sábado, 31 de dezembro de 2016

Música do ano - 2016

Podia muito ser esta.
Podia ser esta.
Podia tanto, mas tanto ser esta.

Não, a música que mais me marcou este ano é:

 

"Desavindos"
Deolinda feat.Manel Cruz (Ornatos Violeta)

Quase nem reparo em ti
Ocupada como eu ando
Com as minhas coisas
Que vou adiando

E eu mal reparo em mim
Dou-me por certo e logo vejo
E se é mesmo o que quero
Eu vou adiando

Já ninguém espera por nós
Adiámos o que é urgente
E o nosso futuro
Já não está presente

Vamos tentar outra vez
Dar a mão à palmatória
E contar aos nossos filhos
Uma outra história

E contar aos nossos filhos
Uma outra história

Momentos do ano - 2016

Vou resumir este ano em dois momentos fantásticos:

- a vitória de Portugal no Euro 2016
- a minha vitória na Maratona do Porto

Podia falar de muitos outros, quer pessoais quer desportivos, mas fiquemos com estes. De Lisboa ao Porto, de Campo de Ourique à Praia da Vieira, 2016 deu-me imensos motivos para festejar! E são esses os momentos que vale a pena recordar!

Praia da Vieira: a refrescar a garganta, depois de garantir o apuramento para a final do Euro!


Lisboa: A caminho do Marquês depois vitória na final do Euro!
Porto: metros finais da Maratona. Agarrado ao símbolo da equipa como forma de agradecimento por todo o apoio!



Podia incluir também o próprio vídeo da chegada no Porto e falta aqui outra fotografia logo após ter cruzado a meta que ainda não me foi enviada.

Que o meu e o vosso 2017 tenha muitos motivos para celebrar!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Resumo da matéria dada

Estive a fazer balanços. De 2016 no geral, dos treinos e corridas de 2016, dos treinos e corridas de 2015 e de tudo o que aconteceu antes desde a minha primeira prova no dia 7 de Junho de 2012.


2012-2014:

O início. As caminhadas frequentes do trabalho até ao comboio. As primeiras provas. Fazer 10km em 1:13 na primeira prova e fazer 1:18 nas restantes três! A formação do grupo. Os primeiros treinos regulares. A primeira tentativa a sério de baixar da hora aos 10km. A primeira Meia Maratona.

2015:

A continuidade. O início do hábito de treinar duas vezes por semana. A participação frequente em provas. O começar a reconhecer algumas caras no pelotão nacional. Diz o Strava que corri 76 vezes durante 81 horas e 40 minutos tendo percorrido 784.7 quilómetros - caminhadas não incluídas. Diz o meu ficheiro de Excel que participei em 17 provas e gastei 130€ em inscrições. Dá uma média de 7,65€ por prova visto que participei em algumas gratuitas ou com dorsal oferecido. Os resultados foram promissores. As 7 corridas de 10km foram todas abaixo da hora e já me desafiavam a baixar dos 50 minutos. As provas de 15kms foram todas abaixo dos 6:00/km e fui sempre melhorando os tempos nas Meias Maratonas. A última de 2015 ainda marca o meu record na distância com 1:57:47 - média de 5:34/km. Inscrevo-me numa Maratona.

2016:

A confirmação. Dois e às vezes três treinos por semana. O convívio cada vez mais frequente com outros colegas de aventuras. A confusão, os desacatos, as separações temporárias e definitivas, as dúvidas e as incertezas. A Maratona. Diz o Strava que corri 88 vezes durante 100 horas e 45 minutos tendo percorrido 982.8 quilómetros - caminhadas não incluídas. Não vou passar por pouco a barreira dos 1000kms e tenho quase a certeza que não volto a correr este ano. Fica como meta para 2017. Diz o meu ficheiro de Excel que participei em 25 provas e gastei 203,45€ em inscrições. Dá uma média de 8,14€ por prova visto que participei em algumas gratuitas ou com dorsal oferecido. E os resultados? A cada prova de 10km que fazia retirava um minuto ao meu record pessoal. Comecei o ano com 54:50 e fui baixando: 53:06 (Janeiro), 52:36 (Abril), 51:02 (Abril), 50:14 (Maio) e finalmente 49:22 em Junho! E ainda acabei com chave de ouro com 48:16 em Dezembro. Perfeito!
Nas provas de 15km, andei sempre com médias de 5:30/km mas no fatídico mês de Maio consigo terminar uma prova com 1:18:27 (média de 5:18/km) que foi exactamente o mesmo tempo que fiz numa prova de 10km em 2014. Nas Meias Maratonas fica uma sensação agridoce de ter tido uma desistência (em Maio, pois claro) e de ter atinado com a distância quando comecei a preparar a Maratona, mas sem nunca ter voltado a baixar das duas horas como pretendia. E a Maratona, pois claro! 42,195kms mágicos que hei-de repetir no mesmo palco em 2017!
E o blog, que começou a ser planeado... em Maio. Ganhou vida e vai sendo um bom companheiro de desabafos.

2017:

Como será? Não sei. Cá estarei para contar, suponho. Diz o meu ficheiro de Excel que já tenho um calendário bastante bem preenchido durante o ano com 26 provas em que já estou inscrito ou estou em vias de me inscrever. Felizmente muitas são do Troféu das Localidades, portanto são a custo zero. Este fim de ano tem sido um corropio de confirmação de datas de provas e de inscrições: Lezírias, Sinos, Alverca, Santarém, o passaporte das Running Wonders, a Maratona do Porto. Entro em 2017 com 90% do calendário definido e com as inscrições quase todas pagas!

