sexta-feira, 31 de março de 2017

Sinos-ite

Não, não estou doente. E enquanto digo isto estou a bater 3 vezes na madeira.

Estou sim com um grave caso de não me sair da cabeça aquilo que quero fazer no domingo: o pic-nic depois da prova, com um valente sorriso por ter conseguido cruzar esta meta no tempo que pretendo.


Assumo-o aqui, tal como já assumi ainda hoje no treino: quero bater o meu tempo aos 15km. E para isso estou - muito ao meu estilo - a analisar todas as pedrinhas do asfalto, rotundas, descidas e principalmente subidas.

Vamos então por partes. O meu record é de 1:18:27, conseguido na Corrida 1º de Maio de 2016. Em Mafra o meu melhor tempo é de 1:22:49, feito um mês antes, em Abril 2016.

Há muitas semelhanças entre ambas as provas. Tanto uma como outra têm cerca de 140m de acumulado e ambas têm uma fase inicial rápida com vários quilómetros de descida até perto dos 9km e uma longa subida a partir dessa altura a caminho da meta. Já andei a calcular a que ritmo tenho que descer, quanto tempo tenho que ganhar para depois compensar na subida. Já sei com quantos minutos de prova quero fazer o retorno, já fiz essas continhas todas. E relaxem, não vos vou aborrecer com esses detalhes.

Isto é sinal que tenho demasiado tempo livre nas mãos? Não! Por um lado tanto eu como o meu amigo Excel fazemos contas depressa; por outro lado é sinal que estou focado num objectivo e é isso que me dá aquele boost de energia extra. Também é sinal que me sinto confiante e a regressar à melhor forma. (Ainda hoje no treino tive a certeza disso!) A esta altura do ano passado estava num crescendo e a quebrar os meus próprios records a cada prova que fazia, numa forma que teve o seu ponto alto quando baixei dos 50 minutos na Corrida de Santo António. Estava também numa fase em que concentrava todas as minhas energias na corrida porque era o escape perfeito para me esquecer de tudo o resto. Numa fase que foi ensombrada pelo descalabro do Douro Vinhateiro mas à qual respondi da única maneira que sei - corri dali para fora.

Continuando... Adoro Mafra, sabiam?

E se correr mal? Se não for dia de fazer um brilharete e me espalhar ao comprido nas minhas intenções? Sem problema, há a Scalabis, a Corrida 1º de Maio e tantas outras pela frente. Não vou ficar triste ou aborrecido. A vida é demasiado curta para isso.

Resumidamente, se me cruzar com alguém durante a prova e não disser nada ou estou a tentar voar por ali abaixo ou a tentar escalar por ali acima. Ou estava apenas distraído.

E não podia acabar o texto sem dizer que - outra semelhança - ambas as provas acabam na pista de tartan de um estádio!

Até domingo!

domingo, 26 de março de 2017

Dilúvio (de felicidade)

Duas semanas após a última prova, eis-me de volta à companhia dos amigos tagarelas para nova incursão ao concelho de Oeiras - onde nasci - para nova prova do troféu das localidades. O destino hoje era Tercena, mesmo ao lado da terra onde vivi durante um quarto de século da minha vida.

Quem também marcou presença foi a chuva. Um autêntico dilúvio que foi piorando durante a viagem à medida que percorríamos o IC19. Pelo caminho falávamos de outros amigos que estavam em provas um pouco por todo o país, sobretudo em trails, e que deveriam passar também por dificuldades.

À chegada até se pensou que a prova pudesse ser cancelada/adiada mas rapidamente se confirmou que isso não iria acontecer. Era então altura de todos se prepararem psicologicamente para o que íamos enfrentar e percebemos que uns apreciam correr debaixo de chuvinha da boa e outros torciam o nariz... 

