domingo, 21 de janeiro de 2018

O regresso ao Trail

Todos nós temos, com maior ou menos regularidade, aquele sonho em que estamos a cair e de repente acordamos, certo? Nos últimos tempos tem sido recorrente acordar assim a meio da noite ou até pouco tempo depois de ter adormecido. Ora o que a minha mente fez foi adaptar este sonho (ou devo chamar-lhe mesmo pesadelo?) às minhas próprias circunstâncias: no meu sonho eu estou a andar/correr e começo a cair até ao infinito porque torci o pé.

Foi precisamente num trail que eu tive uma das minhas maiores lesões precisamente porque torci um pé. Mas também já me aconteceu o mesmo num treino de estrada - poucos dias antes da MM Douro Vinhateiro - e no primeiro treino que fiz este ano. Foi só susto em ambos estes casos.

A minha gritante falta de jeito para andar em percursos que não sejam de estrada afasta-me constantemente de trails e faz-me torcer... o nariz quando sei que é esse o destino. Raramente alinho quando são treinos de equipa e meter-me em provas então está quase fora de questão. Tenho uma falta de confiança brutal quando estou perante uma descida mais pronunciada que, no entanto, é quase inversamente proporcional à tranquilidade com que encaro as subidas.

Não entrei em 2018 com particular vontade de mudar esta minha apetência para o trail, nem faço disso nenhuma espécie de resolução de ano novo, mas a verdade é que a equipa marcou um treino de trail especial para hoje e eu não hesitei em estar presente. Na ementa estavam previstos 20km com a menor quantidade de alcatrão possível. Estava entre amigos e sem pressão portanto sabia que ia ter ajuda em caso de necessidade. Foi curiosa a festa que a malta me ia fazendo à medida que ia chegando. Muitos nunca me tinham visto com coisas como ténis de trail nos pés e mochila de hidratação às costas. A gata cá de casa também mostrou a sua estranheza relativamente à mochila tanto ontem quando a preparei como hoje quando me veio fazer companhia enquanto me equipava.

O que aconteceu durante aqueles quilómetros foi aquilo que esperava. Tive dificuldades em algumas descidas, mas de facto só numa é que precisei de apoio extra por ser íngreme e estar enlameada. Depois não me poupei nas subidas e tentei correr todas as que pude. Uma espécie de preparação para o Fim da Europa. E o desfecho final foi que... gostei. Não estou surpreendido, a minha aversão ao trail nunca foi tanto pelo trail em si (as imperfeições técnicas a descer corrigem-se da mesma forma como uma pessoa em estrada tenta melhorar a maneira como corre em empedrado, por exemplo) mas sim por outras questões que me fazem associar trails e pensamentos e momentos negativos. Um pouco como o Alex na Laranja Mecânica ser submetido a um "tratamento" que consiste em associar imagens de violência à Nona Sinfonia do Beethoven que ele tanto adora. 

Isto não significa que a partir de agora vou passar a inscrever-me que nem louco em trails - apesar de estar nos planos fazer um este ano - mas é um passinho para os voltar a olhar de outra forma. Porque o importante são sempre as pessoas com quem partilhamos estes momentos e que nos fazem felizes e os trails em geral não têm culpa da maneira como eu os passei a observar nos últimos dois anos, mais coisa menos coisa.

Fiquem com algumas das imagens. Acreditem que isto ao vivo é imensamente mais bonito!




Uma boa semana para todos!

6 comentários:

  1. Tive pena de não ter ido... Mas ainda bem que correu bem e que te deixou com vontade de não dizer que não em definitivo ao trail.

    Vai a uma prova (das boas!), aproveita o ambiente e vais ver que gostas mesmo :)

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    1. Vens para a próxima! Também estiveste em boa companhia. :)
      Correu sim, a única coisa foi que me comecei a aborrecer um bocado ao fim de uns 15kms. E os ténis de trail também não são feitos para grandes aventuras. Ou então ainda não têm a rodagem devida ao fim destes anos. :)
      Vou sim, depois hei-de dizer a qual.

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  2. Cada tolo com a sua mania :P ... tenho um amigo, que é "defeituoso" de um joelho, para resumir a coisa, imagina o joelho direito dele como um amortecimento partido (mesmo partido) ... imagina quereres impulsionar um salto com essa perna e a coisa não sair do sitio (pé coxinho com o direito? Nem em sonhos)... pronto, é assim o joelho desse amigo. Agora imagina como é que esse amigo enfrenta as descidas técnicas dos trails onde participa, sejam provas ou treinos (e olha que são muitos treinos desse amigo com os seus amigos) ... imagina o "trambolho" que ele é, desce a caminhar, sempre a ver onde colocar os pezinhos para não resvalar e ir a rebolar por ali abaixo, e demora, demora uma eternidade ... e ouve "bocas" dos amigos, já o conhecem, gozam com ele mas não tem hipótese ... primeiro porque ele não se importa nada, até gosta que o gozem, depois porque ele é o primeiro a gozar com a situação e por fim quando chega às subidas ele dá-lhes uma abada ... (quer dizer, mais ou menos, ou menos ainda ;) ) ... o que quero dizer, que o facto de não conseguir descer como os outros não é motivo para este meu amigo não adorar os trails e o que retira deles. Nas provas de trail é sempre do último 3º, porque reconhece as suas limitações e por isso encara tudo de maneira diferente ... é para acabar, conhecer os locais por onde passa, aproveitar para conhecer (leia-se chagar) pessoas e registar tudo com fotografias (muitas, muitas mesmo). Na estrada a maior parte das vezes é a olhar para o relógio, já vem a competição (q.b.) e as lutas pelos resultados. O que quer dizer é que eu ... cof, cof, cof ... o meu amigo tb tem problemas em enfrentar as partes técnicas do trail, mas adaptou-se ... e adora :) ... tb adora alcatrão e o coração a saltar pela boca. Este meu amigo é uma "Maria vai com todos" :):):)
    Cada macacao no seu galho .... lol
    Grande Abraço e força nessas corridas, seja por trilhos, seja no alcatrão

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    1. Esse teu amigo parece ser um gajo super porreiro para fazer uns trilhos sempre na conversa e depois beber umas imp.. uns finos no final. Eu sem ter um joelho defeituoso sou assim mesmo a descer tal como tu... descreves o teu amigo. Todo cagadinho de medo de ficar cagadinho de lama se der um trambolhão ou de me partir todo, literalmente...

      Mas como dizes, os locais e a vista valem muito e são sempre uma maravilha para mais tarde recordar e é isso que uma pessoa retira destas voltas.

      Grande abraço e muito obrigado por teres partilhado esse testemunho. É bom saber que há por aí mais como eu!

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  3. Quando estamos com amigos tudo se torna melhor!!!
    E quando há mega petiscada no final ainda melhor...
    Como é?? Dia 4??
    **

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    1. Dia 4 não sei... Acho que vai mesmo ficar para o outro de dia 22... :)

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