Haja sáude e pernas para correr e amigos e família com quem partilhar as conquistas!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Uma corrida por mês...*

2017 promete ser quase tirado a papel químico de 2016.
Fora um ou outro ajuste no calendário, a verdade é que ao longo dos anos já tenho uma série de corridas nas quais gosto de participar e desde que possa lá estarei. Curiosamente consigo estar a marcar uma corrida de referência por mês - e nem estou a contar com as provas do troféu das localidades.

Já tinha uma em Janeiro, já tinha outra em Fevereiro. Entretanto inscrevi-me aqui e soube há pouco que no inicio do ano abrem as inscrições para aqui:
 

Para Maio há Douro Vinhateiro e já há rumores data da "nossa" corrida. Em Junho temos as Fogueiras e rapidamente chego a meio do ano com uma corrida importante no calendário por mês, mas para a segunda metade do ano também já há várias datas confirmadas. E estou cada vez mais certo da decisão a tomar em relação à Maratona.

Venha de lá 2017, cheio de quilómetros nas pernas e sorrisos no rosto!


* era suposto terminar a frase com uma rima tipo provérbio popular, mas não consegui pensar em nada de jeito.

Pecinhas

Uma das razões pelas quais tenho que passar a deitar-me mais cedo é que ultimamente encontro sempre tarde e a más horas coisas que me fazem reflectir, coisas que me fazem ponderar sobre a minha existência neste planeta, coisas que me fazem vir até aqui e atirar cá para fora ideias que me vão na alma. Hoje foi este texto:


Ponto prévio: não sigam a página do Ruim - nem a de outros quantos humoristas que eu sigo - porque isto é tudo humor negro e depois se forem sensíveis ainda ficam incomodados e é uma chatice para toda a gente.
Desta vez o texto foi até bastante profundo. E tocou-me porque me parece um resumo perfeito do meu ano de 2016. Há peças indispensáveis na minha vida, há peças das quais eu não gosto propriamente mas que fazem falta para ajudar a que outras pecinhas que me são importantes funcionem melhor. E depois há as outras.

Passei metade deste ano a rodear-me de peças que eu achei serem fantásticas e que me ajudavam a funcionar melhor. Coloquei-as em zonas cruciais da engrenagem, no lugar das que lá estavam e que até nem estavam a funcionar assim tão mal como eu achava. De repente apareceu um grão de areia e avariou tudo. Percebi então que com as peças anteriores podia vir uma tempestade de areia que as coisas não avariavam. As peças novas eram defeituosas, de má qualidade e só as adquiri devido a muita publicidade enganosa. Esqueçam a garantia, foram directamente para o caixote do lixo. 
Passei a segunda metade do ano a (tentar) corrigir tudo o que tinha feito na primeira metade. A repor as peças certas nos lugares certos com todo o cuidado do mundo para garantir que ficavam novamente bem colocadas; a adicionar peças novas e - estas sim - verdadeiramente úteis. Não sinto falta das que atirei fora. Nenhuma. Às vezes ainda olho para o livro de instruções e para outras opiniões na esperança que ainda houvesse alguma maneira de serem parte da engrenagem mas não há volta a dar. Da mesma maneira, deixei de ser uma peça importante noutras engrenagens. Agora que olho para trás tenho quase a certeza que nunca fui, que apenas era um peão sem qualquer valor. Não faz mal, cada vez me custa menos olhar para trás. Ainda ontem descobri por acaso que nestes dias deixei de ser parte integrante de mais um circuito, passei a ser menos uma peça e, sinceramente, não me aquece nem me arrefece. Descobri por acaso, mas até podia ter estado um ou dois meses sem reparar nisso. É sinal que também não me fazia falta. Até sinto que foi uma prenda de Natal.

Para o futuro: se calhar um dia não me vão querer mais nas vossas engrenagens. Eu hei-de perceber isso e terei que aceitar esse desfecho com toda a naturalidade. O importante é que tudo funcione da melhor forma para toda a gente. Eu não quero ter uma máquina encravada e muito menos quero andar a encravar máquinas alheias!

Da parte que me toca, 2017 não vai ter posts destes. É assunto que morre aqui. E valha a verdade, os relatos das provas são muito mais interessantes! Por falar nisso, a próxima publicação já fala sobre corridas!

(Escrever ao mesmo tempo que dou liberdade do YouTube para me escolher a playlist é tramado. Mas acabo o texto ao som de:

I'm still breathing, I'm still breathing
I'm still breathing, I'm still breathing
I'm alive
I'm alive
I'm alive
I'm alive

E é assim que me sinto ao terminar 2016!)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Maratona número 2

Ok, falemos de coisas bem melhores!

Está na hora de tomar decisões em relação à próxima Maratona e as opções em cima da mesa são várias:


Madrid, 23 de Abril, 70€

A data não é a melhor, mas um dos meus objectivos é fazer uma prova no estrangeiro. O preço também não é convidativo (e acrescem depois os custos de deslocação e estadia) pelo que resta aguardar pelos passatempos da Comunidade EDP caso voltem a fazê-lo, No ano passado uns colegas de equipa foram através do passatempo e adoraram a experiência. Aliás, o feedback das provas em Espanha é sempre fantástico em termos de condições e de apoio do público. 

