segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Coimbra, take 2

Take 2 precisamente por duas razões: segundo ano consecutivo a marcar presença nesta Meia Maratona e segunda tentativa de escrever este relato porque o rascunho que fui escrevendo quando vinha no carro de regresso a casa não ficou gravado no Blogger e está perdido para sempre. Resta-me agora tentar-me lembrar das notas que fui escrevendo para poder desenvolver agora ao fim da noite.

Muito do que aconteceu hoje foi semelhante ao que aconteceu no ano passado. Aproveito para pegar naquele texto e fazer apenas alguns ajustes: a hora de acordar desta vez foram umas pornográficas 5:00 da manhã e às 6:30 já estávamos todos os 15 elementos da equipa dentro de três carros para rumar a Coimbra. No total fomos 5 para a Meia Maratona, 2 para os 10kms da Mini Maratona e 8 participantes nos 5kms da caminhada. Infelizmente ainda tivemos algumas pessoas que não puderam comparecer à última da hora e na Meia Maratona havia duas estreias, uma das quais daquela colega que no ano passado não conseguimos convencer a fazer a Meia. Foi hoje e a nossa amiga e enfermeira não nos deixou ficar mal. Confesso aqui que quando ela estava a chegar à meta eu estava a aplaudir e a gritar por ela ao mesmo tempo que fazia um esforço brutal para não chorar. Foi uma chegada emocionante de uma das pessoas que eu mais estimo neste grupo. Emocionei-me tanto ou mais do que na minha própria chegada - e acreditem que a minha foi muito simbólica.

Também em relação ao estacionamento e ao café onde fomos antes da partida tudo foi igual a 2016. Fotos finais, palavras de ânimo e lá fomos nós. Estava mais contido que o habitual e sentia isso. Nos minutos antes da partida até já tinha ligado a minha playlist - também pelo facto de estar a usar uns phones bluetooth e de ter as músicas no relógio, daí não querer mexer nele depois de passar o pórtico inicial. Já tinha feito experiências em treino mas ainda tinha receio de parar o relógio se carregasse numa opção errada. Mantém-se algo a ponderar para o Porto: usar estes phones que têm autonomia para a prova toda ou usar o mp3 do ano passado que "só" se aguenta 4h. A outra hipótese é tentar fazer a Maratona abaixo desse tempo.

Dos cinco da Meia Maratona sabia que, em condições normais, seria o elemento do meio, portanto deixei dois colegas mais para trás e vi outros dois afastarem-se gradualmente até deixar de os ver no horizonte. Também tinha dito durante a semana a várias pessoas que, em condições normais, podia perfeitamente ir a Coimbra e tentar bater o meu record na distância, embalado pelos treinos para a Maratona e pelo percurso igual a 2016 onde se desce bastante de início e depois enfrentamos mais de dois terços da prova praticamente em terreno plano. Infelizmente a paragem recente amolgou-me a forma e também a confiança. Mesmo assim, deixei-me ir nos primeiros 5km até passarmos pela zona da meta. Até aqui os quilómetros iam passando em boa média, a rondar os 5:00m/km ou abaixo disso.

Tentei estabilizar a velocidade a partir daqui, até porque já me estava a senti cansado e ainda tinha muito pela frente. Deu para ir olhando em redor com mais atenção, sendo que nem sequer as tentativas de me meter com o público tinham corrido bem. A coisa melhorou quando desejei boa prova a uma atleta do Correr Lisboa e aplaudi veementemente uma menina de - não sei, 7 ou 8 anos talvez? - que ia a correr pelo passeio ao ritmo do grupo onde eu ia naquele momento. "Grande atleta" - gritei-lhe eu.

Uns quilómetros mais à frente, já depois de deixarmos os atletas dos 10km seguirem o seu percurso até à meta deu-se uma feliz coincidência. Lembram-se da Lúcia com quem partilhei um pouco da Meia Maratona de Castelo Branco? Pois bem, encontrei-a novamente. Ela admitiu que não se lembrava bem de mim mas seguimos à conversa sobre as provas das Running Wonders. Ela já fez as sete e ficou "prometido" novo encontro para Évora! Segui viagem perante a insistência dela que sentia que me estava a atrasar o ritmo.

