, recebeu logo palavras minhas de ânimo! Sabíamos, pelo gráfico de altimetria, pelas palavras da Inês e por termos estado no Barnabéu na tarde anterior, que os primeiros 4 quilómetros eram sempre a subir. Nesta altura ainda há imensa energia, portanto não iam custar nada, pois não? Um início lento, mas seguro. Ele ia um pouco mais à frente, eu mantinha-me ao meu ritmo. Passaram por nós atletas de Viseu que se meteram connosco. Passou por nós o balão das 4:00 e, de repente, o Gajo diz-me que vai atrás dele. Voltei a vê-lo horas depois, já de medalha ao peito.

Foi melhor assim, ele está em muito boa forma, vinha de um RP na Scalabis e tinha aqui uma boa oportunidade de fazer um excelente tempo. Eu ia travar-lhe o ritmo em demasia para o objectivo que ele tinha. Ele estava claramente mais confiante que no Porto e isso reflectiu-se no resultado final. Ao mesmo tempo que o vi acelerar por ali acima, também vi que não vi o Barnabéu. Descobri mais tarde (tarde sendo a palavra chave) que não fui o único. Ao ter ficado "sozinho" retomei a minha saga. Duas portuguesas de Olhão, outros já não me lembro de onde, mais uns que tentei apanhar mas não consegui. Malta de Lisboa e do Porto. Oh Inês, acho que já só faltam 600 por esta altura e ainda nem 5km fizemos!

"Bom dia! Uma amiga desafiou-me a cumprimentar todos os portugueses que eu encontrasse pelo caminho. Estou aqui a tentar. Parece que é uma boa maneira de me manter entretido durante 42km!"

Repeti isto ou algo parecido várias vezes durante estes quilómetros iniciais. Depois a conversa seguia o seu rumo durante alguns instantes até seguirmos nós cada um o seu rumo. Estava a correr bem, muito tranquilo. Ritmo calmo, sem grandes aventuras. A subida estava feita, era tempo de estabilizar a velocidade e de aproveitar o momento, o percurso,  o público! E ainda não falei disso! Apoio massivo como me tinha sido prometido. Ruas cheias, palmas, palavras de incentivo, tudo aquilo a que temos direito. Animação dentro e fora da estrada, bandas a tocar, muita festa. Temos muito a aprender aqui no nosso país. E, de repente, tive um momento fantástico onde o karma e o destino fizeram o seu papel. "Bom dia! Está a correr bem?" ouvi eu em bom português na minha direcção.

Olhei para o lado e contei logo a tal história de encontrar os portugueses. Desta vez fui eu que fui encontrado, pela Vanessa, uma dos 689 portugueses inscritos na prova e que se tornou a minha companheira de aventura durante metade da prova. Na verdade, eu achei que ela me tinha apanhado aos 5km mas agora que vejo melhor já íamos com uns 7 ou 8 e só nos largámos próximo dos 30! A presença dela foi como que receber um agradecimento por todas as vezes que eu dei apoio a algum atleta durante estes anos todos. Várias foram as pessoas que contribuíram - antes, durante e depois - para eu terminar esta Maratona. Muitas pessoas correram-na comigo do lado de fora, mais perto ou mais longe. Ela percorreu-a comigo durante quase 25 quilómetros, mas que pareceram durar 25 minutos.

Falámos do nosso historial, dos nossos objectivos para esta prova, do nosso percurso até ali. Ela só fez Maratonas no estrangeiro - imaginem lá porquê - e entre elas inclui-se a Maratona da Muralha da China. Brutal! Ela queria fazer um tempo a rondar as 4:00, mas uma lesão no último treino longo fez com que estivesse apenas concentrada em terminar. Vinha com mais duas amigas que também se lesionaram e que acabaram por cancelar a participação e - imaginem só - também teve o alojamento cancelado à última da hora de forma inesperada. Mas isto é moda em terras de Espanha? Tanta gente assim tão desesperada e que provavelmente paga uns cobres extra por fora para ter um quarto sem problemas de consciência por lixar a vida a outros? Felizmente quando ela me contou esta parte do alojamento já tínhamos passado pelo quilómetro 17 onde a ET estava a apoiar e correu um pouco ao meu lado garantindo-me que o Gajo estava ok e que a minha família já tinha aterrado e ia a caminho do apartamento para depois estarem ou ao quilómetro 30 ou na meta. "Eu vou bem, estou acompanhado e vou bem!" disse-lhe para a tranquilizar, mas isso era algo que ela podia ver no rasgado sorriso que eu levava no rosto e que aumentou quando a vi. No meio de tantos populares a apoiar, era fundamental ver uma cara conhecida. Obrigado ET pela tua maratona!

Metros antes deu-se a divisão com a Meia e apesar de eu ter gritado a plenos pulmões "Para la derecha, la derecha!" não consegui convencer ninguém a seguir para o lado da Maratona. Arranquei, no entanto, muitos sorrisos e algumas palmas dos atletas da Meia.

Eu também só queria mesmo acabar a prova, sem pensar em tempos, e foi isso que fez com que desde o momento em que nos juntámos tivéssemos seguido de forma descontraída a falar de tudo um pouco. Outros compatriotas acabaram por se juntar a nós durante algum tempo. Ela ia incógnita e a única maneira de perceber que era portuguesa era pela bandeira no dorsal. O nosso equipamento tem a bandeira, para além do nome, pelo que toda a gente se metia primeiro comigo. Um destes atletas fez a prova com a camisola da selecção nacional com o número e nome do Éder. "Grande camisola, pá!" Quem também veio connosco - antes da separação das provas - foram duas atletas do norte com quem eu já tinha falado antes e que nos disseram que faltavam só mais 5km. Ah não, para nós são 5+21! A mais conversadora das duas falou da única Maratona que fez, Porto 2018, e que apesar de ter gostado sente que é muito esforço em termos de tempo de preparação e tempo de corrida, por isso prefere as meias maratonas. Votos de boa sorte antes de seguir viagem, já que iam a fazer uma segunda parte mais rápida que a primeira.



"Metade já está, já viste?" - diz-me ela com o maior sorriso da vida nos lábios.   

 "Estás a gozar?!" - respondi-lhe! Mas não estava. Naquela altura reconheci a aproximação à Gran Via e a zona próxima do apartamento onde já tínhamos visto a preparação para a prova ali passar. Incrível a maneira como os quilómetros passaram sem se dar por isso. Cansaço era zero! Mesmo! Aquele ambiente leva-nos ao colo, por mais cliché que isto possa parecer. O ritmo era perfeito para aquilo que eu queria, a companhia mantinha-se agradável e depois de passar aos 10kms ligeiramente acima da hora, agora passava à meia com 2:05. Maravilha! Não sei se foi por me ter visto olhar para o relógio debaixo do pórtico da Meia Maratona - onde estava TANTA gente que me fez lembrar o apoio no Porto na ponte D.Luiz também ao chegar aos 21kms - ou apenas por se ter lembrado dos tempos que eu lhe disse já ter feito, mas nessa altura a Vanessa dispara com um... "Sabes que se continuares assim vais bater o teu record da Maratona?"
Sorri e pedi-lhe para falar baixinho para ninguém ouvir isso! Não está nos planos, xiiiuuuu!

Na verdade acabei por lhe dizer que nunca consegui fazer uma Maratona sempre a correr e que eventualmente iria quebrar um pouco, mas quanto mais tarde melhor! E seguimos, com turistas japoneses a dançar no meio da estrada, polícias a saltar e a dar apoio aos atletas e até uma segurança da Casa da Moeda igualmente a dançar na escadaria do edifício. São apenas gotas de água naquilo que foi o apoio. "Te lá roban, attention!" gritou um atleta para esta última. Gargalhada geral!

