domingo, 1 de julho de 2018

Fogueiras 2018

Quarta participação na Corrida das Fogueiras em Peniche. Já disse - e repito - que é uma prova única no nosso país ao nível do apoio aos atletas. Qualquer comentário que se faça não faz juz àquilo que se sente quando estamos a correr nestes 15 quilómetros. Quem não conhece a prova, que a vá fazer um ano e garantidamente que vai sempre querer voltar. Prometo!
 
O meu resumo desta prova traduz-se em:
 
- 127 "high-5" que dei a crianças durante todo o percurso
- 20 "Bora lá Peniche!"
- 14 "Essas palmas pessoal? Não estou a ouvir nada!"
- 12 "Toca a fazer baruuuulhooooooo!!!"
- 1 festinha a um cão ao colo de uma menina

E ali por volta do quilómetro 6, antes de entrarmos na zona do Cabo Carvoeiro, dizia um atleta da casa que "está tudo com ar tão sério que parece que toda a gente está a correr para ganhar medalhas e nem agradecem o apoio do público!". Respondi-lhe que ao ritmo que estava ou falava ou corria, mas que batia palmas a todos os espectadores como agradecimento. No total, fi-lo durante 437 vezes. 

"Ena, que exagero, és mesmo parvo, pá!"
Para quem estiver a dizer ou a pensar isto - inscrevam-se na edição de 2019 e depois conversamos.

Não é segredo nenhum que esta é das provas que eu mais anseio durante todo o ano, até porque normalmente marca uma espécie de final de época antes das férias de verão e - desde há uns anos a esta parte - o início do plano de treinos para a Maratona do Porto. Infelizmente, este ano a vontade era menor que o habitual, fruto de uma semana meio estranha e que culminou com uma série de problemas pessoais que serão resolvidos de forma pouco ortodoxa e que vão marcar um ponto de viragem em algumas das rotinas. Mas isto são contas para outro rosário...

Fui reler relatos de outras provas e percebi que normalmente tenho o mesmo tipo de discurso. Ah e tal, tive uma semana péssima, aconteceu-me X, Y, e Z mas depois fiz uma prova do caraças e superei as minhas expectativas. Não vou sequer entrar por aí, mas assim de repente quase que me aconteceu o abecedário inteiro. Não há volta a dar, a vida às vezes mete-se no meio das corridas e isso chateia, desanima, irrita, dá cabo da motivação... Porquê? "Porque a vida não é só corrida", nas sábias palavras de um amigo meu. Continuando...

Eram exactamente 4:00 da madrugada quando me atirei para cima da cama, depois de chegar a casa e tomar um grande banho que me fizesse tirar - ou pelo menos disfarçar - o cheiro a sardinhas que estava impregnado na roupa e na pele e dentro do carro no qual tive que voltar a pegar já hoje pelas 9:00. E ter ido dormir a essa hora significou que a noite de sardinhada depois da prova valeu muito a pena e foi o tónico para minimizar tudo o resto daquela coisa, a vida. 

Quando a meio da noite uma colega de equipa (que tinha feito a estreia na prova) me perguntava a quem é que tinha que pagar a senha da entrada no recinto eu ri-me bastante por dentro e ri-me muito com ela quando lhe confirmei que fazia parte da inscrição. "A sério, uma prova espectacular e ainda temos direito a isto?". Sim!

Sardinhada depois da prova! Só por isto vale a pena ir às Fogueiras!

Pronto, agora que já disse uma disparates sem grande nexo e já vos fiz perder o interesse no texto, deixem cá escrever alguma coisa com pés e cabeça. Parti para as Fogueiras depois de uma semana e tal sem treinos, mas com muitas caminhadas para me manter activo. Acho que ainda estava na ressaca da questão do fim de semana anterior com um misto de preguiça pura que tentei esconder atrás de sintomas - verdadeiros - de constipação e de dores de garganta. Devo ter andado a fazer uma média de 3km por dia a caminhar com destaque para a ida na 5a feira depois do trabalho até à sede da Xistarca em Alcântara - só aí foi uma caminhada de exactamente 3km - e da ida até à FIL na 6a feira para a Feira Internacional de Artesanato onde ma fartei de andar pelos pavilhões. Mais um tópico para as muitas actividades extra-curriculares que me têm acontecido ultimamente.

A ida até Peniche foi tranquila, mais ou menos bem combinada e com planos de muita festarola depois da prova. A problemática da selecção jogar - novamente, tal como em 2016 - fez com que todo o pré-prova fosse feito com base no horário do jogo. Mesmo assim, acabámos por ir equipar durante a segunda parte e ficar a ouvir o relato nos carros. Infelizmente o resultado não foi igual ao do Euro onde naquela noite ganhámos à Croácia no prolongamento. O que eu tenho a destacar é o facto da derrota e da eliminação do Mundial não ter esmorecido o apoio popular durante a prova. Obrigado por isso!
 
Rumei tranquilamente com parte da equipa até à Onda Amarela, sabendo novamente que não iria terminar a prova com um tempo correspondente - teria que ser abaixo de 1:15, portanto teria que bater o meu RP na distância. O resto da malta foi para a Onda Azul, excepto o nosso amigo flecha que foi lá para a frente e fez a prova numa hora e só não fez melhor porque tinha passado a semana altamente constipado e cheio de febre. Ah valente! (Perneta, quando cá vieres ler, é o tal atleta!)

Tentei impor um ritmo a rondar os 5:00m/km até onde fosse possível e estava a correr bem, mesmo tendo em conta os quilómetros iniciais onde o percurso é estreito até chegarmos à BP e ao respectivo retorno. As coisas iam correndo dentro do esperado, era só ir mantendo o andamento sem esticar mais. E começava o festival dos high-5, das palmas, do público e do meu sorriso quando me liam o nome no dorsal ou na camisola e chamavam o meu nome.