Tanto no carro como depois já em Tercena com colegas que vinham nos outros carros se comentava igualmente as provas que já tínhamos corrido à chuva. A mim vieram-me à cabeça a São Silvestre dos Olivais em 2015 onde choveu de forma copiosa até cinco minutos antes da partida e a Meia Maratona dos Descobrimentos de 2016 que é de má memória para mim. E hoje não era dia para pensamentos negativos! A primeira diferença era que não ia correr com o impermeável - nem sequer o levei, ficou a dormir em casa! Se é para chover, que chova!

Depois de uma longa espera para a partida da prova feminina - antes da nossa - ficou claro que não havia melhorias nas condições climatéricas. O que tem que ser tem muita força. E eu hoje sentia-me forte e queria demonstrar isso no asfalto. Fomos para o pórtico e arrancámos.

Confesso que, ao contrário do habitual, não tinha estudado o percurso. Vi a altimetria e a distância e foi só, por isso não achei estranho estarmos a descer até à Fábrica da Pólvora de Barcarena, apesar de ter ouvido que íamos subir essa estrada no final. Percebi entretanto por conversas de outros atletas que estávamos a fazer o percurso inverso em relação ao anunciado. Não achei relevante, mal por mal teríamos sempre que subir e descer muito.

Assumi comigo mesmo um compromisso para hoje: nunca olhar para o relógio durante a prova. Não ir ver a distância ou o ritmo que marcava. Era só correr pelo prazer de correr e dar tudo o que tinha enquanto me sentisse bem. A organização tinha blocos a marcar os kms na estrada e isso ajudou a ir controlando a distância. Não levei música - deixei o mp3 no carro e acabei por não o ir buscar enquanto esperávamos pela partida - e ainda não sei se foi boa ou má opção. Tem-me ajudado correr com bom som, mas não houve assim nenhum momento em que tivesse sentido necessidade desse boost extra de energia. Senti foi um enorme silêncio na estrada. Uma ou outra pessoa a aplaudir à janela e nenhuma troca de palavras com os restantes participantes. 

Estas localidades são tão próximas que por vezes os percursos acabam por ser semelhantes. Hoje ao chegar aos 2kms vi uma rotunda familiar, uma bomba de gasolina que já tinha visto antes e caiu-me tudo quando percebi que íamos subir a Estrada Militar de Barcarena, a mesma que já tinha apanhado em Dezembro. Disse um palavrão na minha cabeça e mentalizei-me. Consegui subir quase quase sem caminhar mas na parte final não aguentei. Depois a descer senti-me sem pernas para voltar a acelerar e só o fiz quando um trio de atletas femininas passou por mim. Estavam a fazer a prova masculina em modo de treino, iam em ritmo regular, em amena cavaqueira. Decidi segui-las e consegui, mantendo sempre uma pequena distância para elas. Obrigado por terem sido minhas lebres, sem o saberem. Foi uma boa decisão da minha parte, sempre com o foco em recuperar o tempo perdido na subida, pois claro! 

Estabilizei o meu andamento e as restantes subidas já não foram tão problemáticas, apesar de duras. Já só tinha o foco na meta. Foi já nos kms finais que entrei em "picanço" com outro atleta, mais experiente que eu. Eu passava-o nas descidas, ele passava nas subidas e ninguém ganhava vantagem em terreno plano. Desconfiei mesmo que  ele estava em despique porque acelerava quando eu o ia ultrapassar. Tendo em conta que claramente não somos do mesmo escalão não estávamos a lutar por um lugar na classificação, mas não fazia mal. Ao ver que estávamos já na aproximação à meta e ter percebido que ele ia em esforço, acelerei e passei por ele mesmo antes da última curva. Estávamos nos 400 metros finais e não parei mais. Meti os olhos noutro atleta que tinha à frente e senti que ele sim era do meu escalão. Entrei em modo segmento e fiz aqueles metros finais em velocidade pura e passei-o, só mesmo porque estava com a pica toda. 