Sei que passámos a muitos sítios importantes de Madrid. Não me lembro de quase nenhum. Nem sequer nos dias seguintes em que estivemos a percorrer novamente aquelas ruas como bons turistas. O Gajo disse-me imensas vezes que "corremos aqui durante a prova". "Ai foi?" respondia-lhe eu sempre.

Estes próximos 10km eram os que rumavam à Casa de Campo e eu já tinha ouvido os relatos da Inês sobre essa zona. Até lá chegar íamos por um misto de parques e zonas urbanas. Havia algum sobe e desce e eu senti-me a fraquejar um pouco nas subidas, mas apanhava depois a Vanessa novamente nas descidas onde ela se ressentia da lesão que a afectou no último treino longo. Quando nos distanciavamos um do outro já sabíamos que passado alguns metros estaríamos novamente juntos. Um duo que funcionou às mil maravilhas, sendo que percebemos no fim que nos fomos também levando ambos ao colo um do outro. Foi nessa altura que aproveitei os patinadores pela primeira vez para pedir um pouco do spray milagroso nas pernas e coxas. Não me estavam a doer muito, mas os 30km aproximavam-se com alguma rapidez e era sobretudo uma acção preventiva.

A Maratona de Madrid cumpriu este ano a sua 42ª edição. Próximo do quilómetro 28 passámos por um atleta que ia a caminhar, acompanhado por outros dois companheiros. Um deles segurava um enorme cartaz que identificava aquele campeão como tendo participado em TODAS as edições. Não me recordo do seu nome, mas na altura bati-lhe palmas, fiz uma vénia e soltei um "Gracias campeon! Animo!"

E o inevitável acabou por acontecer: ali perto dos 29kms a Vanessa seguiu e eu fui ficando para trás. Sem falarmos, sem dramas. Não sei se ela percebeu logo ou se ainda ficou com esperança que eu a fosse apanhar mais à frente. Eu sabia que, na melhor das hipóteses, já só a iria rever na meta. Não aconteceu, mas a beleza das redes sociais já fez com que tivéssemos tido notícias um do outro. Até à próxima, Vanessa! Ainda lhe lancei a dica que a prova em Portugal que vale a pena fazer para ter este apoio popular nas ruas é a Corrida das Fogueiras.

  
#nohaymuro

Estava escrito no chão, em cima da marca dos 30kms, à entrada da Casa de Campo. As pernas iam bem, a cabeça ia tranquila sabendo que deveria ter ali apoio personalizado novamente. Ter ficado sem a companhia da Vanessa não me tirava a boa disposição. Isso ficou a cargo das cólicas. Nunca me tinha acontecido e foi ali mesmo. A cada passada que dava elas aumentavam, a cada vez que os meus pés batiam no chão o impacto causava-me mais e mais desconforto. Foi horrível, confesso. Não era nada que me obrigasse a fazer uma paragem forçada no wc mais próximo, era uma pressão interna super desagradável. E a cada 100 metros que tentava correr, lá tinha que caminhar durante outros 500 metros. A certa altura desisti de tentar correr, fui a caminhar o mais rápido que podia. Fui, basicamente, a marchar. Havia menos gente naquela zona e quando olhei para o relógio fiz contas e percebi que dificilmente teria apoio ali. Foi a primeira vez que não levei telemóvel para uma Maratona. Se o tivesse ali à mão teria ligado para dar notícias e para explicar porque estavam a ser mais lentos os meus quilómetros.

Ao começar a caminhar, tive outro problema logo de seguida: as pernas que tão bem iam a correr disseram-me que assim não dava. Os músculos acusaram a baixa de ritmo e começaram a latejar. O joelho direito teve espasmos por breves momentos, mas depois passaram. Anteviam-se quilómetros complicados. Ainda ajustei o meu flipbelt para não estar a pressionar tanto aquela zona do corpo, mas pouco ou nada ajudou. Olhei para o relógio, vi que estava com um tempo muito simpático aos 30kms e, apesar de tudo, sorri. Para quem fez uma preparação horrível, estava a correr muito bem. Quão horrível? O plano de treinos que tenho seguido para todas as Maratonas tem um número total de quilómetros final a rondar os 1170, maratona não incluída, divididos por 20 semanas. Na primeira vez que fui ao Porto fiz cerca de 450km de treino durante essas 20 semanas. Para Madrid fiz 270. Duzentos e setenta quilómetros nas 20 semanas antes da prova... Foram três treinos longos: Meia Maratona de Cascais, Sinos e 20km da Marginal. Eu completei esta Maratona, mas por favor, não façam o que eu fiz! Isto foi uma falta de respeito para com a rainha das provas. O destino esteve do meu lado, mas o mais justo era eu ter levado uma daquelas chapadas que me fizessem pensar duas vezes sobre a preparação da próxima! Nas sábias palavras do João Lima sobre a Maratona de Aveiro: não se trata de uma corrida, é uma Maratona!  

A marcha foi funcionando, as cólicas foram aliviando. A luta corpo vs mente estava a começar a cair para o meu lado. Havendo ali menos pessoas, eram os atletas e os voluntários dos abastecimentos que iam dando força para continuar. Já só queria sair dali daquela zona e quando isso aconteceu, quase que por magia, as cólicas foram finalmente embora. No final fiquei a pensar o que poderia ter causado aquilo. Talvez a água espanhola, eventualmente algo que tenha comido na 6a antes da prova. Já não tive coragem de tomar o gel dos 30kms. Pensei fazê-lo num dos últimos abastecimentos para aguentar os quilómetros finais, mas não tive coragem. O gel é o mesmo de sempre, era seguro, mas podia cair-me mal. Acabei por fazer a Maratona com um gel aos 10km e outro aos 20km, muita água e powerade e meia banana no abastecimento dos 36,5kms. Foi ali que parei durante algum tempo - daí o km 37 apresentar o ritmo mais baixo de toda a prova - e foi ali que recuperei forças que me haveriam de levar até à meta.

Toda a gente ali já dizia que a Maratona estava feita, último esforço, ânimo, venga campeon! E eu concordava. Ia olhando para o relógio para ver em que tempo poderia ainda terminar. Umas cinco horas, pensava eu. Saio do abastecimento e passa por mim o balão das 4:45. Nem penses, tu não me ultrapassas! E acelerei por ali, já depois de ter dito uma espectadora portuguesa a gritar pelo nome da equipa. Haveria de fazer o mesmo alguns quilómetros depois visto que estávamos numa zona onde bastava atravessar uma ou duas estradas para se conseguir assistir à passagem dos atletas em dois pontos diferentes.

Faltam os 5kms finais, sempre a subir. "Noooooooooo" gritou uma atleta irlandesa quando mudamos de rua e ela percebe que a estrada inclinava... A minha luta era para o balão não me ultrapassar, algo que aconteceu no abastecimento dos 40kms. Mesmo assim, nunca mais deixei de o ver mesmo ali à frente até ao final da prova. Foi também aos 40kms que um atleta inglês - ou americano - berrava que não havia marcação dos quilómetros e perguntava, desesperado, quanto faltava para terminar. Disse-lhe o que marcava o meu relógio e tentei explicar-lhe que os marcadores de quilómetros estavam ao nível dos nossos olhos e eram quadros do Museu do Prado numa iniciativa que marcava os 200 anos do museu. Confesso que, por melhor que a intenção tenha sido, não resultou. Eles passaram despercebidos a muita gente, tal como comprovei em conversa com o Gajo e com outros atletas no aeroporto no regresso.