Lisboa, 15 de Outubro, 25€ (até ao final de 2016, salvo erro)

A data também não é a melhor. (Mas será que isto foi tudo combinado?)
Sinto que não faz sentido não fazer esta prova um dia. No papel o percurso é interessante, sempre na companhia do rio, mas diz quem fez (mais que uma vez até) que é um percurso chato e repetitivo. O apoio na rua é escasso, o que já é típico da maioria das provas em Lisboa portanto já não me incomoda. A promoção é simpática, mas desconfio que em termos de equipa não terá muita popularidade e isso também tem influência na decisão.

Porto, 5 de Novembro, 28€ (até ao final de 2016)

Repetir o Porto é uma forte possibilidade. O hotel até já está pré-reservado e tudo. Independentemente do número de maratonas que fizer durante o resto da vida, a primeira vai sempre ter um cantinho especial no coração. Nem sou grande conhecedor da cidade, mas depois de Novembro vou sentir-me sempre em casa ao passar nas ruas que percorri. É certo que numa prova tão longa é muito difícil fazer previsões, mas gostava de lá voltar com mais experiência acumulada para tentar fazer melhor do que na estreia. A promoção é simpática - mais 3€ que no ano passado - e aposto que na equipa esta prova será sempre mais popular do que a de Lisboa.

Valência, 19 de Novembro, 47€ (até 9 de Janeiro)

Repito quase tudo o que disse em relação a Madrid. Excelente feedback, não de membros da equipa, mas de outros amigos do mundo da corrida. O preço é mais agradável, mas a validade é curta. Depois sobe para 50€.


Para além destas também há Sevilha e Barcelona, mas ir lá em 2017 já está fora de questão portanto fica em mente para 2018.

Parece-me que o Porto está na pole position. Tenho até ao final do ano para decidir.

Madness

Quem tiver boa memória poderá lembrar-se que o meu telemóvel faleceu há uns tempos atrás. O novo já está em Lisboa, mas a agência que lhe marcou a viagem ofereceu-lhe também uma estadia potencialmente prolongada na Alfândega (isto é um pedido de socorro!) e sabe-se lá quando é que me vem parar às mãos. Entretanto ando com um antigo que andava guardado cá por casa. Tão antigo  - saiu para o mercado em Março de 2013 - que:

- não é dual-sim (a tragédia!) portanto estou incontactável num dos meus números;
- é lento quando ligo o Wi-Fi ou os dados, portanto o uso que dou à net e às redes sociais é curto e limitado (o drama!!)
- tem pouca memória RAM, portanto mesmo tendo só duas ou três aplicações essenciais, não consigo jogar Candy Crush (o horror!!!)

Vai dando para me manter em contacto com o mundo, para trocar umas palavras durante o dia com quem preciso e para ver as novidades principais. E o rádio funciona perfeitamente para me entreter nas intermináveis viagens nos transportes públicos.

Do telemóvel antigo resta um ecrã partido. Se eu lhe meter a bateria, o alarme continua activo a despertar às 6:30 de segunda a sexta. Para o desligar é só tirar a bateria completamente ensonado, mas sem problemas de consciência se ele voltar a cair no chão. Pior do que está não fica.

Contra todas as expectativas consegui fazer uma cópia de segurança de todo o conteúdo que lá tinha, sendo que o mais importante são os contactos e as fotos. Neste momento estão todas numa pasta algures no computador sendo lá para dia 30 de Fevereiro hei-de arrumar esse conteúdo em pastas com os nomes dos almoços, jantares, eventos, etc em que foram tiradas.

Por masoquismo fui rever algumas dessas fotos. Muitas nunca deveriam ter sido tiradas e já deveriam ter sido apagadas, do telemóvel, do computador, da minha cabeça. Reflectem momentos e fases recentes da minha vida onde eu estava claramente cego, confuso, louco, perdido... (a lista de adjectivos é interminável).

E tudo isto começou porque estava a olhar para o calendário de provas do próximo ano e a actualizar a minha lista ao mesmo tempo que este vídeo me passou pelos olhos. Estive neste concerto e é fascinante que não me recorde de absolutamente nada do que se passou lá. Nada de bom, pelo menos.


"Madness"
Muse


(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)

I, I can't get these memories out of my mind,
And some kind of madness has started to evolve.
(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)
And I, I tried so hard to let you go,
But some kind of madness is swallowing me whole, yeah
(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)

I have finally seen the light,
And I have finally realized
What you mean.

Ooh oh oh

And now I need to know is this real love,
Or is it just madness keeping us afloat?
(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)
And when I look back at all the crazy fights we had,
Like some kind of madness was taking control, yeah
(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)

And now I have finally seen the light,
And I have finally realized
What you need.

Mmmm...

(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)

But now I have finally seen the end (finally seen the end)
And I'm not expecting you to care (expecting you to care)
But I have finally seen the light (finally seen the light)
I have finally realized (realized)
I need your love
I need your love

Come to me
Just in a dream.
Come on and rescue me.
Yes I know, I can't be wrong,
And baby, you're too headstrong.
Our love is
(Ma-ma-ma-ma-ma-ma-ma...)
Madness 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

BASTA!