Logo após a meta ele dá-me uma palmada nas costas e elogia o meu sprint. Disse-me que eu estava com imensa energia para quem estava a acabar uma prova daquelas. E estava! Aguardo a fotografia tirada pelo Armindo - uma cara bem conhecida por quem anda nestas andanças - que espero que mostre o dilúvio de felicidade que sentia no final. 

Não falei da chuva durante este relato. Nem me lembrei dela durante a prova. Só a senti no funil de chegada após a meta. Foi a minha melhor prova deste troféu, acabei com um ritmo de 5:22/km. E só olhei para o relógio após a meta! Agora que já tenho o percurso no Strava vejo que consegui andar a 4:30, 4:40 nas partes boas da prova e ligeiramente abaixo dos 5:00 depois da maléfica subida a meio. 

Infelizmente um problema informático impediu a divulgação de todas as classificações finais, portanto não sei em que lugar fiquei. Não que me faça diferença, mas é mera curiosidade até por estarem menos atletas presentes por causa da chuva. Ah... E aquele rapaz que passei antes da meta era M40, portanto também não entra nestas contas. 

No próximo domingo é dia da Corrida dos Sinos. Está decidido, vou atacar o tempo! 

Prova nº 56 - Troféu das Localidades (Sintra, Oeiras e Cascais) - Grande Prémio de Atletismo de Tercena - 7,3km - 39:22

sexta-feira, 24 de março de 2017

Assim se começa o dia...

No trabalho, um colega chega e diz:

"É assim pessoal, eu não quero assustar ninguém mas não sei se já repararam que nos escritórios do piso 0 tem havido alguns problemas de saúde e temos tido aqui ambulâncias à porta quase todos os dias. Parece que há qualquer coisa nos ares condicionados e detectaram um cheiro a amoníaco e há pessoas com problemas respiratórios e com alergias de pele. O mais provável é ser legionella mas ainda não está nada confirmado, nem pelos seguranças nem pela administração do prédio, nem por nenhumas autoridades de saúde. Os próprios funcionários do escritório não parecem estar muito alarmados e dizem que são só casos pontuais, mas eu vou hoje falar com a nossa manager e com os recursos humanos sobre este assunto. Tenham atenção e cuidado que isto pode ser algo de grave."

Tendo em conta que este é o colega de quem eu - e não só - desconfio que passa informações das nossas reuniões de supervisores para o staff antes de serem oficiais e que acabam por gerar rumores infundados e desnecessários, cheira-me que ainda hoje teremos um ALERTA CM e reportagem em directo!

quarta-feira, 22 de março de 2017

Yeahhhhhhh

Plano para hoje: sair do trabalho, tentar não perder nenhum transporte, chegar a casa, mudar de roupa e ir fazer um treino longo.

A coisa começou a complicar-se quando uma reunião me atrasou a hora de saída, mas consegui recuperar esse tempo perdido. Queria começar a correr às 18:00, estava pronto às 18:10 e ainda apanhei um susto quando o relógio demorou uns longos minutos para apanhar GPS. Com o imenso vento que estava também não ajudou ter-me esquecido da bomba da asma que tomo em caso de SOS. Obviamente que passei uns bons 5kms a lutar contra esse factor psicológico. Depois passou. A música ajudou.

A ideia era estar em casa às 20:00 e fazer entre 15 a 20km. Com sorte chegava à meia maratona. O percurso estava definido. Longe vão os tempos em que eu me perdia por estas ruas e detestava ser eu a escolher os caminhos dos treinos. A estratégia passou por meter 1:30 de música no MP3. A um ritmo tranquilo (6m/km) fazia os 15km nessa altura e quando a playlist voltasse ao início logo via o melhor caminho de regresso a casa.