Tentei visualizar o percurso final, aquela parte em forma de bota que dá o chuto final até à meta. Tirei a bandeira do saco onde vinha guardada num dos bolsos do Flipbelt. Atei-a ao pescoço, mas ia a incomodar-me. Atei-a ao chapéu, parecia que tinha um rabo de cavalo. Ia assim até ao fim e aumentavam os gritos por Portugal à minha passagem. Vi ali algures o velhinho Vicente Calderon, chegamos a Atocha, "Bora! É só virar à esquerda e está feita!" até que entrei na recta da meta. Arrepios, tal como à chegada à Feira de Madrid, tal como quando me entregaram o dorsal e o vi pela primeira vez.

Tínhamos combinado ir sempre do lado esquerdo, que era lá que estaria a nossa claque. Assim fiz, encostei-me às grades à esquerda e no meio de muitos high-5 (tal como durante toda a prova) aguardava com ansiedade ver a ET, ver a família, ver quiçá o Gajo ali nos metros finais já fresco e de medalha ao peito. Não estavam ali. Ninguém estava ali.

Até que, vindos do nada, me aparecem dois mini-atletas vindos do meu lado direito - o esquerdo de quem desce a avenida, percebi depois porque tinham ficado do lado errado - e que se agarram a mim para me puxar até à meta.

De mãos dadas e braços no ar, sprint final, sorrisos nos lábios, bandeira a semi-esvoaçar e um slalom para não ficar tapado por outros atletas na chegada à meta. Está feita!!!


A minha primeira Maratona internacional. Na verdade, a minha primeira prova internacional! Quatro Maratonas feitas e esta foi com o pior tempo de todas, mas à excepção daqueles quilómetros complicados, foi a que menos me custou a completar. É um paradoxo, eu sei. Maus treinos, pouca cabeça para pensar em correr e um resultado final excelente. Fiquei a 9 minutos do meu record pessoal, fiz cerca de um minuto e meio pior que o meu pior registo na distância. Com um treino ligeiramente mais decente e sem aqueles problemas físicos a meio, teria sido um registo do caraças! O percurso não é fácil, mas o público compensa isso em larga escala!

Abraços e beijos pós-prova e lá fui com os mini-campeões ter com o Gajo que estava com a sua mini-ET a gravar a medalha. A minha única pergunta era: "Há cerveja?"
Não havia! Caramba, não havia cerveja no final? Ok, havia serviço de massagens, de podologia, havia tanta oferta que não havia filas para nenhum dos dois. Havia bananas, mais bananas. Havia fotos - caríssimas, por sinal - mas não havia uma banca a dar cerveja. Grande falha!

Lá encontrei o stand para gravar a medalha e foi ali que percebi o tempo final exacto. Menos 4 segundos do que dizia o relógio. Regressei à zona da chegada onde nos encontrámos todos rumo a uma nova maratona que era encontrar sítio onde comer. A ideia inicial seria fazer algo no apartamento depois de tomar duche, mas já era tarde e não tínhamos nada comprado. Sem stress, houve mais tapas, houve cerveja, houve tudo aquilo a que tínhamos direito!

E houve também o momento em que agarrei no telemóvel. Tantos SMS, tantas mensagens nas redes sociais, incluindo de pessoas que eu não esperava que nos estivessem a seguir. Foi um banho de apoio vindo de longe que me encheu ainda mais o coração. Destaco claramente as mensagens que a Inês me enviou e que eu teria lido durante a prova se tivesse levado o telemóvel comigo, mas não posso deixar de falar do apoio do João Lima, cujos relatos me fizeram sonhar em passar por esta viagem interior que é fazer 42kms. Com mais calma li tudo o que recebi, respondi à medida que me era possível e retribuía as palavras de força a quem no dia seguinte iria fazer a Maratona da Europa, em Aveiro.

Procurei a Vanessa na zona da meta, mas era impossível. Nem eu fazia ideia do tempo que ela tinha feito. Descobri-a depois, na parte boa que o mundo online dá à humanidade. Ganhou-me quase 20 minutos desde que seguiu sem mim. E sim, Vanessa, se tivesse continuado àquele ritmo teria batido o meu record, mas o importante - como repetimos um ao outro várias vezes - era terminar. Missão comprida, mas cumprida!

Sobre os restante dias em Madrid falarei noutra altura. A parte do turismo fica para outro post. Falo apenas do jet lag que mencionei por alto alguns quilómetros de texto atrás. O nosso vôo de regresso estava marcado para segunda-feira às 18:00 e só partiu quase nove horas depois, em plena madrugada. A chegada a casa foi às 4:00 da manhã! Mesmo assim deu para tirar partido da situação, de várias maneiras. Uma delas foi ter metido conversa com o tal grupo de atletas que estavam no mesmo avião e que também aguardavam por um desfecho. Metade do tempo foi passado a falar da prova, de outras provas, de amigos em comum - "Olha, também conheces o João?" "Mas quem é que não conhece o João Lima?!?" - etc. Nisto das corridas só não faz amigos quem não quer.

Já passou uma semana. Aqui o cromo ainda não acredita bem no que aconteceu. :)
Mas aconteceu! Há registos, há fotos, há memórias. E ainda há muito para assimilar.

Venha a próxima prova, venha a próxima Maratona. Em breve terei uma mão cheia delas, assim espero.

Prova nº 109 - Maratona de Madrid - 42km - 04:42:08

 

 

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Antes só vinho que mal acompanhado

"Cesto!!!" - gritaram os 5 ou 6 miúdos que estavam a aplaudir junto ao caixote do lixo após o habitual abastecimento de vinho tinto durante a prova. Pois que este ano o copo até estava muito cheio e eu parei e bebi-o todo de penalty antes de o atirar com convicção lá para dentro sem ter noção que tinha público a observar-me. Arrependi-me logo a seguir porque até me custou a respirar quando voltei a correr. Não faz mal, ir à Scalabis e não beber vinho é como ir a Roma e não ver o Papa. Festejei com eles e com aquela família toda e segui viagem pelas ruas de Santarém, onde me sinto sempre muito bem a correr.

Dou um salto rápido até à meta: foi a minha pior Scalabis das quatro que já fiz, mas se alguém me tivesse dito antes da prova que eu ia fazer abaixo dos 52 minutos eu assinava logo por baixo e ia beber copos para a Taberna do Quinzena em vez de correr.

E agora volto atrás, que isto é um recurso de estilo muito usado na literatura e fica sempre bem. Este ano éramos seis atletas presentes em Santarém. O dobro do ano passado, mas metade dos que já fomos noutros anos. Esta contabilidade, no fundo, apenas serve para encher mais um parágrafo do texto e para parecer que escrevi muito.

Fomos cedo, como bem gostamos, para sentir a cidade, o espírito da prova, para levantar os dorsais nas calmas, passear um pouco, comer e beber e apoiar a malta da caminhada antes de nos equiparmos para a nossa epopeia. E foi isto.






Infelizmente o lanche ajantarado caiu mal a uma das nossas colegas e a prova dela acabou por não correr de forma tão agradável como esperado. Um pequeno contratempo que espero não lhe retire a vontade de voltar porque tudo o resto correu às mil maravilhas, entre convívio e fotos e mais convívio. É que para além do abafadinho na TasCá (nome mais original de sempre para uma tasca) havia sobremesa e mais umas coisinhas para encher o copo na mala de um dos carros. Como no caminho nos juntámos a outra equipa de amigos, a festa foi a dobrar. Já nem era preciso correr, realmente.

Se há coisa que eu não gosto de fazer é aquecer antes das provas. Um misto de preguiça com uma desculpa esfarrapada que me vou cansar ainda antes de começar a correr... Mesmo assim ainda fui puxado para um aquecimento e uma corridinha ligeira até ter parado num banco junto da ET. Lá ao fundo vejo duas figuras a acenar na nossa direcção. Pitosga como sou - e ainda por cima à noite - não tinha a certeza se era para mim. Pareceu-me reconhecer a Agridoce, mas quem raio estava ao lado dela? Era a Fabiana, descobri eu quando elas vieram ter connosco, provavelmente por terem achado que estavam a acenar para o boneco. Gostei imenso de vos ver e de falar um pouco das nossas aventuras deste fim de semana. Obrigado por todas as dicas sobre Madrid!

