"Cesto!!!" - gritaram os 5 ou 6 miúdos que estavam a aplaudir junto ao caixote do lixo após o habitual abastecimento de vinho tinto durante a prova. Pois que este ano o copo até estava muito cheio e eu parei e bebi-o todo de penalty antes de o atirar com convicção lá para dentro sem ter noção que tinha público a observar-me. Arrependi-me logo a seguir porque até me custou a respirar quando voltei a correr. Não faz mal, ir à Scalabis e não beber vinho é como ir a Roma e não ver o Papa. Festejei com eles e com aquela família toda e segui viagem pelas ruas de Santarém, onde me sinto sempre muito bem a correr.
Dou um salto rápido até à meta: foi a minha pior Scalabis das quatro que já fiz, mas se alguém me tivesse dito antes da prova que eu ia fazer abaixo dos 52 minutos eu assinava logo por baixo e ia beber copos para a Taberna do Quinzena em vez de correr.
E agora volto atrás, que isto é um recurso de estilo muito usado na literatura e fica sempre bem. Este ano éramos seis atletas presentes em Santarém. O dobro do ano passado, mas metade dos que já fomos noutros anos. Esta contabilidade, no fundo, apenas serve para encher mais um parágrafo do texto e para parecer que escrevi muito.
Fomos cedo, como bem gostamos, para sentir a cidade, o espírito da prova, para levantar os dorsais nas calmas, passear um pouco, comer e beber e apoiar a malta da caminhada antes de nos equiparmos para a nossa epopeia. E foi isto.
E agora volto atrás, que isto é um recurso de estilo muito usado na literatura e fica sempre bem. Este ano éramos seis atletas presentes em Santarém. O dobro do ano passado, mas metade dos que já fomos noutros anos. Esta contabilidade, no fundo, apenas serve para encher mais um parágrafo do texto e para parecer que escrevi muito.
Fomos cedo, como bem gostamos, para sentir a cidade, o espírito da prova, para levantar os dorsais nas calmas, passear um pouco, comer e beber e apoiar a malta da caminhada antes de nos equiparmos para a nossa epopeia. E foi isto.
Infelizmente o lanche ajantarado caiu mal a uma das nossas colegas e a prova dela acabou por não correr de forma tão agradável como esperado. Um pequeno contratempo que espero não lhe retire a vontade de voltar porque tudo o resto correu às mil maravilhas, entre convívio e fotos e mais convívio. É que para além do abafadinho na TasCá (nome mais original de sempre para uma tasca) havia sobremesa e mais umas coisinhas para encher o copo na mala de um dos carros. Como no caminho nos juntámos a outra equipa de amigos, a festa foi a dobrar. Já nem era preciso correr, realmente.
Se há coisa que eu não gosto de fazer é aquecer antes das provas. Um misto de preguiça com uma desculpa esfarrapada que me vou cansar ainda antes de começar a correr... Mesmo assim ainda fui puxado para um aquecimento e uma corridinha ligeira até ter parado num banco junto da ET. Lá ao fundo vejo duas figuras a acenar na nossa direcção. Pitosga como sou - e ainda por cima à noite - não tinha a certeza se era para mim. Pareceu-me reconhecer a Agridoce, mas quem raio estava ao lado dela? Era a Fabiana, descobri eu quando elas vieram ter connosco, provavelmente por terem achado que estavam a acenar para o boneco. Gostei imenso de vos ver e de falar um pouco das nossas aventuras deste fim de semana. Obrigado por todas as dicas sobre Madrid!
E sim, depois houve mesmo uma corrida. Lá fui eu para um bloco de sub-50 que já sabia que não ia conseguir atingir no final, mas não estava preocupado com isso. Queria era chegar bem e pronto. O percurso foi aquele que já conhecíamos, com uma ligeira alteração porque passámos na rua ao lado da meta em vez de passar por baixo do pórtico após completar uma pequena volta inicial. Depois foi o normal com a passagem por vários sítios emblemáticos da cidade - para além do abastecimento de vinho, o tal aos 3,5km.
