"Força Nuno! Actualiza o blog!"
Corria o quilómetro 16 quando sou interpelado por um atleta que me dirige estas palavras. Fiquei um bocado aparvalhado, não o reconheci imediatamente, mas ele fez questão de se apresentar logo de seguida. (Olá Edgar! Obrigado!)
Depois do sucesso que foi a nossa participação nesta prova no ano passado, regressámos em força com um total de 26 atletas em competição - eu e outro colega nos 20km em linha e os restantes em várias equipas da estafeta, naquilo que foi uma fantástica demonstração de espírito de equipa a todos os níveis. De referir que ainda me lembro de estar no serão de dia 30 de Dezembro a organizar as equipas e as inscrições para aproveitar o preço inicial. E estava cheio de medo de acontecer o que se passou em 2018 com várias lesões e impedimentos de última hora que obrigaram a fazermos algumas trocas de elementos. Se com 3 equipas já não era fácil coordenar eventuais trocas, imaginem com 6!
Felizmente poucos foram os colegas a precisar de serem substituídos e tudo se resolveu com relativa calma.
No dia da prova estava tudo pronto no ponto de encontro. Apenas um atleta não compareceu, mas avisou com antecedência, pediu para deixar o kit na pastelaria onde nos juntámos e ele haveria de lá passar antes de rumar ao Estoril para ser o primeiro da sua equipa da estafeta. De referir que quando eu parti para os 20km, ainda não o tínhamos encontrado por lá e um dos momentos mais felizes da minha prova foi quando vejo o terceiro elemento daquela equipa a passar por mim em alta velocidade rumo à passagem de testemunho dos 15km. Era sinal que ele tinha aparecido e que estava tudo ok!
A partida dos 20kms deu-se com algum atraso, quase dez minutos depois da hora, o que fez com que ao fim de poucos quilómetros já o primeiro classificado das estafetas tivesse passado por mim. Quem também passou por mim ainda antes dos 5km foi o nosso primeiro atleta da equipa mais rápida. As minhas contas diziam-me que eu chegaria à primeira passagem de testemunho antes disso acontecer, mas a diferença nas partidas foi apenas de 5 minutos em vez de 15 portanto fui rapidamente apanhado, que isto de correr a ritmo tranquilo a rondar os 5:30/km não se compara com as flechas da equipa que terminou a estafeta com um ritmo final de 3:55/km! Que brutalidade de flechas!
Sabia que a prova começava logo a subir - nos meus ouvidos ainda estavam as queixas de quem no ano passado fez o primeiro percurso - e que ao longo da Marginal iria encontrar algumas outras subidas difíceis. Na minha mente ia distraído pela calma que a paisagem do meu lado direito me transmitia e pelo imaginar do que estaria a ser a festa do pessoal nos pontos de passagem de testemunho. Ia embalado como fui na Meia Maratona de Cascais e tudo isso ajudava-me a esquecer que fazer aquele trajecto numa Maratona de Lisboa tem certamente outra dureza. O que é certo é que cheguei ao fim e não senti que as subidas fossem assim tão aterradoras. Difíceis sim, mas não temíveis. Até me deu a sensação que fiz grande parte da prova a descer.
Como era de esperar senti nas pernas o peso da falta de treinos decentes. Ali algures depois dos 10km notei que tive que abrandar um pouco o ritmo e fui-me juntando a outros atletas que senti que estavam sempre por ali por perto naquelas companhias de circunstância. Não tendo metido conversa com ninguém, era agradável ter pessoal por ali. Para além disso, de 5 em 5 quilómetros era uma festa porque ainda apanhava colegas da estafeta à espera de entrar em acção. E assim fui indo rumo a Belém.
O último trajecto foi um misto de emoções. Para além da aparição surpresa do Edgar que tinha feito o segundo percurso da estafeta e seguiu até à meta, tive algum pessoal que já tinha terminado a prova e vinha em sentido contrário a cumprimentar-me pelo nome. Alguém que eu conhecia ou era por causa do dorsal? Não sei, não reconheci ninguém, mas é sempre agradável. Para além disso uma das nossas atletas lesionadas fez questão de aparecer e estava por lá a tirar fotos. Foi aos 17,5km que senti necessidade de caminhar um pouco. Queria ter feito tudo sem parar, mas não deu. Paciência. O mesmo aconteceu um quilómetro mais tarde, mas logo a seguir retomei a corrida até ao final sendo que tive escolta de honra no último quilómetro porque em sentido contrário vinham uns quantos colegas de equipa (as flechas e não só...!) que me escoltaram até à curva final antes da meta. Muito obrigado pessoal, foi o boost que eu precisava para concluir a prova, num tempo muito semelhante ao que fiz nos 20km de Almeirim em 2018, naquele que foi na altura o último treino longo antes da Maratona do Porto. Nota: o meu melhor tempo numa meia maratona continua a ser melhor que o meu tempo em provas de 20km.
Depois de terminar veio o habitual cumprimento a vários amigos deste mundo com quem ali me cruzei. É sempre um prazer ver caras conhecidas e trocar dois dedos de conversa. Aquilo que acabei por não fazer foi voltar atrás para ir ter com a ET que iria fechar a nossa última equipa. Eram mais uns quantos quilómetros neste treino longo. Quando consegui respirar um pouco estavam a chegar outros elementos da equipa, tanto os que estavam a fazer apenas a última parte da estafeta como outros que começaram há 15 ou 20 quilómetros atrás e seguiram até ao final. Foram todos fantásticos, sem dúvida! Até que chegou a nossa ET, muito bem acompanhada e quando passou por mim agarrou-me pela mão e só a largou metros antes da meta. Se há alguém que me tem dado uns calduços reais e virtuais na tentativa de me tirar das areias movediças onde tenho andado nestes últimos tempos é ela, daí que este gesto tenha sido bastante simbólico. Não podendo mudar o passado, há que ganhar foco para o futuro!