E sim, depois houve mesmo uma corrida. Lá fui eu para um bloco de sub-50 que já sabia que não ia conseguir atingir no final, mas não estava preocupado com isso. Queria era chegar bem e pronto. O percurso foi aquele que já conhecíamos, com uma ligeira alteração porque passámos na rua ao lado da meta em vez de passar por baixo do pórtico após completar uma pequena volta inicial. Depois foi o normal com a passagem por vários sítios emblemáticos da cidade - para além do abastecimento de vinho, o tal aos 3,5km.

Até essa altura estava a conseguir manter um ritmo a rondar os 5:00/km e decidi continuar para ver até onde aguentava. Foi até ao vinho. Depois disso acabei por baixar o ritmo e penei ali um pouco até meio da prova e só após os 5km consegui voltar a sentir-me bem. Ter tomado um gel nessa altura pode ter ajudado, nem que seja psicologicamente. O que sei é que raras foram as vezes em que olhei para o relógio e lembro-me de o fazer exactamente a meio porque dois atletas atrás de mim estavam a questionar-se quanto tempo estariam a fazer à passagem pela placa. 26 minutos, disse-lhes eu.

Na segunda metade senti-me verdadeiramente tranquilo e bem. As subidas não me incomodaram propriamente, não senti cansaço e mantive-me sempre satisfeito com aquilo que estava a fazer. Entrei em modo cruzeiro até ao final enquanto ia olhando em redor à procura de caras conhecidas tanto do meu lado como do outro lado da estrada nos retornos. Entrando no último quilómetro aumentei novamente a velocidade, sobretudo ao chegar à meta e apanhar novo banho de gente e algum apoio de colegas que já tinham terminado. Ter olhado para o cronómetro também ajudou, para ficar abaixo do minuto 52.

A prova estava longe de estar concluída. Voltei atrás, mas antes disso perdi-me em (mais que) dois dedos de conversa com um grupo de amigos de outra equipa. Um deles pegou no filho e ia também regressar para trás para ir buscar a mulher que estava a completar os seus primeiros 10km. No meio da distracção, esqueci-me de meter o relógio novamente a contar mas percebi que fiz mais 5km de descompressão neste momento de "ninguém fica para trás". Enquanto ainda não tinha encontrado a ET - que na altura já estava acompanhada pelo gajo e por outro colega nosso - uma atleta ainda em prova meteu-se com a amiga do lado que tinha parado para alongar, mas a falar sobre mim:

"- Olha este filho da mãe já acabou! E aposto que já comeu a bifana também!"
"- Já acabei sim, mas ainda não comi nada! A prova só termina quando a equipa toda passar a meta!"
"- Maravilha, é isso mesmo! Então vai até lá atrás e pergunta pela Luciana que nós estamos à espera dela!"
"- Oh LUCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAANA!!!"

E foi isto. Aparentemente ela estava mesmo ali ao pé. E logo a seguir vinha a ET e a sua guarda de honra à qual eu me juntei. Aproveitei para comentar com a tal atleta: "Olha, estes dois também já acabaram!" Ela continuou a chamar-nos filhos da mãe, mas sem malícia, sempre com boa onda e seguimos mais ou menos em grupo até perto do final.

Era um momento importante para a nossa extra-terrestre - que ainda não escreveu o seu relato da prova! - e já dentro do quilómetro final estávamos os seis a correr juntos até ao final. Descobri entretanto que eu fui o único a passar a meta com ela porque o resto da malta encostou às grades e saiu antes. Foi (mais) uma chegada simbólica, das muitas que já temos tido ao longo destes anos. Outra para ficar guardada no baú das memórias!

Bifaaaana! Imperial, pampilho! Vamos a isso!
Na verdade, nunca tenho muita fome depois das provas, mas soube mesmo bem! Inventámos uma mesa e ficámos a reviver a prova que tínhamos acabado de fazer até se levantar um vento muito frio que nos fez querer regressar depressa aos carros. O rescaldo era bom, com o Gajo a ter batido o seu record aos 10km com uma marca que ele já andava a perseguir há algum tempo. Agora temos ambos o nosso melhor tempo na distância em Santarém!

Pelo caminho, nova prova que eu não posso sair de casa em dias de corridas...
"N.!"
"N. sou eu e vou-te cumprimentar mesmo sem te conhecer!"

Era uma escalabitana que me reconheceu de um grupo em que ambos estamos ali na rede social onde já tinha perguntado se alguém ia marcar presença. Eu acusei-me e no meio de tanta gente ela conseguiu descobrir-me naquela altura.

E pronto, tudo actualizado, finalmente. Só falta meter aqui o meu histórico da prova.



Agora venha de lá Madrid...!

Prova nº 108 - Scalabis Night Race - 10km - 00:51:57


De mãos dadas rumo ao futuro

"Força Nuno! Actualiza o blog!"

Corria o quilómetro 16 quando sou interpelado por um atleta que me dirige estas palavras. Fiquei um bocado aparvalhado, não o reconheci imediatamente, mas ele fez questão de se apresentar logo de seguida. (Olá Edgar! Obrigado!)

Depois do sucesso que foi a nossa participação nesta prova no ano passado, regressámos em força com um total de 26 atletas em competição - eu e outro colega nos 20km em linha e os restantes em várias equipas da estafeta, naquilo que foi uma fantástica demonstração de espírito de equipa a todos os níveis. De referir que ainda me lembro de estar no serão de dia 30 de Dezembro a organizar as equipas e as inscrições para aproveitar o preço inicial. E estava cheio de medo de acontecer o que se passou em 2018 com várias lesões e impedimentos de última hora que obrigaram a fazermos algumas trocas de elementos. Se com 3 equipas já não era fácil coordenar eventuais trocas, imaginem com 6!
Felizmente poucos foram os colegas a precisar de serem substituídos e tudo se resolveu com relativa calma.

No dia da prova estava tudo pronto no ponto de encontro. Apenas um atleta não compareceu, mas avisou com antecedência, pediu para deixar o kit na pastelaria onde nos juntámos e ele haveria de lá passar antes de rumar ao Estoril para ser o primeiro da sua equipa da estafeta. De referir que quando eu parti para os 20km, ainda não o tínhamos encontrado por lá e um dos momentos mais felizes da minha prova foi quando vejo o terceiro elemento daquela equipa a passar por mim em alta velocidade rumo à passagem de testemunho dos 15km. Era sinal que ele tinha aparecido e que estava tudo ok!

A partida dos 20kms deu-se com algum atraso, quase dez minutos depois da hora, o que fez com que ao fim de poucos quilómetros já o primeiro classificado das estafetas tivesse passado por mim. Quem também passou por mim ainda antes dos 5km foi o nosso primeiro atleta da equipa mais rápida. As minhas contas diziam-me que eu chegaria à primeira passagem de testemunho antes disso acontecer, mas a diferença nas partidas foi apenas de 5 minutos em vez de 15 portanto fui rapidamente apanhado, que isto de correr a ritmo tranquilo a rondar os 5:30/km não se compara com as flechas da equipa que terminou a estafeta com um ritmo final de 3:55/km! Que brutalidade de flechas!