E encontrei-a novamente aos 10km quando parei no abastecimento por uns segundos para beber um copo de isotónico. Ela passou por mim e fui quase até aos 15km atrás dela. Foi uma boa lebre. Já antes disso senti um outro atleta a colar-se a mim e foi um bom bocado ao meu lado, mas sem nunca falarmos. Acho que havia ali uma entreajuda silenciosa e ao passarmos por outro pequeno grupo ele acabou por ficar com eles. E, de repente, a minha cabeça de matemático escondido atrás de um curso de Letras começou a trabalhar: se eu tenho 55 minutos à passagem os 10,5km então se mantiver o ritmo faço 1:50 no final! Ah, mas agora não vou ter aqueles quilómetros a descer para ajudar a média, esquece lá isso. Mas calma, se passei aos 11km com cerca de 57:30 basta-me fazer uma hora nos 10km finais para acabar com um tempo interessante. Não, esquece lá isso.

E esqueci. Nesta fase havia um ponto de retorno e o meu interesse era saber onde estavam os restantes colegas da equipa. Não havia surpresas e isso era bom sinal. E entre o quilómetro 14 e 15, depois de tomar o único gel da prova (levei dois, mas optei por retardar ao máximo para tentar só tomar um) ultrapassei a Lúcia. E voltei a fazer contas. E à falta de público naquela zona do percurso dei por mim a agradecer aos voluntários nos abastecimentos dizendo que nós sem o apoio deles não conseguíamos fazer as provas. Já estava a ficar cansado, apesar de contente por estar a conseguir manter um bom ritmo. Já só queria voltar a entrar em Coimbra, já só queria ver a Ponte de Santa Clara, já só queria acabar. Felizmente tive uma visão e encontrei lá ao fundo a camisola azul de um dos meus colegas de equipa e tentei encurtar distâncias para, quem sabe, terminarmos juntos porque ele teria, eventualmente, quebrado. Não consegui e vim a perceber mais tarde que era uma miragem. Esse meu colega acabou a prova 9 minutos antes de mim! Era claramente outra camisola parecida.

Foi já em quebra que entrei no último quilómetro - o mais lento de todos, feito a 6:00m/km - e nem o facto de ter a meta à vista me conseguia ajudar a reagir. Até que na última curva antes da meta vejo uma das colegas de equipa que fez os 10km e faço a minha melhor pose sorridente para a foto. E a partir dali foi uma festa em toda a recta da meta que só terminou depois de concluir a prova. E caso não haja fotos oficiais pelo menos já há um vídeo que imortaliza o momento! Pouco depois chegava a Lúcia.

Era altura de partir para outro objectivo, ir atrás buscar a nossa colega. E eu não consegui. Disse aos meus dois outros colegas que já tinham terminado antes de mim que fossem porque eu estava completamente rebentado e sem forças. Acabei por esperar junto à meta e também por isso me emocionei. Felizmente o espírito da equipa faz com que quando não podem uns, podem outros e ela lá vinha com uma guarda de honra. Quando lhe dei os parabéns também lhe pedi desculpa por não a ter ido buscar. 

E pronto, mais uma aventura terminada, regresso aos carros não sem antes passar pelas famosas escadas do Quinchorro. O almoço foi no mesmo local do ano passado, o que significa que houve doçaria a seguir viagem com a malta no regresso a casa. Dos cinco que fizeram a Meia houve duas estreias na distância e dois recordes pessoais batidos, um deles o meu.

Repete lá isso? Sim. Quando cruzei a meta não olhei para o relógio nem o parei logo. Não sabia exactamente o tempo que tinha feito e acabei por me esquecer disso até ao momento em que estávamos a beber café depois de almoço e me lembrei de ir ver à net se já havia resultados oficiais. E havia. Tirei 8 segundos ao tempo que tinha feito no Douro Vinhateiro.