Cumpri o percurso até aos 13km onde hesitei se entrava no passeio ribeirinho. Eram cerca de 3kms para cada lado e com o que faltava até casa depois ficava feita a meia. Aos ouvidos a playlist dizia-me "there is no turning back now", mas a pouca luz e a chuva que começou a cair fez-me voltar para trás no primeiro ponto em que isso era possível. Reinventei o percurso e quando a música voltou ao início já ia quase com 16km. Entrei no dilema de fazer mais uns 5km vs voltar para casa na hora que tinha estipulado. Optei por regressar. Às 20:00 em ponto tocou o sino da torre do mercado aqui à porta. Andei rumo ao jardim para não parar de repente e para alongar. Missão cumprida!


Feliz pela distância, pelo ritmo, por ter metido na cabeça que ia fazer este treino hoje e não ter mudado de ideias. Não fazia um treino tão longo desde a lesão e estava a precisar disto para me testar.

Mas há mais! Resguardei-me na primeira metade para depois aumentar o ritmo na segunda parte. De início até nem foi propositado, mas à medida que os quilómetros iam passando percebi que ainda podia dar mais - e dei!

Curiosamente percebi isso com a ajuda da banda sonora. Na altura que acelerei foi ao ritmo da música e depois mantive o andamento.

Agora segue-se um treino bastante importante amanhã para abrir as hostilidades em relação à corrida cá da terra. E depois volto ao Troféu das Localidades, em Tercena. Ainda não vi bem a altimetria dos 8,5km para estudar como quero fazer a prova.

O que sei é que estou muito tentado a apostar numa gracinha nos Sinos. A ver vamos.

Despeço-me com... felicidade, ao som da chuva forte que entretanto caiu enquanto escrevia este texto. Escapei-me de boa só com umas pingas modestas.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Family


Dedicado à minha equipa e à camisola que eu visto. Sem vocês nada fazia sentido.


Dengaz - De Onde Eu Vim (Ahya Family)

 (...)

Nós fazemos isto bem
Eu sei que eles tomam notas (bro)
Então eu sei que tou no sítio certo (bro)
Isto é o meu people
Isto é o meu gang
Isto é o meu team, bro
Isto é a minha fam
É carinho e power como eu nunca vi
Coração e palco cheio da família que eu escolhi
(...)
E sei que eles não entendem
Como é que eu estou aqui
É que eu faço isto pela fam' fam' fam' (my family)






sexta-feira, 17 de março de 2017

5as feiras mágicas

Nota-se muito que eu estava com saudades de correr à séria? Neste momento cada treino que faço é passado com a emoção de quem está numa prova olímpica.

Já por aqui disse que gosto muito do treino das 5as feiras. O grupo é diferente do treino das 3as, embora o núcleo duro seja o mesmo. O próprio facto do ponto de encontro ser noutro local de cidade faz com que haja esta diferença, mas o espírito é o mesmo, a união é igual.

Hoje, tal como na 3a, todo o grupo foi impecável com a nova colega e com toda a gente que precisou de uma força extra. 

Deu para voltar a brincar aos segmentos do Strava. Deu para eu pulverizar o meu record num deles e depois quase bater o tempo que fiz na semana passada no outro. Gosto de me sentir assim, não necessariamente pelos tempos mas porque me divirto no processo e porque vejo todos animados à minha volta. Independentemente de irem a correr ou a caminhar, se for preciso. O que interessa é ir.

Esta 5a feira também foi mágica porque antes do treino de equipa (foram 7,5km) tive outro treino (de 5,2km) onde continuei a dar apoio individual a uma pessoa que achou ser o momento ideal para experimentar começar a correr. A minha função é escolher o percurso e ir dando motivação - ou seja, ao meu estilo é ir conversando e ser um bocado palhacinho a dizer/fazer disparates. Parece adequado para mim. Tem resultado e é para continuar. Gosto disso.