Sabia que a prova começava logo a subir - nos meus ouvidos ainda estavam as queixas de quem no ano passado fez o primeiro percurso - e que ao longo da Marginal iria encontrar algumas outras subidas difíceis. Na minha mente ia distraído pela calma que a paisagem do meu lado direito me transmitia e pelo imaginar do que estaria a ser a festa do pessoal nos pontos de passagem de testemunho. Ia embalado como fui na Meia Maratona de Cascais e tudo isso ajudava-me a esquecer que fazer aquele trajecto numa Maratona de Lisboa tem certamente outra dureza. O que é certo é que cheguei ao fim e não senti que as subidas fossem assim tão aterradoras. Difíceis sim, mas não temíveis. Até me deu a sensação que fiz grande parte da prova a descer.

Como era de esperar senti nas pernas o peso da falta de treinos decentes. Ali algures depois dos 10km notei que tive que abrandar um pouco o ritmo e fui-me juntando a outros atletas que senti que estavam sempre por ali por perto naquelas companhias de circunstância. Não tendo metido conversa com ninguém, era agradável ter pessoal por ali. Para além disso, de 5 em 5 quilómetros era uma festa porque ainda apanhava colegas da estafeta à espera de entrar em acção. E assim fui indo rumo a Belém.

O último trajecto foi um misto de emoções. Para além da aparição surpresa do Edgar que tinha feito o segundo percurso da estafeta e seguiu até à meta, tive algum pessoal que já tinha terminado a prova e vinha em sentido contrário a cumprimentar-me pelo nome. Alguém que eu conhecia ou era por causa do dorsal? Não sei, não reconheci ninguém, mas é sempre agradável. Para além disso uma das nossas atletas lesionadas fez questão de aparecer e estava por lá a tirar fotos. Foi aos 17,5km que senti necessidade de caminhar um pouco. Queria ter feito tudo sem parar, mas não deu. Paciência. O mesmo aconteceu um quilómetro mais tarde, mas logo a seguir retomei a corrida até ao final sendo que tive escolta de honra no último quilómetro porque em sentido contrário vinham uns quantos colegas de equipa (as flechas e não só...!) que me escoltaram até à curva final antes da meta. Muito obrigado pessoal, foi o boost que eu precisava para concluir a prova, num tempo muito semelhante ao que fiz nos 20km de Almeirim em 2018, naquele que foi na altura o último treino longo antes da Maratona do Porto. Nota: o meu melhor tempo numa meia maratona continua a ser melhor que o meu tempo em provas de 20km.

Depois de terminar veio o habitual cumprimento a vários amigos deste mundo com quem ali me cruzei. É sempre um prazer ver caras conhecidas e trocar dois dedos de conversa. Aquilo que acabei por não fazer foi voltar atrás para ir ter com a ET que iria fechar a nossa última equipa.  Eram mais uns quantos quilómetros neste treino longo. Quando consegui respirar um pouco estavam a chegar outros elementos da equipa, tanto os que estavam a fazer apenas a última parte da estafeta como outros que começaram há 15 ou 20 quilómetros atrás e seguiram até ao final. Foram todos fantásticos, sem dúvida! Até que chegou a nossa ET, muito bem acompanhada e quando passou por mim agarrou-me pela mão e só a largou metros antes da meta. Se há alguém que me tem dado uns calduços reais e virtuais na tentativa de me tirar das areias movediças onde tenho andado nestes últimos tempos é ela, daí que este gesto tenha sido bastante simbólico. Não podendo mudar o passado, há que ganhar foco para o futuro!

A ti, em especial, obrigado!

Para trás ficava o nevoeiro e a chuva com que fomos brindados no início da prova, para a frente ficaram os sorrisos, os Twix que estavam a ser dados na meta e uma série de contas para voltarmos novamente em 2020, desta vez para tentar ir a um pódio. Planos mais próximos incluem a ida à Scalabis (o relato sai ainda esta semana), a Maratona de Madrid (ai, cruzes credo...) e o cancelamento da ida ao Douro Vinhateiro (mais vale não ir do que ter 2016 all over again...).

Prova nº 107 - 20km da Marginal - 20km - 01:56:48


P.S: de regresso aos carros que ficaram em Algés foi altura de distribuir as t-shirts da prova e a oferta que fazia parte do kit. Enquanto a malta se despedia troquei de roupa e fui o último a despachar-me. Meti o saco que levava com as minhas coisas no tejadilho do carro e tal. Lá de dentro diz-me o gajo da ET: "Não te esqueças disso aí, ok?" "Ok, claro!" Entro no carro devidamente pronto e saímos do estacionamento rumo à rotunda da entrada do IC17. Ele fez uma manobra qualquer estranha, que eu nem percebi o que foi e um outro carro a entrar na rotunda desata a apitar intensamente, instantes após ouvirmos um "catrapum!" 

"Está qualquer coisa no chão!" Pois claro que está! Era o meu saco amarelo que tinha dado um tralho desde o tejadilho do carro onde eu obviamente não o ia deixar e estava a rebolar mais que o Neymar depois de uma entrada a pés juntos do Pepe... Meia volta à rotunda e o condutor do tal carro - estrangeiro, por sinal - já tinha parado para nos entregar o saco. Só lá tinha as chaves de casa, as chaves do carro, a carteira... 😧 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Uma mão cheia de Sinos

No último fim de semana de Março deu-se a habitual romaria a Mafra para a Corrida dos Sinos. Não é segredo para ninguém que gosto desta prova, do ambiente, do final no estádio e do convívio com a malta da equipa no final. Tudo isso esteve lá, excepto o picnic. Éramos muitos como sempre, mas este ano regressámos ao conforto dos respectivos lares depois de todos termos cruzado a meta. 

Foto: Running and Medals (https://www.runningandmedals.com/sinos)

Eu já falei aqui em provas nas quais conheço cada pedacinho de alcatrão, já falei aqui em fechar ciclos. Ao fim de cinco anos consecutivos a participar, não sei se esta é daquelas nas quais devo ponderar uma pausa sabática. Veremos.
O que é certo é que sem o treino devido não há resultados. No meu caso tratou-se de um retrocesso de três anos, tendo em conta que fiz um tempo pior do que em 2016. Ahhhh, e as memórias que esse ano me deixou no geral são assim catitas, são.


A pedido de várias famílias - vá, de uma pessoa muito especial para mim - o texto sobre a próxima prova, a Estafeta Cascais-Oeiras-Lisboa, já será um pouco mais detalhado e mais à imagem dos textos a que vos habituei. Assim tenha eu inspiração para isso.


Prova nº 106 - Corrida dos Sinos - 15km - 01:23:14

Corta Mato de Vale Figueira

Foi a 17 de Março, um mês após o anterior, que regressei a esta coisa engraçada do corta-mato. Como se previa foi mais exigente que os anteriores. Quase que ficava no top-10 do escalão, mas na verdade também só estavam presentes 12 atletas. Talvez consiga numa das próximas provas, se não comparecerem todos. Sem stress, havia garrafa de vinho para todos e isso é que é importante!

Próxima prova em que estarei presente é a "Rota do Queijo" em Lousa. Diz que é durinha como o raio, mas há queijo no fim. Alinho nisso!

Prova nº 105 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Corta-Mato de Vale Figueira - 5,5km - 00:28:09

sábado, 9 de março de 2019

Meia Maratona de Cascais 2019

Há imagens que valem por mil palavras, daí que o rescaldo desta prova se traduza nas fotografias que foram tiradas pelos inúmeros fotógrafos que nos continuam a brindar com o seu trabalho durante as corridas. Mas não são aquelas fotos que aparecem em destaque nas redes sociais, são as outras... aquelas que uma pessoa acaba por não partilhar porque não são assim tão apelativas para o público em geral e já se sabe que não vão render assim tantos "likes".


Prova nº 104 - Meia Maratona de Cascais 2019 - 21km - 01:59:12

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Maratona de Madrid - the story so far...