Até essa altura estava a conseguir manter um ritmo a rondar os 5:00/km e decidi continuar para ver até onde aguentava. Foi até ao vinho. Depois disso acabei por baixar o ritmo e penei ali um pouco até meio da prova e só após os 5km consegui voltar a sentir-me bem. Ter tomado um gel nessa altura pode ter ajudado, nem que seja psicologicamente. O que sei é que raras foram as vezes em que olhei para o relógio e lembro-me de o fazer exactamente a meio porque dois atletas atrás de mim estavam a questionar-se quanto tempo estariam a fazer à passagem pela placa. 26 minutos, disse-lhes eu.
Na segunda metade senti-me verdadeiramente tranquilo e bem. As subidas não me incomodaram propriamente, não senti cansaço e mantive-me sempre satisfeito com aquilo que estava a fazer. Entrei em modo cruzeiro até ao final enquanto ia olhando em redor à procura de caras conhecidas tanto do meu lado como do outro lado da estrada nos retornos. Entrando no último quilómetro aumentei novamente a velocidade, sobretudo ao chegar à meta e apanhar novo banho de gente e algum apoio de colegas que já tinham terminado. Ter olhado para o cronómetro também ajudou, para ficar abaixo do minuto 52.
A prova estava longe de estar concluída. Voltei atrás, mas antes disso perdi-me em (mais que) dois dedos de conversa com um grupo de amigos de outra equipa. Um deles pegou no filho e ia também regressar para trás para ir buscar a mulher que estava a completar os seus primeiros 10km. No meio da distracção, esqueci-me de meter o relógio novamente a contar mas percebi que fiz mais 5km de descompressão neste momento de "ninguém fica para trás". Enquanto ainda não tinha encontrado a ET - que na altura já estava acompanhada pelo gajo e por outro colega nosso - uma atleta ainda em prova meteu-se com a amiga do lado que tinha parado para alongar, mas a falar sobre mim:
"- Olha este filho da mãe já acabou! E aposto que já comeu a bifana também!"
"- Já acabei sim, mas ainda não comi nada! A prova só termina quando a equipa toda passar a meta!"
"- Maravilha, é isso mesmo! Então vai até lá atrás e pergunta pela Luciana que nós estamos à espera dela!"
"- Oh LUCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAANA!!!"
E foi isto. Aparentemente ela estava mesmo ali ao pé. E logo a seguir vinha a ET e a sua guarda de honra à qual eu me juntei. Aproveitei para comentar com a tal atleta: "Olha, estes dois também já acabaram!" Ela continuou a chamar-nos filhos da mãe, mas sem malícia, sempre com boa onda e seguimos mais ou menos em grupo até perto do final.
Era um momento importante para a nossa extra-terrestre - que ainda não escreveu o seu relato da prova! - e já dentro do quilómetro final estávamos os seis a correr juntos até ao final. Descobri entretanto que eu fui o único a passar a meta com ela porque o resto da malta encostou às grades e saiu antes. Foi (mais) uma chegada simbólica, das muitas que já temos tido ao longo destes anos. Outra para ficar guardada no baú das memórias!
Bifaaaana! Imperial, pampilho! Vamos a isso!
Na verdade, nunca tenho muita fome depois das provas, mas soube mesmo bem! Inventámos uma mesa e ficámos a reviver a prova que tínhamos acabado de fazer até se levantar um vento muito frio que nos fez querer regressar depressa aos carros. O rescaldo era bom, com o Gajo a ter batido o seu record aos 10km com uma marca que ele já andava a perseguir há algum tempo. Agora temos ambos o nosso melhor tempo na distância em Santarém!
Pelo caminho, nova prova que eu não posso sair de casa em dias de corridas...
"N.!"
"N. sou eu e vou-te cumprimentar mesmo sem te conhecer!"
