sábado, 5 de janeiro de 2019

Cem Silvestre de Lisboa

A minha centésima prova! E um trocadilho à maneira para celebrar, que tal?

Vocês sabem lá o que isto custou! As 100 provas? Não, conseguir que a centésima fosse a São Silvestre só para poder fazer este trocadilho! Foram meses de treino, caramba!

Não é habitual demorar tanto tempo para escrever o relato de uma prova. Aliás, se não fosse a minha actual debilidade respiratória que mencionei no post anterior, teria hoje feito em Marvila a prova 101. Fica para a semana, espero eu.

A São Silvestre de Lisboa tem sido nos últimos anos uma prova obrigatória, mas sempre para o convívio. Desta vez não foi diferente. Éramos 26 no total e, fruto disso, enquanto responsável pela equipa, fui contactado pela HMS e tivemos o privilégio de receber os nossos kits mais de uma semana antes de serem distribuídos aos atletas em geral. Quando fizemos o treino de Natal da equipa no dia 22 de Dezembro deu para entregar quase todos os kits ao pessoal. A única recomendação era não partilharmos fotos da camisola nas redes sociais antes do dia 27. Fica aqui um agradecimento à organização pela atitude pro-activa e por este gesto para as equipas mais representativas na prova.

O ponto de encontro antes da prova foi na Fábrica dos Pastéis de Nata. E no final também, para manter a tradição iniciada no ano passado. Foi por lá que começou a festa que durou bem mais que os 10km da prova. Fotos e fotos antes de rumarmos até aos respectivos blocos de partida e, antes disso, fiz um pequeno discurso de agradecimento a todos os que estavam ali e que contribuíram para eu chegar às 100. Muitos mais deveriam estar ali, muitos mais estiveram comigo neste percurso que começou de forma oficial a 7 de Junho de 2012 na Corrida de Santo António, mas que só se desenvolveu a sério a partir de 2015. Fica a curiosidade de ter completado esta marca praticamente no mesmo sítio onde comecei.

Em termos de prova, num mundo ideal seria o palco para eu fazer um brilharete do caraças e bater o meu record pessoal. Sabia que isso era irreal, mas ia tentar começar forte nos primeiros quilómetros e ver o que aquilo dava. Deu para três e percebi logo que até ia ser difícil honrar o dorsal sub-50 que tinha. Reparei agora que já não fazia provas de 10km desde Agosto, em Tagarro, e até essa já foi na reentrada pós-verão numa altura em que o foco já estava todo na Maratona.

Comecei bem, sim, mas sempre acima dos 4:45 que era o ritmo sonhado até chegar ao Terreiro do Paço para depois ter folga na subida. Ao fazer o retorno tirei da cabeça quaisquer ambições fantásticas e fui a curtir a prova e a ver quem tinha em redor. Algumas caras conhecidas, obviamente! (Aliás, antes e depois da prova eu tive bastante dificuldade em andar sem me cruzar com amigos. Gosto tanto quando assim é!)

Fui sempre próximo do mesmo grupo de atletas e reduzi o ritmo. A certa altura fui em conversa com algum pessoal e vejo, de forma inesperada, o Duarte que foi um dos meus companheiros de pódio em Novembro nos 5km da Luzia Dias. Percebi que ele estava a fazer a prova em ritmo de treino porque o objectivo dele era a São Silvestre da Amadora. Fomos na conversa largos quilómetros e foi bom para ir tranquilo, sobretudo ao passar o empedrado após o Cais do Sodré. 


Nessa zona - e pelo Rossio acima até à Avenida da Liberdade - muitos eram os espectadores do lado de fora da estrada a ver os atletas a passar. Como habitual pedi palmas e barulho. Uns quantos "Toca a bater palmas, Lisboa!" e outros gritos semelhantes foram retribuídos com alguns "Animo, venga!". Foi um bom treino para Madrid, claramente! Salvam-se as crianças, sempre prontas a esticar a mão a quem passa!