Estou cada vez mais farto do mundo em que vivemos. Ver as notícias ultimamente é do mais deprimente que existe. Hoje então atingiu um limite que me fez saltar a tampa...

Estou a escrever este texto com um monte de asneiras que hei-de limpar antes de publicar, mas atiro-as cá para fora na mesma. Sempre ajuda um pouco a passar a neura de quem está a escrever com os nervos à flor da pele e sem filtro...!

Fogo, é Natal, caramba!!! (Estas asneiras foram só substituídas por outras palavras parecidas em vez de serem removidas por completo...) E nesta altura do ano, que eu tanto adoro, as coisas se calhar têm ainda um impacto maior no meu estado de espírito.

Deixem-me então partilhar algo melhor, algo que não vi passar em nenhuma televisão - eventualmente passou no canal desportivo pago que temos por cá mas mesmo assim tenho dúvidas. Sendo eu um ávido consumidor de desporto - sobretudo de futebol, apesar da manifesta falta de tempo que tinha antes para acompanhar tudo o que se passava - foi com alguma estranheza que soube apenas por acaso que a FIFA tinha criado este ano um novo prémio anual: o FIFA Fan Award. A explicação oficial segue em baixo.

The final shortlist for the FIFA Fan Award has been revealed. The new award, recognising an outstanding fan moment or gesture from the calendar year 2016, can be awarded to any fan or fan group regardless of league level, gender or nationality.

Fui imediatamente ver os candidatos: 
- os adeptos da Islândia e a sua coreografia em conjunto com a selecção que marcou o Euro 2016;
- os adeptos do Liverpool e Borussia Dortmund que cantaram em unissono o mítico "You'll Never Walk Alone" quando se defrontaram na véspera do 27º aniversário da tragédia de Hillsborough;


e... os adeptos do Den Haag. De quem? ADO Den Haag, clube centenário e modesto do futebol holandês.

No dia 11 de Setembro na deslocação a Roterdão, ao terreno do Feyenord, os adeptos do Den Haag atiraram objectos para a bancada adversária. Tochas? Moedas? Bolas de golf? Não, nada disso, obviamente!




Os adeptos do Den Haag bombardearam a bancada por baixo deles com todo o tipo de peluches. Quem se encontrava nessa bancada inferior eram crianças pacientes do Hospital Pediátrico de Roterdão que tinham sido convidados a assistir ao jogo, juntamente com o respectivo staff médico. Nota: houve inclusive o cuidado de escolherem peluches sem peças - olhos e botões de material duro -  que pudessem potencialmente magoar ao serem atirados.

Agora façam como eu diz quando ouvi falar disto: peguem num pacote de lenços de papel e vão pesquisar mais informação, mais fotos e mais vídeos sobre esta história para poderem restaurar alguma fé na Humanidade. Fiquei maravilhado. Isto foi dos gestos mais emblemáticos e mais simples que eu já vi num estádio de futebol. E é assim que a vida pode e deve ser: simples, porra!

(Podem votar aqui, já agora...)

domingo, 18 de dezembro de 2016

Hey Barcarena!

"Dale a tu cuerpo alegria Barcarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegria cosa buena
Dale a tu cuerpo alegria, Barcarena
Hey Barcarena!"

Quando os Los del Rio lançaram o êxito Macarena, eu morava em Massamá e a estação de comboios o apeadeiro que servia a localidade era o de Barcarena. Não demorou muito até alterarmos a letra da música e cantarmos à nossa maneira. Era a altura também em que eu esperava lá muitas 6as feiras à tarde pelos meus avós e perguntava sempre aos meus pais afinal de que lado é que vinha o comboio deles. Entretanto surgiu a estação de Queluz-Massamá que era um luxo e anos depois - já eu tinha mudado de ares - a de Barcarena foi finalmente remodelada e renomeada para também incluir o nome de Massamá, porque a linha de comboio separa ambas as localidades.

De Barcarena não conhecia muito mais - só mesmo a Fábrica da Pólvora por fora por onde passava nas viagens a caminho do Oeiras Parque para ir beber café à noite. Até hoje.

Fui novamente com uns amigos de outra equipa. Da nossa éramos só dois, sobretudo por ter havido uma prova nocturna ontem aqui ao lado e porque hoje havia um trail de Natal bastante famoso aqui nas redondezas. Muita animação e boa disposição. É o habitual com esta malta e isso também é uma das razões para eu ter adicionado o Troféu das Localidades ao meu calendário. 

O dia acordou frio. Com um sol a brilhar simpático no céu, mas muito frio. Ontem ainda fiz planos para ver como ia tentar atacar a prova. Já tinha visto a altimetria - porque neste troféu é sempre de desconfiar - e achava que até dava para fazer uma gracinha.



O gráfico final foi este. Aquela subida aos 2km tinha quase um quilómetro de distância e uma inclinação média de 10%. É claro que a descida também era longa e ajudava a compensar, mas ver imensa a gente - eu incluído - a caminhar pouco depois de começar era chato. E não se deixem enganar com o resto do percurso aparentemente mais plano porque aquelas inclinações são belas rampas curtas, mas duras. Querem uma prova plana e calma? Não venham a este troféu. Mas, sejamos sinceros, é isto que dá estaleca. Falávamos entre nós que são treinos excelentes para provas de 10km porque depois de um carrossel destes as provas planas são uma maravilha.