Agora é ver como recupero. Claro que o início rápido da prova ajuda, mas este resultado surpreendeu-me. Não sei bem o que pensar até porque apesar das contas que fiz a meio da prova nunca fui à procura da marca. Acabei exausto mas por outro lado nunca tive momentos a meio em que tivesse quebrado mentalmente. É estranho um record pessoal deixar uma pessoa com dúvidas. Não foi um "treino longo" ao ritmo da Maratona, mas foram 21km nas pernas - a  última vez que farei tantos antes do Porto.

Estou feliz, claro que sim. Foi um dia cheio de emoções! Mas acreditam que estou confuso?

Prova nº 69 - Meia Maratona de Coimbra 2017 - 21km - 01:57:08

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Oh I, oh, I'm still alive!

Foi com este espírito que voltei hoje aos treinos, 19 dias depois da última vez que tinha corrido. E Pearl Jam nem são a minha banda de eleição nem fazem parte das minhas playlists, mas a dedicatória adequou-se perfeitamente.

Foram 15 quilómetros em 1:32 que eram para ser 20 mas que ficaram curtos porque as pernas me lembraram que se calhar era má ideia correr uma distância superior aos dias de paragem. Foi o possível sem colocar em causa as semanas que se seguem onde vou ter que dar o meu melhor e fazer das tripas coração para recuperar a forma física e psicológica que tão bem encaminhada parecia estar antes desta nuvem negra que apareceu e que agora vai ter que dar lugar novamente a dias mais radiantes!

Acabei também de soltar uma valente gargalhada porque o último treino de 15 quilómetros que tinha feito em Setembro foi concluído em 1:34. É claro que parte dele foi feito propositadamente a ritmo baixo para acompanhar colegas de equipa mas quem olhar apenas para os números diz que fiz melhor hoje.

Escondi-me do mundo nestas últimas semanas, preocupei pessoas amigas e muito próximas e recebi muitas palavras de ânimo, embora algumas delas só tenha lido vários dias depois de me terem sido enviadas. Ter voltado hoje a treinar já foi um pequeno passo para tudo tentar voltar à normalidade.Aquela normalidade que eu prometi que iria regressar no final do meu último texto no dia 3 de Outubro. E o click deu-se precisamente no sábado, pouco depois da meia noite. Sem qualquer desprimor para toda a gente que me deu força nesta fase turbulenta, o click aconteceu com um e-mail recebido no início da semana e que ainda não tinha lido com atenção a juntar a umas coisas que li de alguém que também nada sabia sobre esta minha fase negativa e que, sem saber, me ajudou a olhar para as coisas de outro prisma. No meio dos azares também tenho tido momentos de sorte que ajudam a contrabalançar as coisas para um plano positivo.

Não vale a pena chorar sobre leite derramado, está na hora de olhar novamente em frente para os desafios que tenho para enfrentar. Próxima paragem: Meia Maratona de Coimbra!

                                                                           ----x---

Não podia deixar de falar sobre a Rock 'n' Roll Maratona de Portugal que teve lugar hoje e que fui acompanhando à distância. Num plano pessoal tenho que dar os parabéns a um colega de treinos e a um colega de equipa que hoje se tornaram Maratonistas, para além das várias estreias na Meia Maratona. Fui seguindo a prova através da app e pelos relatos que vinham nas redes sociais e tenho plena noção que amanhã ainda me vou estar a lembrar de mais uma série de amigos que também lá estiveram e cujos resultados ainda não vi. Como é que eu fui capaz de me afastar temporariamente deste mundo?

domingo, 15 de outubro de 2017

Seda


"Sorte Grande"
João Só e Abandonados (com Lúcia Moniz)



Olha lá,
Já se passaram alguns anos
Nem sequer vinhas nos meus planos
Saiste-me a sorte grande


E eu cá vou
Gozando os louros deste achado
Contigo de braço dado para todo o lado


Eu vou até morrer ser teu se me quiseres
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti


Meu amor na roda da lotaria
Que é coisa escorregadia
Saiste-me a sorte grande


E eu cá vou
À minha sorte abandonado
Contigo de braço dado para todo o lado


Eu vou até morrer ser teu se me quiseres
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti


Olha lá,
Por mais que passem os anos
Por menos que eu faça planos
Sais me sempre a sorte grande


Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti


vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti
Vou agarrado a ti

sábado, 14 de outubro de 2017

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Este post incluí algumas asneiras e outras merdas

Estou a um mês de completar 13 anos de casa na empresa onde trabalho e infelizmente a cada ano, mês, semana que passa estou a lutar cada vez mais para me conseguir manter empenhado ao máximo. No meio de tantas trocas e baldrocas há muito que deixei de lutar naqueles jogos de bastidores, naqueles sorrisinhos que ganham pontos, nesse tipo de merdinhas. Ainda há dias dizia à minha chefe que eu sou um porreiraço e nunca me queixo, portanto se me estou a queixar é porque já excedi o meu limite.