A ideia ali era subir sempre abaixo de 6:00, objectivo que foi cumprido quase na íntegra. O Duarte ainda estava por ali, agora na companhia de um colega de equipa. Ele estava a guardar-se para o quilómetro final. Eu também estava à espera desse momento para me soltar e tentar recuperar alguns segundos perdidos. Comecei a descer a todo o gás por ali abaixo, mas nunca consegui manter um ritmo elevado. Também já tinha olhado para o relógio e sabia que o tempo ia ficar longe dos 50 minutos, portanto a única ambição que me restava era fazer o meu melhor tempo na prova, algo que consegui por larga margem. Valha a verdade, sempre tive marcas muito dispares na São Silvestre. No ano passado, por exemplo, fui a acompanhar uma colega a ritmo de 6:00 até ao Marquês e depois deixei-a sozinha no último quilómetro e voltei para trás.

O sprint final permitiu-me, pelo menos, fazer abaixo do minuto 52 e fiquei tranquilo com esse tempo. Na meta tinha alguns colegas à espera, o que permitiu logo fazer uma série de fotos, até porque naquele momento foram chegando outros que vinham no meu encalce. Depois fomos para lados diferentes. Um dos meus colegas teve, infelizmente, que ir embora; outros foram até aos carros e novamente até ao ponto de encontro no final e eu... voltei para trás. Fui praticamente até ao Terreiro do Paço ter com um trio de colegas que estava a fazer a prova a "corrinhar".

Ficaram surpreendidas por me verem ali, uma delas até me perguntou onde é que eu tinha arranjado a maça que levava na mão porque não tinha percebido que eu já tinha acabado. Só acreditou mesmo quando lhe mostrei a medalha! Fomos em amena cavaqueira até ao final, com umas pausas para fotos pelo caminho. Nesta brincadeira, acabei por fazer mais 4,5km depois de terminar. E foram fantásticos! Lembrei-me imensas vezes da minha chegada à meta em 2017, em óptima companhia. Queria muito ter repetido esse momento em 2018, mas ficará para uma próxima oportunidade!




No final, ainda fomos a tempo de chegar aos pastéis de nata, embora outro grupo de amigos me tenha tentado desviar para a ginjinha. Para o ano vou a ambos os lados, pronto!

Ficou assim acabado mais um ano de corridas. Com a centésima no bolso! Estou muito orgulhoso e em breve farei um ligeiro resumo do que foram estas cem corridas. Em relação à São Silvestre de Lisboa, fica aqui o meu histórico de participação na prova.



Prova nº 100 - São Silvestre de Lisboa - 10km - 00:51:54

2019

Quase um mês depois, volto aqui a escrever.

Nestes dias aconteceu tanta coisa, a nível pessoal, profissional e, obviamente, no que diz respeito a corridas. Nem tudo foram coisas boas, mas isso é algo para o qual temos que estar preparados em todas as alturas da nossa vida. Fiquem tranquilos, do mau não vou falar. Apenas uma curta referência ao facto da minha mazela do trail de Alcanena ainda não estar debelada a 100%. A ferida ainda não sarou na totalidade e por vezes sinto um ligeiro desconforto e dor no joelho. Há-de passar.

Estive atento ao que foram escrevendo pela blogosfera fora, mas só hoje comentei algumas das coisas que fui lendo. Estou, novamente, actualizado nesse capítulo.

Desportivamente, tivemos um final de ano repleto de emoção, com um treino de Natal bem porreiro e com uma São Silvestre que, de acordo com muitos dos presentes, nada ficou a dever às oficiais. E o abastecimento no final, com bolo-rei quentinho em barda oferecido por uma pastelaria local foi a cereja no topo do bolo que ninguém esperava e que caiu que nem ginjas. Para além disso, usando a expressão anterior, também havia cerveja no topo do bolo(-rei). Foram 80 pessoas, números redondos. Para o ano quero 100! É um evento que muito me toca, confesso, mas que não seria possível sem a fantástica equipa que me acompanha nestas aventuras.

Para terminar o ano desportivo, outro momento muito aguardado: a São Silvestre de Lisboa que foi a minha centésima prova. Ainda não consegui escrever sobre o assunto, mas será para breve!

A todos os que estão por aí, votos de um fantástico ano, a todos os níveis!

Assim que me passar a preguiça volto a treinar. Raio do frio e, sobretudo, da humidade que voltou a despertar o asmático que há em mim. Há-de passar, também, que há muitas provas pela frente e algumas têm "Maratona" no nome!

"We will be victorious" ouço enquanto escrevia esta linha final. Soa-me bem!