Fazer dois treinos no mesmo dia - sobretudo só com uma hora de descanso entre eles - não é habitual em mim. A única fez que o fiz foi em Setembro do ano passado quando fiz uns 13km por aqui antes de ir fazer os 12,5km da Wine Run. Agora que penso nisso, o percurso dos últimos abastecimentos não foi difícil por causa do vinho como eu desconfiava, eu é que estava cansado do duplo treino.

Agora toca a descansar. Ainda falta para o objectivo MMDV e antes disso quero estar bem nos Sinos.
E antes, durante e depois disso quero continuar a correr feliz. Nothing else matters.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Equipa, com E maiúsculo.

Quando eu comecei a correr, corria sozinho. Corria de forma esporádica, quando tinha tempo, sem grande plano e sempre a direito. Metia os phones nos ouvidos e ia. Pensava em tudo e não pensava em nada.

Uns tempos depois comecei a usar uma aplicação no telemóvel para controlar o que fazia e achava piada ver se ia melhorando. Até que vi o primeiro treino do que é actualmente o nosso grupo e fui. Sem hesitar, mas sem saber ao que ia. Passado o primeiro quilómetro já estava sozinho na cauda do grupo e a ficar longe de todos. Tinha entrado noutro mundo, aquilo era tudo gente cheia de experiência e com um andamento brutal para mim. Felizmente tive apoio e já disse e repito que sem essa ajuda não teria voltado para o treino seguinte.

Ontem éramos 12 pessoas no treino, uma delas a fazer a sua estreia e cheia de medo de não conseguir aguentar o andamento. Tentei tranquilizá-la, como fazemos com toda a gente que vai pela primeira vez. Ninguém fica para trás, o último é sempre o mais importante. Assim foi durante todo o treino.

Sem combinarmos entre nós - os mais "séniores" - ela esteve sempre acompanhada por duas ou três pessoas que nunca a deixaram sozinha e sempre lhe foram dando dicas para a ajudar e força para continuar. Um simples olhar para trás e levantar de polegar era o suficiente para os da frente saberem que estava tudo ok. Um sentido de consciência e de responsabilidade fazia com que de vez em quando alguém da frente viesse ter com ela para trocarmos e para dar a possibilidade de também podermos acelerar um pouco. E quando o percurso permitia quem ia à frente dava mais uma volta ao quarteirão para deixar o grupo da nova companheira passar para a frente durante uns bons metros até reagruparmos todos novamente.

Ontem também tivemos um outro amigo que nos fez uma visita. Ficou agradado com a nossa forma de agir e partilhou comigo que ainda no fim de semana tinha ido correr noutras paragens e que tinha levado um colega. Disse que acabaram por fazer um treino de 10km a 5:30m/km e que ficaram sozinhos porque todos os restantes cerca de 20 elementos que estavam presentes voaram por ali fora e foram todos a um ritmo elevado deixando para trás quem não conseguia acompanhar. Dizia-me ele também que era fantástico conseguirmos manter esta nossa identidade. Já no domingo os nossos amigos tagarelas elogiavam a nossa facilidade de integrar novos elementos no grupo, de ter um espaço aberto a todos independentemente do ritmo, do andamento, da capacidade física. 

Ontem a nossa nova colega - já a posso tratar assim, que ela tem um objectivo definido em mente e vai voltar amanhã - a certa altura perguntou que distância já tínhamos feito. Que achava que eram uns 2km e que estava contente porque pensava que ia cair para o lado ao fim de 500 metros. Já íamos com 3,5km. Ela acabou com 7kms feitos - sempre acompanhada e radiante com o que tinha conseguido alcançar - e alguns de nós fizemos uma volta maior para fazer 10km.

Com isto tudo fui para casa com um sentimento de dever cumprido e hoje acordei feliz também e a precisar de atirar cá para fora esta alegria. Eu sei que este texto é um auto-elogio, mas acima de tudo é sincero. No dia 23-05-2014 fiz 9km nestas condições. Deram-me a mão quando precisei. Acabei exausto e feliz - e já tinha feito 10kms antes algumas vezes. Quase 3 anos depois continuamos a fazer o mesmo por outra pessoa. 