Na subida até ao Cabo Carvoeiro percebi que tinha baixado ligeiramente o passo e depois quando lá cheguei fiquei com a clara impressão que essa zona estava muito menos iluminada que nos anos anteriores. Havia fogueiras na mesma, mas faltaria provavelmente a lua para dar outro brilho e outra luz ao percurso. Optei por seguir sempre atrás de outro atleta para pisar o mesmo chão, com receio de algum buraco ou algum desnível que pudesse provocar algum contratempo infeliz. Fiz quatro quilómetros ligeiramente acima de 5:30m/km e foram esses que fizeram a diferença no final em relação ao tempo que gostava de ter feito para melhorar ou igualar o de 2017. Sem stress!

Regressando ao centro de Peniche era só mais um pulinho até à meta e ela lá estava à minha espera. Cruzei-a com um sprint final para tentar ganhar uns segundos, mas sobretudo com um sorriso rasgado depois de ter acabado de ver a minha claque pessoal instantes antes junto ao gradeamento. E passei a meta com um chip extra, o do meu "mentor" que estava inscrito e acabou por não comparecer. Levei o meu chip nos ténis como normal e o chip dele junto ao meu dorsal. Uma singela homenagem que vale o que vale e que ninguém reparou - nem mesmo hoje depois de se ver a classificação dos membros da equipa. Nem era suposto repararem, obviamente. Eu é que me senti mais acompanhado a correr assim. E apresento deste já as minhas desculpas por falsear os números totais de finishers...

Meta cruzada, fotos tiradas logo ali, medalha ao peito. Segui até ao local da claque - na altura ainda era uma claque unipessoal e que estava com frio por causa da chuva que apanhou durante a caminhada. Ah sim, eu disse que apanhámos uma bela chuvada durante a prova? Até nisto Peniche mantém-se fiel ao temperamento habitual da zona oeste. O passo seguinte era o habitual: ir em sentido inverso buscar o resto da malta da equipa. O espírito de ninguém ficar para trás não muda e no abraço dado depois da meta quem tinha vontade de chorar era eu. Só porque sim, porque estes momentos me fazem esquecer os tais outros problemas.

Prova concluída, era hora de rumar aos carros para mudar de roupa e ir buscar o resto do farnel para juntar às sardinhas oferecidas pela organização. E a partir daí foi a festa até às tantas! E durante esses momentos os problemas e as preocupações desaparecem. Assim sendo, para continuar com este espírito, hoje já me inscrevi em duas provas. Mais novidades noutro post, um dia destes. Haja pernas!

Prova nº 89 - Corrida das Fogueiras 2018 - 15km - 01:20:25


 

10 comentários:

  1. Estas Fogueiras são imperdíveis … não é uma prova qualquer que me faz deslocar quase 600km para vir fazer uma caminhada :) … e tb não é pela meia dúzia de sardinhas no fim. Mas o ambiente da prova e um fim de semana entre amigos sim. Parabéns por mais uma prova!!! E mesmo não ter dado para falar, pelo menos deu para te ver lá no meio da multidão.
    Aquele abraço


    P.S. O "flecha" fez 1 hora? Era um boa lebre se eu estivesse no meu melhor e ele bem entupido como estava :):):)

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    1. São mesmo! É tudo junto, o ambiente, o convívio no fim, os amigos. Uma pessoa sai de lá com o coração cheio. E agora chega de lamechice! Deu para falar por linguagem gestual, eu pelo menos percebi tudo! LOL
      Grande abraço!

      P.S: Fez uma hora, mas se estivesse bem tinha apontado aos 54 minutos! Credo! :D

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  2. Melhor prova! Só fiz duas vezes, adorei. Curioso, nunca participei na sardinhada! Parabéns pela tua prova, mesmo com esses dias complicados. Venham de lá esses meses mais preenchidos, de provas e treinos, que é o melhor remédio. Um abraço

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    1. Tens que a voltar a fazer! Eu no primeiro ano não participei na sardinhada e ouvi imensas críticas, mas nos seguintes estive lá e com maior ou menor dificuldade a coisa correu sempre muito bem.
      Tem que ser, há que treinar que ajuda a limpar a cabeça e há uma coisa chamada Maratona para se fazer em Novembro! Abraço!

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  3. N!!!
    Depois de ver os teus tempos dos ultimos 4 anos, vou so ali cortar um pulso ou dois.

    Haja pernas, para aguentar a vida e as provas em aue te metes ;)

    Beijinho grande

    PS - Nao me esqueci como se escreve em portugues mas a falta de acentos neste teclado e as letras trocadas torna a coisa a modos que Nao facil.

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    1. M!!!
      Não faças isso, depois como é que apanhas uma garrafa de água nos abastecimentos das provas?
      Haja pernas e tudo o resto! Beijinho!

      P.S: Não faz mal, je compreendo! :P

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  4. Dizes tudo do que são as fantásticas Fogueiras. Uma prova imperdível que este ano muito me custou ser forçado a perder.

    Espero que os teus outros problemas se desvaneçam. Força e parabéns pela prova.

    Um abraço

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    1. Foi com muita pena que percebi que não tinhas mesmo ido. Ainda achei que te fosse encontrar "à civil".
      Obrigado pela força.
      Um abraço!

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  5. Adorei o relato e o resumo :) Fizeste uma bela prova, apesar de tudo!

    Espero que o resto esteja mais calmo e que possas começar a focar-te no que aí vem :)

    Beijinhos

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    1. Obrigado! :)
      Há-de estar, eventualmente, mas o foco há-de prevalecer no que verdadeiramente interessa!
      Beijinhos!

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