Tinha aqui um longo resumo do que aconteceu desde dia 4 de Agosto. O dia em que - meio a sério, meio a brincar - a ideia surgi. Um mês e meio depois, a 22 de Setembro, a coisa ficava oficial.

Apaguei o resto do texto. Deixo apenas a conclusão:

A dois meses (menos um dia) da prova, estou arrependido de me ter inscrito.
Aconteça o que acontecer daqui para a frente até - espero eu - cruzar a meta, estou arrependido.

Até breve. Bons treinos e boas provas!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Corta-Mato de Santo António dos Cavaleiros

Falhei a presença no Corta-Mato do Catujal por motivos de doença, mas regressei às provas do troféu em Santo António dos Cavaleiros. A malta está mesmo a aderir em massa a estas provas e isso acaba por dar os seus frutos ao termos saído de lá com um 3º lugar individual e uma taça pela classificação por equipas. Não é esse o objectivo, só nos queremos divertir, mas se der para conciliar com uns resultados destes a brincadeira fica mais engraçada.

Ao contrário de Santa Iria, não chovia. Apesar disso a manhã tinha acordado muito tristonha, mas a prova final masculina já terminou debaixo de um sol radiante. Desta vez eram quatro voltas ao circuito que me pareceu menos exigente que aquele que eu tinha como base de comparação. Ou por isso, ou pelo facto de ter apanhado tempo seco fiz um tempo melhor que anteriormente. E pude ir perfeitamente com ténis de estrada. Uns ténis que, diga-se, apenas tinham 2 quilómetros feito em corrida, num treino realizado nessa semana e que culminou de forma precoce quando eu estava a fazer séries numa zona residencial numa estrada sem saída para a qual só vão os moradores e uma pessoa resolveu abrir a porta do carro à minha passagem, cravando-a de forma assertiva no meu joelho e no meu ombro. Foi bonito.

Continuando... 

A ansiedade é sempre grande com as provas dos mais pequenos, mas eles cumpriram o percurso na perfeição e com uma enorme vontade. Nestas idades o que importa é estar a plantar a semente para que esta paixão pela corrida possa crescer com eles e os resultados são mesmo o que menos interessa, mas no geral até foram agradáveis. Depois de correrem passaram o tempo todo a jogar à bola e se fosse preciso ainda tinham feito uma perninha nas nossas provas. Energia não lhes falta! 

Os graúdos iam vendo o percurso e eu e um colega aproveitámos a primeira volta da prova feminina para irmos atrás do grupo para fazermos também o reconhecimento e ver afinal que dificuldades é que teríamos pela frente. Foi porreiro e ajudou muito. Também foi fixe termos sido fortemente aplaudidos em ar de brincadeira por alguns amigos que estavam de fora e que nos desejaram boa sorte para ombrear com as atletas femininas. Até fomos apanhados pelos fotógrafos a fazer uma guarda de honra à menos rápida das nossas colegas de equipa. Terminámos a primeira volta junto dela e saímos do percurso. Fomos devagar, mas íamos ambos com a sweatshirt da equipa vestida e já estávamos ambos a ferver por dentro. Enquanto elas completavam as suas voltas, nós íamos fazendo fotografias e dando apoio do lado de fora. 

Quando chegou a nossa vez já sabíamos que haveria um pódio na equipa, cuja cerimónia decorreu durante a nossa prova, e ainda ficámos às portas de mais dois pódios. Curiosamente, não achei o percurso tão difícil como tinha achado naquela volta de reconhecimento. Prova disso foi ter terminado com um ritmo próximo dos 5:00m/km sem nunca ter sentido que ia a puxar muito. Andei quase sempre par a par com outro atleta de outro escalão que só me fugiu na última volta, mas também foi aí que consegui ultrapassar alguns outros que seguiam mesmo à minha frente e que terão quebrado. Acabei feliz da vida, como se quer em qualquer prova, tenha ela 4 ou 42 quilómetros.

O próximo corta-mato do troféu tem 5,5kms e dependendo do percurso poderá ser mais puxado que estes dois. Em princípio estarei presente na ressaca de um treino longo no dia anterior. Tenho que ver o que o plano me permite fazer, já que não me posso esquecer - como se os recentes eventos me permitissem fazer isso - que tenho a Maratona de Madrid para fazer daqui a dois meses.



Prova nº 103 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Corta-Mato de Santo António dos Cavaleiros - 4km - 00:20:10

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O fim (?) do Fim da Europa

Há qualquer coisa nesta prova e no ar da serra de Sintra que me fez passar de um discurso de "ah e tal, vou lá uma vez só para marcar com um visto a prova do calendário" para "já cá vim 3 vezes seguidas e já estou ansioso pelo próximo ano!"

Escrevi isto no ano passado.
O ar da Serra de Sintra continua lá. Sinto que já conheço todos os pedaços de asfalto e de terra batida que fazem parte da prova. A subida inicial e a mítica aos 10kms já não me assustam. A chegada à Azóia e ver o Cabo da Roca e o mar lá ao fundo continuam a ser dos melhores momentos da prova. São momentos que vou guardar para sempre. Hei-de voltar ao Fim da Europa, mas não será para o ano. Nada contra a prova, atenção, apenas sinto que se fechou um ciclo de participação.

Inscrevi-me porque, mais uma vez, havia gente que lá queria ia pela primeira vez. Mesmo que depois cada um faça a sua prova, não resisti a estar presente e a apadrinhar as estreias. Fico contente por uma delas ter dito precisamente que só queria fazer a prova uma vez, mas no final já afirmou querer voltar em 2020.

Éramos muitos (tendo em conta que já passou um mês já não sei de cor quantos... uns 12 ou 13) elementos da equipa a participar e aproveitei o facto de ter uma amiga que mora próximo de Sintra para lhe pedir para nos levantar os dorsais. Correu mal. Não por ela, que fez tudo certinho, mas pela organização... e por minha culpa também. Ninguém percebia bem qual era o comprovativo de inscrição que era preciso levar. A organização também não esclarecia e só respondia que era o comprovativo ou o cartão de cidadão. O resultado foi que os comprovativos só começaram a chegar por e-mail - e em triplicado ou mais - na 6a feira ao fim da tarde. No meio de tanto rigor até nos deixaram levantar o kit de participação de uma colega que não iria participar na prova e que não me enviou nada para eu levantar o kit dela.

A cereja no topo do bolo foi no sábado ao fim da tarde quando um dos meus colegas preferiu vir cá a casa buscar o dorsal dele em vez de só o receber no dia da prova. Fui ao saco com os kits, tirei o dele e aproveitei para tirar o meu para ir preparando as minhas coisas também. E encontro o dorsal de uma pessoa que não sou eu, nem é nenhum dos meus colegas de equipa. Ao preparar o ficheiro com os nomes, números de dorsal, tamanho de t-shirt e etc para ela levantar cometi a proeza de trocar uns dígitos no meu dorsal. Quando ela foi levantar tudo, nem olharam para os documentos nem para os nomes. Viram o número de dorsais que ela tinha na lista e deram-lhe tudo. Liguei, em pânico, para o local onde estava a ser feita a entrega que ainda estava em funcionamento e disseram-me que teriam o meu dorsal - e todos os que não fossem levantados - num stand de secretariado junto à partida no domingo. Menos mal. No meio disto tudo prefiro ter-me enganado no meu próprio dorsal do que num dos restantes colegas e... a minha preocupação era com o atleta cujo dorsal eu tinha na mão e que, sem culpa, poderia não ter levantado o seu kit de participação. Chateia-me saber que basta uma pessoa chegar com uma lista feita manualmente com números de dorsais e poder levar todos sem stress sem que haja um controlo por parte de quem entrega. Eu sei que o erro no número foi meu, mas quem está do outro lado a entregar tem que detectar que algo está errado. E falo com conhecimento de causa porque eu já estive - e estarei novamente este ano - do outro lado a entregar dorsais.