Tinha ficado meio apalavrado/prometido que ia fazer a prova feminina antes da minha, mas devido a um desencontro no meio de tanta gente durante as provas dos atletas mais pequenos tal não foi possível. Foi pena, mas fica para a próxima. Algum do nosso pessoal que foi comigo fez mesmo a prova a acompanhar as caras-metades, enquanto que eu e o meu colega acabámos por partir na cauda do grupo e fazer um aquecimento de cerca de 1,6kms e isso ajudou a perceber que estaríamos perante esse tal sobe e desce. Pouco depois partíamos para a nossa prova.

Por acaso do destino partimos mesmo na frente - algo que eu até nem gosto - e sobrevivemos aos empurrões iniciais de quem faz estas provas para ganhar preciosos pontos para as suas equipas. Atrás de mim nos primeiros metros um atleta corria e gritava "Cuidado com os pés, cuidado com os pés!".
A certa altura sou eu que grito que há garrafas de água no fim e que eu quero ir buscá-las antes de toda a gente. Embalado por estar com a malta rápida comecei também rápido mas percebi que tinha que tentar gerir melhor o esforço porque a cada curva apareciam rampas novas. Compensava sempre nas descidas. Ao contrário do trail, desço bem em estrada.

Chegamos então à malvada subida da estrada militar. A malta que fez a prova no ano passado já tinha avisado que era dura e cumpriu o que prometeu. Compensei novamente a descer. Chegado cá abaixo era "só" fazer a ponta final que coincidia na maioria com o percurso que tínhamos feito durante o aquecimento, portanto já não havia grandes surpresas. E foi assim, a receber muito apoio dos elementos femininos que foram no grupo e de outras caras conhecidas que estavam a assistir por já terem terminado a sua prova, que cheguei também eu ao fim. A prova prometia 7,170km mas o relógio marcou 6,8km, também fruto do facto de ter sido parado - para efeitos de classificação final - a uns bons metros da meta. Já estive a ver outras pessoas no Strava e todas que vi têm 6,8 ou 6,9km.

Foi a segunda prova deste troféu que fiz e prometo voltar sempre que possível. Na prova anterior fui 35º do meu escalão (sim, em 35 participantes) e hoje já fui 52º em 66 participantes. Acabei com uma média de 5:20/km e estou satisfeito com a minha prestação.

Em princípio fechei hoje o ano em termos de provas. Foram 25 - serão 26 se porventura ainda fizer a São Silvestre de Lisboa, mas se isso acontecer será apenas em ritmo de passeio. Antes de 2016 tinha participado em 27 provas, portanto este ano quase que dupliquei o meu currículo neste aspecto. Farei certamente um balanço lá para o final do ano.

E agora é descansar. E treinar! O meu último treino com o grupo fez ontem um mês! Que vergonha... Ainda por cima tenho um par de ténis novos para estrear! Dois, se contarmos com o par que está embrulhado ao pé da árvore de Natal e que eu tenho que me esquecer que lá está. Ainda não partilhei aqui a minha ida ao Outlet da Adidas do Freeport.

Prova nº 52 - Troféu das Localidades (Sintra, Oeiras e Cascais) - Grande Prémio de Atletismo de Barcarena - 6,8km - 36:55

sábado, 17 de dezembro de 2016

Bons dias e bom fim de semana!





"Bons Dias"
Deolinda
 
Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também

Esse bom dia que dás é outro dia que nasce
É acordar mais bonita
Trabalhar com vontade
É estar no dia com pica
É passar com a vida e desejar-te um bom dia também
Um bom dia para ti
Não que apenas passa não que pesa e castiga
Não que esqueças mais tarde
Mas o dia em que me digas
Ao ouvido baixinho ai tu fizeste o meu dia também tão bom também

Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém

Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também

Um bom dia para ti
E para o estranho que passa
Para aquele que se esquiva
Para quem se embaraça e se cala na vida
Mesmo que não o diga
Ai tu fizeste o meu dia também tão bom também

Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

GP de Natal 2016

Em primeiro lugar, GP significa Grande Prémio, mas no caso de hoje significa Grande Prenda.

Depois da última semana mais conturbada, um resumo das minhas conversas recentes com várias pessoas amigas diz que:

- tenho vários objectivos para os próximos tempos, mas ainda não me decidi em qual focar. Isso prejudica-me a concentração porque estou a fazer uma coisa e a pensar noutra.
- tenho andado num círculo vicioso em que sinto falta dos treinos para repor as energias, mas quando é dia de treinar não tenho energia para o fazer.

Tinha prometido a mim mesmo fazer um treino este fim de semana. Foi-me sugerido convocar o pessoal para um treino no sábado ao fim da tarde, mas como tinha vários planos disse logo que não me ia comprometer. E neste altura precisava de correr sozinho. Confirmou-se que sábado não me despachei em horário útil, portanto meti na cabeça que ia treinar domingo. Era dia de almoçarada mas era só às 14h, portanto dava tempo para acordar cedo, fazer uns 10kms e estar despachado a meio da manhã para o pequeno-almoço tardio que tinha sido adiado na 5a feira e que ficou prometido para hoje. (Desculpa, eu compenso depois. Mas a ideia originalmente foi minha e na 5a feira foste tu que adiaste...)

