domingo, 24 de junho de 2018

"...em Setembro conversamos."

Em Março, no rescaldo daquela prova única que foi a Meia Maratona do Eixo Norte-Sul, escrevi o seguinte:

"Foi a minha 15ª Meia Maratona e foi a 5ª que terminei abaixo das duas horas. E se a ideia é apagar resultados menos conseguidos do passado, então alguém avise a Meia das Lampas que em Setembro conversamos."

Como sou pessoa de cumprir com as minhas promessas, a inscrição foi feita a meia da semana e paga hoje. Será sempre feita já bem dentro da preparação para a Maratona do Porto em Novembro, mas com a ideia de fazer melhor do que fiz na única vez que tive o prazer de estar presente nesta prova.

42ª edição - número mítico!


Depois há várias particularidades que me faziam querer regressar este ano como o facto de ser a edição número 42. E o facto da prova se realizar nas proximidades do meu aniversário faz com que tenha por ela uma estima particular. Num destes anos há-de calhar no próprio dia e desconfio que lá estarei nessa edição. Este ano há outra novidade interessante: a Meia Rampa!

Quem conhece o percurso sabe que passamos pela meta aos 13km, portanto este ano vai haver uma prova exactamente com essa distância para quem não se quiser aventurar na Meia Maratona. Assim de repente, e sem fazer grandes pesquisas, desconfio que seja a única prova de estrada desta distância no calendário. E quem "só" fizer este percurso já fica com uma excelente ideia da razão pela esta prova é carinhosamente apelidada da Meia das Rampas. Para quem não conhece, a altimetria dos 21km é assim:

Lindo!!

Vamos a isso, que o meu plano de treinos para o Porto é de 20 semanas e já começou na segunda-feira sem eu ter reparado. Querem vir às Lampas? Vejam aqui, vá.

sábado, 23 de junho de 2018

Desafio: profissionalismo!

Vou ser breve e vou direito ao assunto. Fiquei satisfeito por isto. No dia 30 de Maio ficou tudo acertado para ser compensado com a inscrição no evento do dia de hoje, depois do infeliz engano na prova no Jamor. Tudo ok, e-mails guardados para referência futura, fiquei descansado.

Tudo mudou quando ontem à noite tive finalmente resposta ao meu pedido de confirmação de horários e de lista de inscritos. "Apareça!" foi a resposta que me deram, mas, como eu já receava, o meu nome não constava na lista. "Sem problema" li hoje de manhã, seguido de um pedido de confirmação de dados e do desafio onde queria ser inscrito. Depois de ter dormido super mal e de ter acordado em qualquer vontade de participar, esta resposta absurda deixou-me a ferver. Tinha ficado tudo tratado no dia 30 de Maio e a informação estava toda naquela troca de e-mails. Estava tudo no e-mail anterior, mas nada foi feito. 

Incompetência, falta de profissionalismo, incapacidade em manter a palavra e um desrespeito total onde nem um pedido de desculpas recebi: foram estas as razões que me fizeram desistir de participar nesta prova, mesmo com a promessa recebida esta manhã que o meu nome acabaria mesmo por constar na lista de inscritos.

Assim sendo, apesar de adorar o conceito e a experiência de correr em pista, terminou definitivamente o meu interesse em qualquer futura prova do Challenge 3000. Eu sou apenas uma gota de água no meio do vasto oceano de atletas que todas as semanas participam em provas por tudo o país. Sei que não sou ninguém, sou apenas mais um no pelotão. Estar ou não estar é igual, portanto ambos vamos seguir o nosso rumo, mas de forma separada. O Challenge 3000 vai continuar a ter atletas a participar e eu vou continuar a participar em provas. E seremos ambos muito felizes longe um do outro.

Até sempre, Challenge 3000! 


sábado, 16 de junho de 2018

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Corrida Volkswagen

Se há uma palavra que pode definir o que tenho sentido desde o Douro Vinhateiro, essa palavra é "ressaca". Desde então até ontem, apenas tinha corrido uma vez, num evento que fizemos em Lisboa e apesar de ter sido um treino com alguma altimetria, foi sobretudo uma brincadeira para o convívio com bastantes paragens para fotos de grupo.

Conheço perfeitamente este processo de ressaca, já tinha passado por ele logo a seguir à primeira maratona. Uma pessoa está muito focada num objectivo e quando ele está concluído (e felizmente com muito sucesso) rebenta aquela bolha de excitação que andou a crescer gradualmente até ao dia 27 de Maio. Já reconheço os sintomas e sei lidar com eles melhor, o que não invalida que não pudesse ter feito mais para lutar contra esta inércia consciente que se gerou.

Mas não foi tudo, não senhores. Neste fim de semana em particular houve outra "ressaca", aquela causada pelas jolas (a minha nova palavra favorita) no sábado à tarde e pelo vinho branco no jantar de aniversário de sábado à noite. Juntemos a isto algum desleixo durante estes últimos dias (hei-de fazer um post sobre as "actividades extra-curriculares" que tenho feito) e lá fui eu em bonitas condições correr no domingo a Palmela. As provas do crime:




Ora, era suposto em Junho a minha única prova ser a das Fogueiras, mas para além da questão do Challenge 3000 que já aqui abordei, também tive o privilégio de receber um convite para participar na Corrida Volkswagen através de uma empresa que é cliente de um colega de equipa. E lá fomos nós fazer uma prova que é daquelas que sempre esteve nos meus planos mas na qual nunca tinha participado.