Venha quem vier, ninguém nos retira a identidade. Nunca!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Quando é que adiciono esta palavra do dicionário do telemóvel?

Passei a semana inteira a dizer disparates de forma involuntária sempre que falava da prova de hoje.

"Leão", "Leitão" e até "Lesão" eram algumas das palavras que apareciam sugeridas e para as quais o dicionário do telemóvel corrigia sempre que eu dizia que ia fazer a prova de Leião do Troféu das Localidades.

Regressei à companhia dos meus amigos tagarelas que tenho acompanhado nestas provas. Eles sempre com carradas de gente, eu quase sempre como intruso convidado. Ficou hoje o desafio de correr em nome deles para o ano, caso haja novamente poucos ou nenhuns participantes da minha equipa. Sempre ajudo com uns pontinhos e de certeza que ninguém com bom senso me vai criticar, até porque não há dúvidas em relação à minha fidelidade pelo símbolo pelo qual corro.

Desta vez pouco vi em relação ao percurso. Pelas conversas confirmava-se que a prova da Outurela foi a mais dura de todas até ao momento mas diziam que esta prometia ser pior. Vi a altimetria e parecia-me perfeitamente na mesma linha das provas que já fiz no troféu das localidades. Uma longa subida de quase um km à passagem dos 2km em direcção ao Tagus Park e um carrossel de sobe/desce até ao último km que era uma grande subida antes da aproximação à meta.

O tempo não ajudava com mudanças bruscas de sol quente e vento frio. Os relatos vindos do sector feminino após acabaram também diziam que se tratava de um percurso muito difícil - e elas só faziam 5km. Mau...

Tudo pronto para a nossa partida. Hoje levei música - banda sonora nova e tudo - e concentrei-me no que ia ouvindo e que tenho ouvido em loop durante toda a semana. Rapidamente via os kms a passarem sempre a um ritmo vivo que quebrou um pouco - mas dentro do esperado - na longa subida. Como tudo o que sobe tem que descer, disparei na descida e mantive-me forte e concentrado ultrapassando vários atletas que me tinham passado a subir. Sentia-me bem e ia quase sempre rodeado por atletas da casa, alguns em dificuldades a subir. Pensei que se esta malta treina naquelas ruas e mesmo assim tem dificuldades então eu estaria tramado no fim. Só que não.

Nem a última subida me parou. Nunca caminhei - ao contrário do que aconteceu em Barcarena na última prova do troféu que tinha feito. Quando dei por mim tinha a meta à vista. Sem dores, sem stress, sem sofrer. Cansado qb. E pronto para o lanche partilhado que a malta faz sempre no fim antes de ver as classificações gerais finais. (Fui 48º em 55 participantes do meu escalão. Dificilmente posso almejar a melhor dada a competitividade do troféu).

Não achei a prova assim tão dura. Não que seja fácil, mas não me custou por aí além. Melhor preparação? Expectativas demasiado pessimistas dos restantes colegas? O meu ritmo médio final foi de 5.30min/km, perfeitamente dentro do esperado para o tipo de carrossel da prova e o tipo de preparação que tenho depois da paragem. Venha a próxima.

Faltam 77 dias para a Meia Maratona do Douro Vinhateiro, mas até lá ainda há muitos quilómetros e algumas provas importantes para fazer.

Prova nº 55 - Troféu das Localidades (Sintra, Oeiras e Cascais) - Grande Prémio de Atletismo de Leião - 7,750km - 41:55

sexta-feira, 10 de março de 2017

Segmento

Depois de um dia carregado de simbolismo, de choros, de abraços, de reencontros (bons, quero acreditar), de uma caminhada penosa e silenciosa. Depois de um dia cheio de fortes emoções à flor da pele, tinha que vir um momento de atirar tudo cá para fora. Um momento de correr.