Posto isto, passei quase todo o tempo em Sintra antes da partida junto do secretariado, também para resolver um erro numa das atletas femininas que aparecia num escalão masculino. O convívio pré-prova com o pessoal foi bastante curto, infelizmente. Resolveu-se tudo, pelo menos isso!

Já é hora da partida e já estava cansado. Lá fomos, ainda a tempo de umas fotos finais que é isso que fica para a história. Ao fim do primeiro quilómetro olhei pela primeira e única vez para o relógio ao longo de todo o percurso. Parei-o na meta, mas só olhei para ele novamente já na tenda da chegada enquanto me aquecia com um chá.

Ia ouvindo o constante bater dos ténis no chão e o arfar dos atletas ao longo dos primeiros quilómetros a serpentear serra acima. Uns mais audazes arriscavam mesmo trocar umas curtas palavras, sinal que iam a subir de forma mais tranquila. Tentei acompanhar os mais rápidos da equipa, mas sempre com um olho em quem vinha mais atrás. Acabei por ficar a meio, sem stress.

Agora seria a parte em que eu faria umas descrições da serra. Ela é linda e mágica, não há dúvida disso, mas sinto que não tenho nada para dizer que não tenha já dito nos anos anteriores. Dei por mim a olhar com bastante atenção para os restantes atletas, mais do que para a paisagem que me rodeava. Algumas caras e camisolas familiares, um constante rol de ultrapassagens entre todos ajudava a perceber quem estava mais confortável a subir e quem arriscava mais a descer. Eu, tal como a Suiça na Segunda Guerra Mundial, estava numa posição neutra. Soltava-me nas descidas, de facto, que em asfalto não me custa nada. Até o local onde os primeiros classificados das 10:15 me passaram foi o mesmo de sempre. Ao longe já tinha visto um colega de equipa, meu homónimo, e percebi que me estava a aproximar até que o ultrapassei desejando-lhe boa prova para o resto do percurso. E cada vez que passava alguém focava-me no atleta seguinte, que às vezes até era um que me tinha acabado de passar mas que tinha quebrado novamente.

Como habitual, havia pequenos grupos a treinar em Sintra e que iam apoiando de fora à nossa passagem. Numa dessas ocasiões ia sendo atropelado por uma bicicleta que vinha em contra-mão, junto ao início da tal mítica subida dos 10km que fiz sempre sem parar. Aliás, foi esse um dos meus objectivos, nunca parar! Consegui, inclusive na aproximação à meta que tem ali uma última subida enganadora.

Lembro-me bem de ter chegado lá acima e ter gritado que "Agora é sempre a desceeeeeeeeeeer!!!" True story! Acelerei por ali abaixo porque não me estava a sentir nada cansado. Percebi que isto de ir em modo neutro era bom para as pernas, mas que se notava no tempo final. Lembrei-me também que descer tanto também cansa portanto não me ia rebentar todo no primeiro quilómetro da descida. Tentei ir acompanhando alguns outros atletas, sobretudo aqueles que passavam por mim mais ao menos ao meu ritmo. A certa altura passou-me uma rapariga do Correr Lisboa que ficou ali à minha frente. Já tenho pacer até ao fim, pensei eu, meio hipnotizado pelo cabelo dela, apanhado num rabo de cavalo que oscilava para a direita e para a esquerda consoante o passo. Estava a impor um ritmo interessante e lá fui eu durante um bom bocado até ter perdido essa luta. Claramente que não posso competir contra atletas do escalão "menos de 25 anos e menos de 50 quilos". Aquela pequenita voou de uma forma imparável durante o resto e eu lá fiquei lado a lado com cotas da minha idade.

"Mete-te com alguém do teu tamanho" terá dito o meu cérebro quando despertou da hipnose. Ok, ok!

E lá fui. Entrada na Azóia para a parte da prova que mais gosto. Muita gente nas casinhas à beira da estrada. Alguns atletas que já terminaram a fazer o percurso de regresso até aos carros. O mar como cenário de fundo. O sentimento de dever cumprido porque ali o trabalho mais difícil está feito e é só desfrutar do final da prova. Muito vento, obviamente, mas isso faz parte.

Meta à vista, um colega de equipa à espera e outros dois que chegaram pouco atrás de mim. Vamos até à tenda aquecer e trocar de roupa enquanto aguardamos pelo resto da malta. Faz-se a festa, sobe-se ao pódio para uma foto de grupo da praxe e fazemos o caminho de regresso no autocarro. Um caminho que me pareceu interminável e mais longo que o habitual. A prova não me cansou, mas este ano a logística antes e depois deixou-me exausto.

Para o ano não volto, faço uma pausa sabática desta prova. Até sempre, Sintra! 

 


 
Prova nº 102 - Corrida Fim da Europa 2019 - 17km - 01:37:33

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Corta-mato - ou Crossrun para parecer mais fino

Nota prévia: um mês e qualquer coisa é provavelmente o maior hiato de tempo que estive sem escrever aqui no blog. Coisas da vida, no fundo. Não gosto de estar tanto tempo ausente, mas também não gosto de tanta coisa que acontece. Enfim. The show must go on!


Esta época tem sido deplorável em termos de participação no Troféu das Localidades de Sintra, Cascais e Oeiras. Ou não tenho estado em condições de ir ou há outra prova no mesmo dia ou acontece "a vida" e não dá para marcar presença. Por outro lado, uma colega lançou o desafio de irmos ao Troféu das Colectividades do Concelho de Loures e, de repente, já éramos uns 25 inscritos. Talvez até já sejamos mais nesta altura. Nada mau!

A primeira prova foi este Crossrun Santa Iria da Azóia, uma prova de corta-mato onde nos lançámos de corpo e alma para dar o nosso melhor! E no corpo levámos com uma chuvada em cima, bem ao estilo de "prova molhada, prova abençoada"!

Conseguimos ter atletas na maioria dos escalões, incluindo os mais pequenos. Embora nem todos tenham participado nesta primeira prova, estarão presentes nas seguintes dentro das possibilidades. A participação da primeira mini-atleta até foi... tímida. Ela tem potencial, portanto esperemos que amadureça as ideias, sem nunca esquecer o fundamental que é divertir-se!

Enquanto a vimos correr iam chegando mais colegas, alguns mais prevenidos e munidos de chapéus de chuva que muito ajudaram. Eu mantinha-me com uma série de camadas de roupa para me proteger do frio e à medida que a chova piorava a vontade de dar meia volta e regressar a casa também aumentava. Ainda bem que tinha ido de boleia!

Vieram os escalões femininos e alguns bons resultados na classificação final, mas mais do que isso recebemos também algumas indicações importantes em relação ao percurso. E eu não sabia que duas voltas a um percurso de 2kms podia ter tanta coisa para dizer: "atenção naquela curva porque há imensa lama; lá ao fundo sente-se imenso o vento; naquela zona ainda levam com os ramos das árvores na cabeça; esta subida aqui é tramada"; etc... E no meio disto o sol também aparecia, de forma tímida, até que lá se decidiu a ficar a assistir à prova masculina.

Lá fui para a zona da partida completamente tranquilo. Fora da minha zona de conforto, mas também eram só 4kms. Dada a partida fiquei naturalmente para trás. A minha única ambição era mesmo não ser o último! E mesmo que fosse, paciência. Rapidamente perdi o contacto com os primeiros... e com os segundos... e... fiquei na cauda do grupo, sempre a controlar que tinha pelo menos mais dois ou três atletas atrás de mim. A partir deste momento fui nas calmas, sobretudo nas zonas com mais lama. Se, por um lado, o relógio ainda marcou ritmos de 4:00/km na parte mais rápida do percurso, por outro lado houve zonas em que andei a saltitar delicadamente por cima da lama.

