segunda-feira, 1 de maio de 2017

Maio, o 1º

"Próxima meta: Corrida 1º de Maio, onde vou novamente atacar o record dos 15km. Porque estando bem comigo mesmo a única coisa que faz sentido é dar 110% para melhorar os meus registos. Sempre entre amigos, sempre a sorrir."
Foi isto que escrevi no rescaldo da Scalabis Night Race. Salto já para o desfecho ou mantenho o suspense?
Depois do fim de semana de Páscoa disse que ia ter uma semana regrada, sem tocar em doces e em bebidas alcoólicas. Não que abuse da bebida, atenção, mas o calor já pede uma cervejinha e não nego um copo de vinho à refeição caso se proporcione. Ora, no dia a seguir à Scalabis tive um dia de aniversário e de grande festa portanto compensei todas aquelas cervejas que não bebi, para além de ter visitado com frequência a mesa dos doces. Descompressão total. O problema é que muitas das sobras vieram para casa e mantive-me nessa onda menos regrada toda a semana.
Talvez com isso a pesar no subconsciente, acordei com pouco espírito e pouco motivado. Éramos poucos hoje e todos os olhos estavam em mim para obter um grande resultado, até porque duas das colegas tinham ido ontem a um trail e hoje iam só rolar com muita calma.
Como é normal fiz a minha análise habitual ao percurso e comparei com o ano passado. Para chegar onde queria tinha que atacar na primeira metade, sobretudo na descida para depois me aguentar na Almirante Reis até ao Areeiro. Sabia perfeitamente os ritmos que tinha que fazer, chegar ao Rossio com média abaixo de 5m/km e subir o mais próximo possível dos 5:30m/km para perder o menor tempo possível.
Tudo corria bem na primeira metade. Passou-me pela cabeça que era porreiro serem só 10km e já só conseguia pensar na subida. Curiosamente nessa altura ia ao lado de um grupo de atletas e num momento entre duas músicas ouço um deles dizer que a prova não acaba ao chegar ao Areeiro como muita gente "pensa". Dali até à meta ainda há mais 3kms para fazer. Sorri, mas sabia que terminando bem a subida nada me iria parar. As primeiras passadas a subir não me agradaram. Chegou o receio de quebrar física e psicologicamente. Nesta eterna questão de cabeça vs tecnologia hoje ganhou o relógio porque me foi dando sinais que o ritmo era bom. 5:15/5:20, raramente andava mais devagar que isto e só tenho um km acima de 5:30.
Lisboa não costuma ser pródiga em apoio em dias de prova. Na zona do Rossio e Martim Moniz havia imensos turistas muito eufóricos à nossa passagem, mas o que gostei mesmo de ver foram as inúmeras camisolas amarelas do Correr Lisboa pelo percurso, sobretudo na subida. Já fiz questão de dizer que mesmo não sendo Vicente senti esse apoio e foi fundamental nos momentos críticos. E quem me lê já sabe o quanto eu gosto de puxar pelo público de dentro para fora.
12km, final da subida, uma hora de prova. 3kms para fazer em 15 minutos. Senti um arrepio igual ao que acabo de sentir ao escrever esta parte do texto. Terminando bem a subida nada me iria parar! Já só via a meta, já ao imaginava a entrar no estádio e a terminar em grande estilo.
E consegui, caramba! Aqueles últimos quilómetros passaram literalmente a correr. Um crescendo de emoção que só terminou nos metros finais da pista onde tive o final desejado e ansiado. Já pensei em como descrever a chegada mas aquilo de não haver palavras não é só um cliché. Dei abraços, gritei, festejei! Passei das barreiras para o relvado e atirei o buff ao ar. Não o apanhei e deixei-me cair no chão em cima da relva. Estive assim algum tempo a tentar assimilar o que tinha acontecido ao mesmo tempo que confirmava a quem perguntava que não me tinha dado nenhuma coisinha má.
Levantei-me quando vi chegar o segundo elemento da equipa mas não tive coragem para ir buscar os restantes elementos. Comecei a cruzar-me com várias caras conhecidas e por ali fiquei a confraternizar. Chegou o terceiro elemento e nessa altura um amigo puxa-me para ir com ele. Fui, sem saber onde. Fomos dar duas voltas ao relvado para descomprimir e depois alongar. Só tenho que lhe agradecer porque já nem me passava pela cabeça essa parte tão essencial. Ao dar uma volta ao estádio chegou o último elemento da equipa e ainda fizemos meia volta com ela até à meta.
Prova superada. Cumpri hoje o desafio que me foi feito nos Sinos. Tirei mais de 3 minutos ao meu record anterior, feito aqui no ano passado. Fiz menos 3:40 do que nos Sinos há um mês. Estou radiante e sei que tenho razões para isso. Dizia no final que agora dificilmente baixo mais que isto mas rapidamente me disseram para não pensar assim. Melhore ou não, o sorriso continua cá e isso é o mais importante.
Maio começou bem! "Don't stop me now!"
Prova 60 - Corrida 1º de Maio 2017 - 15km - 01:15:13

4 comentários:

  1. Muitos parabéns pela "brutalidade" de marca! Espectacular!!!

    Um abraço e... don't stop now! :)

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    1. Grande abraço! Pena não nos termos cruzado no final, mas já percebi a razão! :)

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  2. Oh! Tão bom! Parabéns!!! Que grande tempo! Como é que uma pessoa não se sente imparável depois de uma prova destas?

    Muito bom mesmo! O treino e o foco dão sempre resultados :)

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    1. Mete imparável nisso! Senti-me nas nuvens! :)
      É mesmo isso: bons treinos e a cabeça no sítio!
      Beijinho!

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