Hoje éramos 15 e alguns de nós tínhamos um desafio combinado. Tal e qual putos de secundário estava previsto para hoje um muito saudável picanço numa das rectas que costumamos fazer e que tem um segmento no Strava. Na 3a éramos para lá ir mas eu sugeri deixar para hoje e ainda bem que assim foi porque estávamos quase todos os envolvidos e que usam a aplicação.

O resultado foi este. 600 metros de pura velocidade:


Aguentei-me bem até metade mas não tive pedalada para manter o ritmo até ao fim. Mesmo assim tirei 14 segundos ao tempo que tinha aqui e que tinha sido feito na semana antes da Maratona. Lembro-me perfeitamente desse dia em que eu e outro dos colegas de hoje não resistimos ao sprint. E quando acabei tinha toda a gente a dizer-me para não ser doido e não me lesionar numa brincadeira destas tão próximo do Porto!

O que isto hoje significou para mim - para além do espírito alegre que se viveu em todo o treino e que teve o seu expoente máximo neste desafio - foi um reforçar da motivação. Ver que estou a conseguir entrar nos eixos, puxar um pouco mais pela máquina mesmo que em doses pequenas e ela responder de forma positiva. Venham mais destes. Foi o treino certo no dia certo.

Domingo há mais, no troféu das localidades em Leião. A banda sonora já está escolhida, cortesia de uma descoberta interessante na playlist aleatória do YouTube.

"I need a savior to heal my pain
When I become my worst enemy
The enemy

Take me high and I'll sing
Oh you make everything okay (okay, okay)
We are one and the same
Oh you take all of the pain away (away, away)
Save me if I become
My demons"

quinta-feira, 9 de março de 2017

Até sempre!

Aproveitem a vida. Divirtam-se a cada segundo.
Vivam! Aos 15, aos 22, aos 33, aos 45, aos 67, aos 99.
Vivam ao máximo porque tudo termina sempre rápido demais. Mesmo quando se vive 100 anos.




"100 Years"
Five for Fighting 

I'm 15 for a moment
Caught in between 10 and 20
And I'm just dreaming
Counting the ways to where you are

I'm 22 for a moment
And she feels better than ever
And we're on fire
Making our way back from Mars

15 there's still time for you
Time to buy and time to lose
15, there's never a wish better than this
When you only got a hundred years to live

I'm 33 for a moment
Still the man, but you see I'm a "they"
A kid on the way, babe.
A family on my mind

I'm 45 for a moment
The sea is high
And I'm heading into a crisis
Chasing the years of my life

15 there's still time for you
Time to buy and time to lose yourself
Within a morning star

15 I'm all right with you
15, there's never a wish better than this
When you only got a hundred years to live

Half time goes by
Suddenly you’re wise
Another blink of an eye
67 is gone
The sun is getting high
We're moving on...

I'm 99 for a moment
And dying for just another moment
And I'm just dreaming
Counting the ways to where you are

15 there's still time for you
22 I feel her too
33 you’re on your way
Every day's a new day...

(oh oh ohs)

15 there's still time for you
Time to buy and time to choose
Hey 15, there's never a wish better than this
When you only got a hundred years to live

domingo, 5 de março de 2017

Dupla vitória

Este fim de semana marca, claramente, um pouco de viragem neste início de ano atribulado.

No sábado a nossa equipa organizou em parceria com a autarquia uma caminhada de 8 kms, inserida na comemoração do Dia Internacional da Mulher. Um evento gratuito que juntou 400 pessoas (como era de esperar nem todos os inscritos apareceram) e que teve um feedback fantástico por parte das participantes! A autarquia tratou da logística, nós tratámos das inscrições - que eram obrigatórias - do percurso, da publicidade - quase em exclusivo via Facebook - do contacto com outras entidades que apoiaram o evento com animação (zumba no início e alongamentos no fim) e outro tipo de ofertas.