Do lado de fora vinham muitas palavras de apoio, bem como outras que me confirmavam que isto não é mesmo a minha praia. Quando terminei estava visivelmente cansado, mas feliz da vida. Aquele pequeno carrossel de sobe e desce constante deu cabo de mim, mas também deixou exaustos os meus colegas, incluindo os mais habituados a fazer trails. Da minha parte, isto do corta-mato foi engraçado. Não é alcatrão, mas dá para correr depressa de forma constante; teve lama mas não é um trail com descidas loucas que me deixam arrepiado até à ponta dos cabelos dos pés!

Foi assim que saí da minha tal zona de conforto e gostei. Depois da tempestade veio a bonança que nos trouxe dois pódios individuais e uma boa classificação de equipa. Infelizmente já tive que falhar as duas provas seguintes do troféu: uma por ter marcado presença na Corrida Fim da Europa (o relato dessa prova já está escrito na minha cabeça, só falta passar para o papel) e a outra por doença. Seja como for, aquele início do ano marcado por problemas de asma parece estar ultrapassado!


Prova nº 101 - Troféu Corrida das Colectividades do Concelho de Loures - Crossrun Santa Iria da Azóia - 4km - 00:22:03

sábado, 5 de janeiro de 2019

Cem Silvestre de Lisboa

A minha centésima prova! E um trocadilho à maneira para celebrar, que tal?

Vocês sabem lá o que isto custou! As 100 provas? Não, conseguir que a centésima fosse a São Silvestre só para poder fazer este trocadilho! Foram meses de treino, caramba!

Não é habitual demorar tanto tempo para escrever o relato de uma prova. Aliás, se não fosse a minha actual debilidade respiratória que mencionei no post anterior, teria hoje feito em Marvila a prova 101. Fica para a semana, espero eu.

A São Silvestre de Lisboa tem sido nos últimos anos uma prova obrigatória, mas sempre para o convívio. Desta vez não foi diferente. Éramos 26 no total e, fruto disso, enquanto responsável pela equipa, fui contactado pela HMS e tivemos o privilégio de receber os nossos kits mais de uma semana antes de serem distribuídos aos atletas em geral. Quando fizemos o treino de Natal da equipa no dia 22 de Dezembro deu para entregar quase todos os kits ao pessoal. A única recomendação era não partilharmos fotos da camisola nas redes sociais antes do dia 27. Fica aqui um agradecimento à organização pela atitude pro-activa e por este gesto para as equipas mais representativas na prova.

O ponto de encontro antes da prova foi na Fábrica dos Pastéis de Nata. E no final também, para manter a tradição iniciada no ano passado. Foi por lá que começou a festa que durou bem mais que os 10km da prova. Fotos e fotos antes de rumarmos até aos respectivos blocos de partida e, antes disso, fiz um pequeno discurso de agradecimento a todos os que estavam ali e que contribuíram para eu chegar às 100. Muitos mais deveriam estar ali, muitos mais estiveram comigo neste percurso que começou de forma oficial a 7 de Junho de 2012 na Corrida de Santo António, mas que só se desenvolveu a sério a partir de 2015. Fica a curiosidade de ter completado esta marca praticamente no mesmo sítio onde comecei.

Em termos de prova, num mundo ideal seria o palco para eu fazer um brilharete do caraças e bater o meu record pessoal. Sabia que isso era irreal, mas ia tentar começar forte nos primeiros quilómetros e ver o que aquilo dava. Deu para três e percebi logo que até ia ser difícil honrar o dorsal sub-50 que tinha. Reparei agora que já não fazia provas de 10km desde Agosto, em Tagarro, e até essa já foi na reentrada pós-verão numa altura em que o foco já estava todo na Maratona.

Comecei bem, sim, mas sempre acima dos 4:45 que era o ritmo sonhado até chegar ao Terreiro do Paço para depois ter folga na subida. Ao fazer o retorno tirei da cabeça quaisquer ambições fantásticas e fui a curtir a prova e a ver quem tinha em redor. Algumas caras conhecidas, obviamente! (Aliás, antes e depois da prova eu tive bastante dificuldade em andar sem me cruzar com amigos. Gosto tanto quando assim é!)

Fui sempre próximo do mesmo grupo de atletas e reduzi o ritmo. A certa altura fui em conversa com algum pessoal e vejo, de forma inesperada, o Duarte que foi um dos meus companheiros de pódio em Novembro nos 5km da Luzia Dias. Percebi que ele estava a fazer a prova em ritmo de treino porque o objectivo dele era a São Silvestre da Amadora. Fomos na conversa largos quilómetros e foi bom para ir tranquilo, sobretudo ao passar o empedrado após o Cais do Sodré. 


Nessa zona - e pelo Rossio acima até à Avenida da Liberdade - muitos eram os espectadores do lado de fora da estrada a ver os atletas a passar. Como habitual pedi palmas e barulho. Uns quantos "Toca a bater palmas, Lisboa!" e outros gritos semelhantes foram retribuídos com alguns "Animo, venga!". Foi um bom treino para Madrid, claramente! Salvam-se as crianças, sempre prontas a esticar a mão a quem passa!

A ideia ali era subir sempre abaixo de 6:00, objectivo que foi cumprido quase na íntegra. O Duarte ainda estava por ali, agora na companhia de um colega de equipa. Ele estava a guardar-se para o quilómetro final. Eu também estava à espera desse momento para me soltar e tentar recuperar alguns segundos perdidos. Comecei a descer a todo o gás por ali abaixo, mas nunca consegui manter um ritmo elevado. Também já tinha olhado para o relógio e sabia que o tempo ia ficar longe dos 50 minutos, portanto a única ambição que me restava era fazer o meu melhor tempo na prova, algo que consegui por larga margem. Valha a verdade, sempre tive marcas muito dispares na São Silvestre. No ano passado, por exemplo, fui a acompanhar uma colega a ritmo de 6:00 até ao Marquês e depois deixei-a sozinha no último quilómetro e voltei para trás.

O sprint final permitiu-me, pelo menos, fazer abaixo do minuto 52 e fiquei tranquilo com esse tempo. Na meta tinha alguns colegas à espera, o que permitiu logo fazer uma série de fotos, até porque naquele momento foram chegando outros que vinham no meu encalce. Depois fomos para lados diferentes. Um dos meus colegas teve, infelizmente, que ir embora; outros foram até aos carros e novamente até ao ponto de encontro no final e eu... voltei para trás. Fui praticamente até ao Terreiro do Paço ter com um trio de colegas que estava a fazer a prova a "corrinhar".

Ficaram surpreendidas por me verem ali, uma delas até me perguntou onde é que eu tinha arranjado a maça que levava na mão porque não tinha percebido que eu já tinha acabado. Só acreditou mesmo quando lhe mostrei a medalha! Fomos em amena cavaqueira até ao final, com umas pausas para fotos pelo caminho. Nesta brincadeira, acabei por fazer mais 4,5km depois de terminar. E foram fantásticos! Lembrei-me imensas vezes da minha chegada à meta em 2017, em óptima companhia. Queria muito ter repetido esse momento em 2018, mas ficará para uma próxima oportunidade!




No final, ainda fomos a tempo de chegar aos pastéis de nata, embora outro grupo de amigos me tenha tentado desviar para a ginjinha. Para o ano vou a ambos os lados, pronto!

Ficou assim acabado mais um ano de corridas. Com a centésima no bolso! Estou muito orgulhoso e em breve farei um ligeiro resumo do que foram estas cem corridas. Em relação à São Silvestre de Lisboa, fica aqui o meu histórico de participação na prova.



Prova nº 100 - São Silvestre de Lisboa - 10km - 00:51:54