Sábado à noite - por alguma razão sórdida a minha cabeça começou agora a cantar Whigfield - recebo uma mensagem: "Tu amanhã vais ao GP de Natal?" Vindo de quem vinha, fiz o filme todo na minha cabeça. Respondi que não tinha dorsal. Reparem que eu não disse que não ia... E meia hora depois tinha um dorsal na mão. O dorsal do LS, só para ser mais simbólico e acrescentar mais um grau de responsabilidade à coisa. Estudei o percurso rapidamente, confirmei a altimetria (os dois últimos kms a descer do Saldanha até aos Restauradores e nada de muito relevante nos outros oito) e organizei a roupa. Vamos lá a isso.

Não sei se já repararam que eu sou um bocado supersticioso. Ou tenho manias, como preferirem. A camisola da equipa é preta e nos dias mais frios levo outra preta de manga comprida por baixo. Desta vez quando estava de roda do material peguei numa camisola de manga comprida... branca. A da Meia Maratona dos Descobrimentos da semana passada. Macacos me mordam, vens comigo e hás-de ficar mais encharcada do que eu fiquei no domingo! Vais pagar a factura daquele resultado menos bom! E ainda te digo mais, fica muito porreiro o contraste entre as mangas compridas brancas e a camisola preta!

O colega que me desafiou a ir está a recuperar de lesão e se eu não tivesse ido ele também tinha acabado por ficar em casa. Felizmente fomos. Ele não sabia a que ritmo iria fazer a prova, chegámos a pensar em ir juntos para eu o ir sempre a acompanhar. Depois disse-lhe que ia ver como me sentia nos primeiros kms e se não aguentasse o ritmo que queria impor que esperava por ele. Por fim combinámos que na pior das hipóteses nos encontrávamos depois da meta. E assim foi, mais ou menos. A história do pós-meta dava assunto para um post inteiro.

Hora de começar com alguns atropelos. Não por causa do percurso que era bastante largo, mas por causa do volume de atletas na partida - eram 7500 inscrições que estavam esgotadas mas "apenas" houve 4683 classificados. (E eu que dizia que tinha que fazer um treino sozinho para limpar a cabeça, hein?) Bom, por causa disso os primeiros quilómetros foram num ziguezague constante, para além de termos apanhado uma ligeira subida em direcção do Largo da Luz. Foram os únicos que corri acima de 5:00/km. A partir daqui estava convencido que podia ter um bom dia, até porque tinha a vantagem de estar a correr em estradas que conheço perfeitamente. Benfica, Largo da Luz, Telheiras, o eixo Campo Grande-Saldanha e daí em diante até ao Marquês e Restauradores. É uma Lisboa de que eu gosto e onde cada cantinho me diz algo muito pessoal.

Decidi dividir a prova em três partes. A primeira era desde a partida - jura? - até passar Telheiras e dar a volta ao estádio para o Campo Grande. (Fait divers: até me ri com a malta a cantar o "Só eu sei porque não fico em casa")
Depois do arranque, comecei a puxar por mim para os 4:40/km sempre na esperança de conseguir fazer 4:30/km e estava a sentir-me bem, sem receio de quebrar, e entrei confiante na segunda fase que seria toda a zona entre o Campo Grande e o Saldanha onde o objectivo era manter o ritmo abaixo dos 5:00/km ou próximo disso. A passagem a meio da prova com 24:20 era um bom presságio.

A "surpresa" veio depois com a passagem pelos três túneis da Avenida da República. Então não é que eu tinha metido na cabeça que íamos passar sempre por cima? Até deu para tolices destas! Não faz mal, um gajo embala nas descidas e não quebra nas subidas mesmo quando via a ouvir malta ao lado a dizer que "esta subida é a pior delas" ou "agora vai custar mais a subir". Isso é que é motivação, pessoal! E eu que não levei playlist, por opção e por ainda não ter afinado uma coisa para os 10km.

Com o Saldanha à vista tudo batia certo. Estava dentro do ritmo, ia entrar na parte final que era sempre a descer e estava a receita para o sucesso. Passou-me só pela cabeça que tinha que fazer menos de 49 minutos, porque o meu record é era 49 e qualquer-coisa segundos e eu não me lembrava do qualquer-coisa. Não me podia dar ao luxo de fazer 49 minutos hoje e depois ficar na dúvida se tinha dado para record. As coisas parvas em que uma pessoa pensa quando tudo corre bem... 

 

Apesar do piso estar em mau estado na Fontes Pereira de Melo, a descida fez-se dentro do esperado e depois do Marquês foi quase um sprint constante já com os olhos postos na meta. Dorsal do LS ao peito, camisola da Meia dos Descobrimentos a sofrer no tecido aquilo que eu tinha sofrido na pele. Um pórtico, outro pórtico, mais um pórtico, afinal qual é mesmo a meta, ah, é aquele, ok. Corto a meta e festejo - nem me lembro bem como - mas pouco depois de olhar para o relógio tive uma epifania: o João Lima deve tem que estar a chegar! Viro-me para trás e lá estava ele. Não havia dúvidas, novo record batido! Dei-lhe um grande abraço ali mesmo. 