O resultado foi uma mancha cor-de-rosa na cidade. E um sorriso rasgado de orelha a orelha da nossa parte. Aqui entre nós, o orgulho pelo sucesso da coisa foi tão grande que quando descomprimi deste mês louco quase chorei de alegria!






No meio do frenesim que foi este dia, o ponto alto para mim foi perceber que foi oficialmente anunciado um novo evento para Junho, algo que já tinha sido mencionado em reuniões connosco mas que nunca tinha sido confirmado. Estamos "tramados", mas vamos lá a isso que o bichinho ficou lá! E ainda angariámos uma série de bens alimentares para distribuir por duas instituições da cidade:



No domingo, o regresso às provas na Corrida das Lezírias. 15,5kms para quem não está a regressar lentamente depois de lesão, mas eram para fazer com calma. Meti o ritmo (5:30/km) que queria no início e aguentei-o até aos 8kms. A partir dessa altura ia ter problemas e eu já sabia disso. Não necessariamente pelo ritmo mas porque o retorno na Lezíria era feito por um caminho de terra que eu previ que ia estar cheio de lama devido à chuva dos últimos dias. Já o tinha dito no carro a quem não conhecia a prova: na ida a terra batida é boa, no regresso não!

Quando, ao fim de 4km, deixei a lama para trás estava mais desgastado do que queria e não consegui voltar ao ritmo, mas não me deixei abater e continuei tranquilo até ao fim. Tinha o objectivo de fazer entre 1:25 e 1:30. Sabia que ia fazer pior que em 2016 (1:24) e melhor que 2015 (1:33). Fazendo as contas, a lama tirou-me uns 3 minutos ao meu tempo final, mas mantive-me dentro dos tempos que tinha balizado. Ia tão desligado dos tempos que até disse a um colega que no ano passado fiz 1:22, mas como não fui espreitar os registos enganei-me e disse-lhe o tempo dos Sinos 2016.

Acabei tranquilo, cansado e feliz. Dores na perna: ZERO! Nada, nem aquelas dores psicológicas de quem sabe que esteve lesionado. O que eu sei que tenho agora é falta de ritmo, mas isso resolve-se com o regresso aos treinos regulares durante a semana. Felicidade dupla neste fim de semana!

Numa pequena (grande) nota, o meu desagrado com as gentes de Vila Franca de Xira que saíram à rua para ver a corrida. Ao regressar da ponte e entrar novamente na cidade havia alguns espectadores no passeio, mas zero apoio - excepção feita às crianças que esticavam a mão. Ao meu bom estilo gritei a plenos pulmões a pedir palmas e barulho, ao ponto de - acho eu - ter assustado a atleta que estava ao meu lado na altura. E ela concordou comigo e respondeu-me que nós é que estamos de rastos e ainda temos que puxar pelo público. Ainda repeti a dose pouco depois noutra zona e ao chegar à meta tive essa confirmação visto que umas das pessoas do grupo que estava de fora a apoiar confessou ter-se sentido olhada de lado por toda a gente quando bateu palmas a um dos nossos. Não teve coragem para repetir e acabou por ir até à meta onde era mais seguro mostrar apoio.

Tendo em conta que Vila Franca é uma cidade com a qual tenho uma forte ligação pessoal acabei por ficar muito desiludido com tudo isto. Eu sei que em Portugal isto é normal, mas passámos grande parte do tempo pré-corrida a falar das provas de Mafra e Peniche (curiosamente ambas também de 15km) e onde o ambiente é completamente diferente, sobretudo nas Fogueiras.

Agora é continuar a trabalhar. A motivação está a regressar e com ela a boa forma há-de voltar também. O próximo teste é a Corrida dos Sinos, com uma prováveis incursões pelas provas do Troféu das Localidades nas próximas semanas que serão encaradas como treinos mais puxados.

 Prova nº 54 - Corrida das Lezírias - 15,5km - 01:29:08