É por estas e por outras que hoje entrei em modo de birra ao fim de dois e-mails trocados com uma colega e mais birrento fiquei quando outra me tentou passar por cima, impondo uma autoridade que não tem. O que ela tem são as costas bem protegidas. E foi com este espírito merdoso que entrei numa reunião e ao fim de dois minutos desisti de tentar sequer argumentar. Façam o que quiserem, que se foda.

Sobre trabalho não falo mais. Deixo apenas as palavras da minha chefe há umas semanas atrás: 

"A tua vida não é isto. Isto é só um emprego das 9 às 5. Ou das 8:30 às 16:30 no teu caso. A tua vida está lá fora. Aqui estão os nossos clientes que tentamos ajudar com as ferramentas que nos dão. A tua vida são as corridas, são os amigos das corridas, é a tua família (foi ela que escolheu a ordem, não fui eu), é a Bia (a gata cá de casa), é o Benfica caramba."

O único problema é que a vida cá fora também tem estado atribulada. A meio da manhã lembro-me de agarrar no telemóvel que ainda nem sequer tinha tirado da mochila. Tinha 15 chamadas não atendidas, a primeira das quais pouco antes das 9:00. Tinha uma mensagem de voz deixada por engano e que me fez logo perceber o que podia ter acontecido. Recebi então a chamada número 16 e consegui finalmente atender:

"Choque em cadeia. Vem já para Santa Maria."

Larguei tudo e fui. E foi mau, mas podia ter sido tão, mas tão pior.
Agora é recuperar, física e psicologicamente. E esperar que as seguradoras não dificultem.

E foda-se, está na hora de ir à bruxa. Se conhecerem alguma deixem aqui o contacto.

(Este blog seguirá o seu rumo normal. Eventualmente. Desculpem e obrigado.)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Atchimmmm

Escolha curiosa de título, tendo em conta que a constipação que me tem acompanhado já há uma semana não meteu espirros ao barulho.

Estava hoje a descrever como me sinto:

- voz de quem vai fazer agora o turno da meia noite às 4 da manhã numa hotline (já agora, ainda existem ou isto é uma referência que faz de mim um gajo velho?)
- um gastar de lenços de papel próprio de quem não tem qualquer consideração pelas árvores
- acordar de manhã a sentir que tinha dormido num colchão de água... literalmente, dentro de um!

O pior é que sei perfeitamente quando é que fiquei assim. Bastou-me, na semana passada a caminho do trabalho, sair de um autocarro cheio de gente e apanhar uma pontada de vento frio enquanto vestia o casaco. Quando cheguei ao escritório, 500 metros mais à frente, já sentia a garganta apanhada. E agora é isto, uma semana de treinos perdida e uma pequena quebra na motivação.

Eu quero ir treinar! Eu quero ir fazer os meus treinos longos! Eu queria ir, meio off the record, à Meia Maratona da Moita e assim já não vou...

Amanhã. Nem que sejam só 5kms. Até já se ofereceram para me acompanhar para eu não me perder pelo caminho. Amanhã tenho que voltar a treinar. Por favor!

Pelo meio, um dia de sábado passado na Figueira da Foz - e sim, eu sei que ter ido não ajudou nada a recuperar, mas tinha que ser - para acompanhar a última etapa do Campeonato Nacional de Triatlo. Foi tão bom estar numa comitiva cheia de amigos e chegar lá e encontrar ainda mais caras conhecidas a participar. Tivesse eu um pouco mais de energia e até fazia um relato mais extenso.

Agora vou ali tomar a medicação e enviar-me na cama.