Restava esperar pelo meu colega de equipa - que fez uns excelentes 55 minutos e pouco - mas tivemos um desencontro tal que eu fui a pé até quase ao Marquês a ver se o via a descer e acabei por regressar e acompanhar até à meta uma amiga - também ela a recuperar de lesão - que fez perto de 1:20. Disse-lhe que havia de chegar lá abaixo e ter o meu colega à espera e assim foi. Levei novo discurso sobre o facto de não levar telemóvel, apesar de andar actualmente com um mais velhinho e que cabe bem no bolso dos calções ou no Flipbelt. Pronto, isto era o assunto que dava para um post inteiro.

E agora? Um dos objectivos que falei lá no cimo do texto era voltar a dedicar-me aos 10km porque me andava a sentir bastante bem nesta distância antes da preparação para a Maratona. Sem esperar, melhorei hoje o meu tempo. É certo que a prova ajuda, mas também é certo que ainda antes do Saldanha eu já estava com ritmo para baixar dos 50 minutos com boa margem.

E agora? Fazer a prova de Barcarena do Troféu das Localidades de forma séria mas sem querer perturbar as classificações das equipas da zona. E pensar se faço a São Silvestre de Lisboa em modo treino para acompanhar a malta da equipa.

E agora? Dormir que amanhã é dia de trabalho e à noite é dia de treino. Hoje foi fantástico, mas amanhã começa tudo novamente.

Prova nº 51 - Grande Prémio de Natal 2016 - 10km - 00:48:16

sábado, 10 de dezembro de 2016

Cliché é vir a Belém e...

... voltar ao local da meta da Meia dos Descobrimentos

... ver o sr Presidente Marcelo a almoçar numa esplanada

... passar por aqui


Bom fim de semana!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Reset

Na 2a feira fui-me deitar às 22:17. Memorizei por ser uma hora estranha mas fantástica para ir descansar, perante o espanto do mundo em geral. Números redondos, foi cerca de 3 horas mais cedo que o habitual...

Na 3a feira antes das 8:00 já estava no escritório - perante o espanto da malta da minha equipa que entra às 8:00, mas chega sempre às 8:10, 8:15 na esperança que eu não fique a saber do atraso - mas nem meia hora depois já estava a falar com a minha chefe que imediatamente percebeu que eu não estava bem. (E não estava...) 

Resumindo: voltei para casa - felizmente tive boleia, o que facilitou muito - e... dormi. Acordei à hora de almoço, bebi um chá e... dormi. E assim sucessivamente até ser hora de ir... dormir. Na verdade, devo ter dormido mais naquele dia do que na última semana inteira. Dormi tanto que os meus sonhos pesadelos já tinham continuação, como se fossem episódios de um Chicago PD ou talvez a sequela de um qualquer filme de acção. Até certo ponto foi assustador acordar e perceber o quanto senti aquilo tudo como se fosse real. (Vocês não estão a imaginar o enredo de espionagem, corrupção e - seriously - assassinatos que a minha mente sórdida criou.)

4a voltei ao trabalho, mas a meio gás. Fugi o mais que pude do computador, mas não consegui evitar as habituais dores de cabeça que me atormentam por lá no dia a dia. E 5a não vou - pela primeira vez em não-sei-quantos-anos - trabalhar num dia feriado. E possivelmente dormir mais.

Estou a duas semanas de entrar de férias e sinto que nunca precisei tanto delas com este ano. Tem sido o mais cansativo da minha vida: a nível profissional, pessoal e "atlético". Cheio de coisas boas e coisas más. Momentos que nunca esquecerei, erros que não voltarei a repetir. Até já estou a preparar um daqueles chavões que são os momentos do ano de 2016 para passar em revista mais perto de dia 31.

Curiosamente, na 3a feira acabei por faltar a uma reunião em que um dos tópicos que eu ia abordar era a facilidade com que as pessoas ultimamente metem baixa e o quanto isso tem prejudicado o nosso desempenho no trabalho. Porque há baixas por tudo e por nada que se misturam com outras que são totalmente justificadas e necessárias; porque são sempre os mesmos que dia-sim, dia-não estão a meter mais uma semaninha de baixa; porque o excesso de absentismo de uns causa uma sobrecarga de trabalho em todos os outros que são cumpridores e estão lá a aguentar o barco. E quando é preciso resolver um berbicacho complicado, a quem é que se pede? E o berbicacho seguinte? E o próximo...? Pois é. 

Plano para combater isto? Descansar mais e melhor. Treinar de forma mais consistente. Deixar as preocupações numa pastinha no computador do trabalho e não trazer a pasta para casa.

Estou a dar em maluquinho? É uma possibilidade. Isto talvez explique a luta mental que foi terminar Évora e a quebra no terço final dos Descobrimentos. Muito se tem falado em "burn out" no escritório, muitos de nós estamos presos por arames à espera das férias de fim de ano para tentar carregar baterias. Acho que a minha bateria descarregou por completo antes de tempo. Resta saber se estará a ficar viciada.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Desleixo

Ponto prévio: o meu relógio marcou o seguinte resultado hoje.

Dizia o Strava que vim da China até Lisboa.

Posto isto, estamos conversados em relação à minha sorte com o material de apoio... O que aconteceu - percebi entretanto - foi que eu tinha posto o relógio a contar em Évora, mesmo sabendo que estava sem bateria. Ele desligou-se rapidamente e hoje quando o liguei foi buscar o tempo que tinha contado nesse dia e juntou-lhe uns dados estranhos de GPS. Ao fim do 1º km percebi que ele hoje só me ia ajudar a medir o ritmo instantâneo e que não teria dados certos da média da prova. Seja como for, com a chuvada que nos acompanhou esta manhã sempre que eu olhava para ele só via gotas de água - ou no visor ou nos óculos. 