A Autoeuropa é um mundo lá dentro. Não tinha noção da dimensão das instalações e mesmo tendo visto o percurso na página da prova, ainda me intrigava como é que íamos fazer 10km lá dentro. E após ver e rever o mapa, nunca consegui também meter na cabeça o caminho que íamos fazer. Como eu sou uma pessoa muito visual em termos de aprendizagem (obrigado às formações na empresa que me ajudaram a descobrir isto ao longo dos anos) preciso de analisar bem os percursos para me conseguir situar durante as provas e isso ontem nunca aconteceu. Não é grave, pensei, isto nem estava na agenda, é só ir atrás dos outros até à meta.

Fomos 7 elementos da equipa até Palmela, encontrámos lá um oitavo para além de alguns outros amigos. A grande curiosidade era mesmo as passagens pelos corredores junto às linhas de montagem da fábrica e nessa zona éramos brindados também com bastantes aplausos dos funcionários presentes. O tempo estava encoberto e a malta dividia-se entre os que tinham frio e os que não tinham. Eu levei a nossa camisola e vesti por cima a do nosso patrocinador de ocasião, ambas de manga curta, e se havia quem me dissesse que eu ia ter calor, também havia quem achasse boa ideia ter uma segunda camada de roupa. Como ambas as camisolas até têm o mesmo padrão de cor, não estranhei e ambas de acabaram por fundir numa só. Uma coisa certa era que o boné ia servir mais para proteger da chuva do que do sol.

À medida que se aproximava a hora de início da prova, o espírito ia entrando e após os votos finais de boa sorte não foi surpresa que eu tenha começado logo em bom ritmo a tentar fugir à confusão inicial da partida. Apesar do espaço ser largo, havia imensa gente e muitos zigue-zagues. Não tinha nenhuma estratégia definida, para além de dizer ao corpo que aqueles 10km eram a minha punição pelo que tinha andado a fazer nos últimos tempos, portanto era para os fazer até ao fim sem me queixar. Aguenta e não chora, rapaz!
Tentei ir atrás da dupla de colegas mais rápidos e durante os primeiros 3km ainda os fui acompanhando primeiro ali perto e depois cada vez mais longe até deixar de os ver no meio do pelotão. Foi mais ou menos quando percebi que estava a ficar sem pernas para o ritmo a que ia e moderei o esforço. Achei que tinha, pelo menos, ganho margem suficiente para gerir o resto da prova por forma a terminar abaixo dos 50 minutos e honrar não só a nossa camisola mas também a camisola extra que tinha vestida. E lá fui sem pensar em muito mais.

As passagens pelas linhas de montagem foram, de facto, interessantes. Tentando não perder o ritmo ia espreitando em volta para conseguir capturar alguns detalhes do interior e de todas aquelas peças do puzzle que acabam por formar os carros que dali vão saindo. E lá dentro não chovia, ao contrário do que ia acontecendo cá fora. Uma chuva não muito intensa, mas constante que se fez sentir durante um terço da prova, talvez. 
Outro ponto de interesse foi a pista de testes cá fora. Suponho que é o local dos testes dos travões e afins. Mais ou menos como aquilo que encontramos quando vamos com o carro à inspecção, mas ali estendia-se por quase um quilómetro de distância. Foi aqui também que havia um retorno que me permitiu ver praticamente todo o resto da equipa e fazer a festa quando nos cruzámos todos.

Depois deste ponto faltavam 2,5km e era altura de focar na meta que nunca mais chegava. Ao entrar nos pavilhões das linhas de montagem o sinal de GPS tinha sido perdido, portanto era impossível contar com as médias do relógio para saber a quantas andava. Acabou por me marcar 9kms no final da prova. Olhando para o tempo decorrido mantinha a convicção que abaixo dos 50 minutos era garantido e tive essa garantia quando tinha 44 minutos ao passar a placa dos 9kms. Só um infortúnio me faria fazer 6 minutos no quilómetro final e fiz um último esforço para terminar o melhor possível. E consegui.

Depois da prova veio um momento de maior tristeza ao saber que um amigo tinha caído a cerca de 300 metros da meta e veio a confirmar-se depois que fracturou duas costelas. E aqui veio um daqueles momentos de entre-ajuda que me faz orgulhar de estar neste mundo. Quem ia mesmo atrás do nosso amigo era o meu mentor que ia a acompanhar uma colega nossa rumo a um bom tempo, mas pararam imediatamente para o ajudar e foram chamar ajuda da organização (para além de entrarem logo em contacto com a mulher dele que aguardava na meta) e só o deixaram quando já estava na companhia dos bombeiros. Provas há muitas e foi mais uma confirmação de que aprendi tudo o que sei com a pessoa certa.

Aprendi - ou recordei - também outra lição. Logo na meta percebi que a nossa enfermeira bateu o seu record aos 10km e vendo os resultados mais a frio percebi que o mesmo aconteceu com um dos colegas mais rápidos que eu (ou com ambos até, não tenho a certeza). Para além da muita felicidade pelos resultados deles fica no ar a ideia que eu poderia ter conseguido o mesmo se não tivesse andado mais na balda nos últimos tempos. É que olhando para o meu próprio resultado final acabei por não ficar nada longe. Obviamente que não tenho nenhuma obsessão com os tempos e esta prova nem fazia parte do calendário, mas é a prova de que não podemos/devemos baixar a guarda em nenhum momento porque há oportunidades que aparecem que podem ser únicas e temos que estar preparados para as agarrar com ambas as mãos ambos os pés. Por outro lado, há mais da vida para além das corridas, portanto não me arrependo de nenhum dos momentos de lazer e de nenhuma das jolas. Mal seria se assim fosse. Venham mais: corridas e jolas! Já disse que jolas é a minha nova palavra preferida?

Prova nº 88 - Corrida Volkswagen 2018 - 10km - 00:48:42