Era uma escalabitana que me reconheceu de um grupo em que ambos estamos ali na rede social onde já tinha perguntado se alguém ia marcar presença. Eu acusei-me e no meio de tanta gente ela conseguiu descobrir-me naquela altura.
E pronto, tudo actualizado, finalmente. Só falta meter aqui o meu histórico da prova.
Agora venha de lá Madrid...!
Prova nº 108 - Scalabis Night Race - 10km - 00:51:57
Se há coisa que eu não gosto de fazer é aquecer antes das provas. Um misto de preguiça com uma desculpa esfarrapada que me vou cansar ainda antes de começar a correr... Mesmo assim ainda fui puxado para um aquecimento e uma corridinha ligeira até ter parado num banco junto da ET. Lá ao fundo vejo duas figuras a acenar na nossa direcção. Pitosga como sou - e ainda por cima à noite - não tinha a certeza se era para mim. Pareceu-me reconhecer a Agridoce, mas quem raio estava ao lado dela? Era a Fabiana, descobri eu quando elas vieram ter connosco, provavelmente por terem achado que estavam a acenar para o boneco. Gostei imenso de vos ver e de falar um pouco das nossas aventuras deste fim de semana. Obrigado por todas as dicas sobre Madrid!
E sim, depois houve mesmo uma corrida. Lá fui eu para um bloco de sub-50 que já sabia que não ia conseguir atingir no final, mas não estava preocupado com isso. Queria era chegar bem e pronto. O percurso foi aquele que já conhecíamos, com uma ligeira alteração porque passámos na rua ao lado da meta em vez de passar por baixo do pórtico após completar uma pequena volta inicial. Depois foi o normal com a passagem por vários sítios emblemáticos da cidade - para além do abastecimento de vinho, o tal aos 3,5km.
Até essa altura estava a conseguir manter um ritmo a rondar os 5:00/km e decidi continuar para ver até onde aguentava. Foi até ao vinho. Depois disso acabei por baixar o ritmo e penei ali um pouco até meio da prova e só após os 5km consegui voltar a sentir-me bem. Ter tomado um gel nessa altura pode ter ajudado, nem que seja psicologicamente. O que sei é que raras foram as vezes em que olhei para o relógio e lembro-me de o fazer exactamente a meio porque dois atletas atrás de mim estavam a questionar-se quanto tempo estariam a fazer à passagem pela placa. 26 minutos, disse-lhes eu.
Na segunda metade senti-me verdadeiramente tranquilo e bem. As subidas não me incomodaram propriamente, não senti cansaço e mantive-me sempre satisfeito com aquilo que estava a fazer. Entrei em modo cruzeiro até ao final enquanto ia olhando em redor à procura de caras conhecidas tanto do meu lado como do outro lado da estrada nos retornos. Entrando no último quilómetro aumentei novamente a velocidade, sobretudo ao chegar à meta e apanhar novo banho de gente e algum apoio de colegas que já tinham terminado. Ter olhado para o cronómetro também ajudou, para ficar abaixo do minuto 52.
A prova estava longe de estar concluída. Voltei atrás, mas antes disso perdi-me em (mais que) dois dedos de conversa com um grupo de amigos de outra equipa. Um deles pegou no filho e ia também regressar para trás para ir buscar a mulher que estava a completar os seus primeiros 10km. No meio da distracção, esqueci-me de meter o relógio novamente a contar mas percebi que fiz mais 5km de descompressão neste momento de "ninguém fica para trás". Enquanto ainda não tinha encontrado a ET - que na altura já estava acompanhada pelo gajo e por outro colega nosso - uma atleta ainda em prova meteu-se com a amiga do lado que tinha parado para alongar, mas a falar sobre mim:
"- Olha este filho da mãe já acabou! E aposto que já comeu a bifana também!"
"- Já acabei sim, mas ainda não comi nada! A prova só termina quando a equipa toda passar a meta!"