Voltemos agora atrás no tempo. Em Fevereiro um ex-colega de treino completou os 111kms de Sicó e na semana seguinte conseguimos arranjar uma pequena sala para juntar quem quisesse ouvi-lo a partilhar as suas aventuras. Acho que éramos uns 30 membros da equipa a ouvir a sua história e a fazer perguntas de todo o género. A minha pergunta foi simples: "E agora?" No fundo, perguntei-lhe como é que se geria o pós-prova, sabendo eu que ele tinha andado a preparar-se à séria para esse grande objectivo. A ideia seria fazer ainda mais quilómetros? Fazer provas diferentes, mesmo que não tão longas? Etc, etc, etc...

A pergunta não foi inocente, eu já estava inscrito na Maratona do Porto e ia começar em breve a gerir as provas e treinos com base nessa meta e já me perguntava na altura como seria o pós-Maratona. Quando se esvaziasse o balão, quando a prova estivesse feita, quando a euforia tivesse passado. O que fazer a seguir? Como gerir? Que metas definir?

A verdade é que tenho alguns objectivos - que giram quase todos à volta de melhorar os meus tempos, dentro do possível - mas a verdade é que estou numa fase de autêntico desleixo. E isso nota-se. Na terça-feira faz um mês desde a Maratona e neste período de tempo tive uma semana de descanso, depois fiz dois treinos e fiz 3 provas (aquele trilho do troféu das localidades e duas Meias). Sim: dois treinos e três provas! Não preciso dizer mais nada...

A Meia Maratona dos Descobrimentos é uma prova que me diz muito. Foi onde me estreei na distância em 2014 e onde fiz em 2015 o meu record. Era onde tinha apontado tentar melhorar o meu tempo. Nesse sentido, falhei redondamente.

A manhã foi tranquila, a chegada a Belém também e estava tudo bem disposto, apesar da desconfiança em relação à chuva. Do percurso, nada de especial a apontar: era sempre em frente para um lado e para o outro, com uma pequena passagem pelo Rossio. Agora que já consegui corrigir o gpx da prova - obrigado Strava!! - consigo perceber que aquilo que estava a sentir durante o percurso batia certo: até perto dos 15km estava em ritmo perfeito para conseguir o que queria. Apesar da imensa chuva, estava a fazer entre os 5:25 e os 5:35 por km quando eu apontei para uma média de 5:30. Aos 10kms ia um grupo ao meu lado que dizia que ia com 56 minutos de prova - confirmo - e isso era ouro sobre azul. Tudo perfeito até passar o Cais do Sodré. A partir do momento em que entrámos no piso empedrado comecei a hesitar e a perder a embalagem, mas ainda me fui aguentando até Santa Apolónia e respectivo retorno. Afinal era só uma breve hesitação, vamos lá até ao Rossio para entrar no terço final da prova.

Ao subir a Rua da Prata baixei o ritmo e pensei obviamente em compensar na descida na Rua do Ouro. E foi aí que percebi que hoje não era dia. Desci à mesma velocidade que subi, sem ter poder de explosão para regressar ao andamento desejado. Simbolicamente a prova terminava ali. O corpo não reagiu e levou a cabeça com ele. Quando eu precisava de ter forças, foi quando elas falharam. Curiosamente foi nesta altura que me senti muito bem em Évora na semana passada. Nesse dia reagi bem ao empedrado e às subidas, hoje não reagi bem ao empedrado e à chuva. Não há provas iguais.

Dos 15km até à meta foi um pequeno suplício na tentativa de encontrar um ritmo estável, mesmo que lento. Fui vendo passar algumas caras conhecidas sem as conseguir acompanhar. Lembrei-me que, apesar de tudo, ainda não tinha sido ultrapassado pela bandeira das 2 horas, o que ainda me dava alguma esperança de fazer um tempo interessante, mas pouco depois lá estava ela. Apesar do esforço do portador da bandeira em levar com ele toda a gente que via em dificuldades eu também não consegui acompanhar e foi o desânimo final.

Num esforço final lá cheguei à meta a ouvir apoio do lado de fora do percurso. Olhei para cima para ver o tempo mas nem liguei. Estava com algumas dores - físicas - que foram aliviadas por uma massagem ali mesmo (obrigado!). As outras dores - na alma - hão-de passar com o tempo.

Podia estar aqui a culpar exclusivamente o empedrado, a chuva, ter corrido com o impermeável (não gosto e até simulei uma birrinha por isso numa das fotos de grupo antes da partida), não ter levado música (decidi isso por causa da chuva), os ténis em fim de vida (tema para outro post durante a semana), etc. A verdade é que todas estas questões seriam minimizadas se eu não me andasse a desleixar nos treinos.

Tal como na semana passada pensei em não escrever nada hoje, mas o que é certo é que vir aqui desabafar e obrigar-me a partilhar os meus erros faz com que me sinta mais aliviado e com que me mentalize a fazer tudo para corrigir o que não faço bem.

Prova nº 50 - Meia Maratona dos Descobrimentos - 21km - 02:06:50