"- Maravilha, é isso mesmo! Então vai até lá atrás e pergunta pela Luciana que nós estamos à espera dela!"
"- Oh LUCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAANA!!!"
E foi isto. Aparentemente ela estava mesmo ali ao pé. E logo a seguir vinha a ET e a sua guarda de honra à qual eu me juntei. Aproveitei para comentar com a tal atleta: "Olha, estes dois também já acabaram!" Ela continuou a chamar-nos filhos da mãe, mas sem malícia, sempre com boa onda e seguimos mais ou menos em grupo até perto do final.
Era um momento importante para a nossa extra-terrestre - que ainda não escreveu o seu relato da prova! - e já dentro do quilómetro final estávamos os seis a correr juntos até ao final. Descobri entretanto que eu fui o único a passar a meta com ela porque o resto da malta encostou às grades e saiu antes. Foi (mais) uma chegada simbólica, das muitas que já temos tido ao longo destes anos. Outra para ficar guardada no baú das memórias!
Bifaaaana! Imperial, pampilho! Vamos a isso!
Na verdade, nunca tenho muita fome depois das provas, mas soube mesmo bem! Inventámos uma mesa e ficámos a reviver a prova que tínhamos acabado de fazer até se levantar um vento muito frio que nos fez querer regressar depressa aos carros. O rescaldo era bom, com o Gajo a ter batido o seu record aos 10km com uma marca que ele já andava a perseguir há algum tempo. Agora temos ambos o nosso melhor tempo na distância em Santarém!
Pelo caminho, nova prova que eu não posso sair de casa em dias de corridas...
"N.!"
"N. sou eu e vou-te cumprimentar mesmo sem te conhecer!"
Era uma escalabitana que me reconheceu de um grupo em que ambos estamos ali na rede social onde já tinha perguntado se alguém ia marcar presença. Eu acusei-me e no meio de tanta gente ela conseguiu descobrir-me naquela altura.
E pronto, tudo actualizado, finalmente. Só falta meter aqui o meu histórico da prova.
Agora venha de lá Madrid...!
Prova nº 108 - Scalabis Night Race - 10km - 00:51:57
Eh, caraças. Nunca bebi vinho na SNR. Este ano foi a primeira que falhei. Vamos dizer que era este ano que beberia..sim..era este ano, era...
ResponderEliminarEu bebi em duas das quatro edições que fiz. Os melhores tempos são naquelas em que não toquei no copo. Oops!
EliminarPara o ano é que é, Filipe!
A pior?? Mas confessa, uma das mais divertidas!!!
ResponderEliminar**
Confesso pois! Super divertida! :)
EliminarE eu a pensar que teres visto a minha bela cara antes da prova te ia dar força suficiente para ser a melhor de sempre! :P
ResponderEliminarQuase, Fabiana, quase! Só não fiz menos uns 4 ou 5 minutos por me estar a poupar para Madrid. Obviamente... :D
EliminarSó fiz a Scalabis o ano passado e não bebi vinho. Ia com ideia de o fazer mas quando chegou o abastecimento só o cheiro agoniou-me e se bebesse um golo acho que terminava ali a prova. Optei por seguir... um dia hei-de voltar! Abraço
ResponderEliminarComo desta vez ia sem compromisso de tempo, teve que ser. E em vez de vir um shot veio um copo bem cheio! Isso é que me atrapalhou! Volta, nem que seja pelo ambiente que é muito porreiro. Abraço!
EliminarPior, em termos de tempo. Espero que tenha sido apenas isso :)
ResponderEliminarIr à Scalabis é uma festa por si só. A corrida em si é só um pormenor!
Agora vê se não demoras tanto a escrever o relato da próxima...
Apenas isso. O resto da festa fez-se e valeu bem a pena.
EliminarÉ como dizes, é uma festa por si só!
O prometido é devido, relato de Madrid concluído há minutos. ***