A ti, em especial, obrigado!
Para trás ficava o nevoeiro e a chuva com que fomos brindados no início da prova, para a frente ficaram os sorrisos, os Twix que estavam a ser dados na meta e uma série de contas para voltarmos novamente em 2020, desta vez para tentar ir a um pódio. Planos mais próximos incluem a ida à Scalabis (o relato sai ainda esta semana), a Maratona de Madrid (ai, cruzes credo...) e o cancelamento da ida ao Douro Vinhateiro (mais vale não ir do que ter 2016 all over again...).
Prova
nº 107 - 20km da Marginal - 20km - 01:56:48
P.S: de regresso aos carros que ficaram em Algés foi altura de distribuir as t-shirts da prova e a oferta que fazia parte do kit. Enquanto a malta se despedia troquei de roupa e fui o último a despachar-me. Meti o saco que levava com as minhas coisas no tejadilho do carro e tal. Lá de dentro diz-me o gajo da ET: "Não te esqueças disso aí, ok?" "Ok, claro!" Entro no carro devidamente pronto e saímos do estacionamento rumo à rotunda da entrada do IC17. Ele fez uma manobra qualquer estranha, que eu nem percebi o que foi e um outro carro a entrar na rotunda desata a apitar intensamente, instantes após ouvirmos um "catrapum!"
"Está qualquer coisa no chão!" Pois claro que está! Era o meu saco amarelo que tinha dado um tralho desde o tejadilho do carro onde eu obviamente não o ia deixar e estava a rebolar mais que o Neymar depois de uma entrada a pés juntos do Pepe... Meia volta à rotunda e o condutor do tal carro - estrangeiro, por sinal - já tinha parado para nos entregar o saco. Só lá tinha as chaves de casa, as chaves do carro, a carteira... 😧
P.S: de regresso aos carros que ficaram em Algés foi altura de distribuir as t-shirts da prova e a oferta que fazia parte do kit. Enquanto a malta se despedia troquei de roupa e fui o último a despachar-me. Meti o saco que levava com as minhas coisas no tejadilho do carro e tal. Lá de dentro diz-me o gajo da ET: "Não te esqueças disso aí, ok?" "Ok, claro!" Entro no carro devidamente pronto e saímos do estacionamento rumo à rotunda da entrada do IC17. Ele fez uma manobra qualquer estranha, que eu nem percebi o que foi e um outro carro a entrar na rotunda desata a apitar intensamente, instantes após ouvirmos um "catrapum!"
"Está qualquer coisa no chão!" Pois claro que está! Era o meu saco amarelo que tinha dado um tralho desde o tejadilho do carro onde eu obviamente não o ia deixar e estava a rebolar mais que o Neymar depois de uma entrada a pés juntos do Pepe... Meia volta à rotunda e o condutor do tal carro - estrangeiro, por sinal - já tinha parado para nos entregar o saco. Só lá tinha as chaves de casa, as chaves do carro, a carteira... 😧
Então mas tu não te chamas Norberto?!
ResponderEliminarAhahah :D
EliminarLol
EliminarHa ha ha ha! Já não me lembrava desse meu alter ego! Bem jogado, Filipe, bem jogado! :)
EliminarAhahahahahahahahahahahahaha :P
EliminarAgora que penso bem nunca te chamei Norberto em prova!
Fabiana, estás a falhar! Tens que tratar disso! ;)
Eliminar"Não podendo mudar o passado, há que ganhar foco para o futuro!"
ResponderEliminarIsto aplicar-se a tanta coisa na vida! Vamos lá olhar para o futuro :)
Aplica-se pois... "Porque a vida não é só corridas" nas sábias palavras do João Campos.
EliminarE "porque a vida é mais do que corridas, também há ovos moles, vinho, bifanas, pampilhos, vinho (repeti?), muita conversa, tudo coisas boas..." como diz a Fabiana :P
Eliminar:* aos dois!
Tudo coisas boas. Repetiste o vinho porque há vários tipos: tinto, branco, rosé. :D
EliminarBeijo enorme, miúda! :)
Essa do saco... :)
ResponderEliminarParabéns pela 107ª. Um abraço
Cabeça na lua, é o que é... :)
EliminarObrigado! Abraço!
Bora lá para o futuro!!! A parte do saco é quase extraterrestre, é daquelas histórias que vamos estar sempre a contar...
ResponderEliminarBora bora...!
EliminarOh pá, e eu que me ia esquecendo de contar isto no relato. Shame on me! :)
Olha quem voltou ;)
ResponderEliminarSó para referir que em relação a coisas no tejadilho a tua é de uma amadorismo quase confrangedor.
Repara: óculos, carteira, 2 garrafas de água de ciclismo, isto sim!
Óculos ao fim de uns metros, carteira tinha caído para a valeta e ainda lá estava uns bons minutos depois e as garrafas andaram cerca de 700 metros até o meu irmão finalmente me ouvir a buzinar desenfreadamente no carro atrás e parar.
Sim, claro que não fui eu.
amadores … e um telemóvel de 700 € durante 1km em cima do tejadilho, ouvir um catrapim catrapum catrafodaice, colocar as mãos na cabeça (a travar a fundo), sair do carro a correr e ver que o menino ainda respira … estalado mas a respirar … um milagre … faz dia 30 de Abril 1 ano … um dia antes dos Pernetas … como vêm isso é normal acontecer a gajos simpáticos, bonitos e muito bons nisto das corridas … estou a falar de mim … vocês não são bonitos :P … ahh e parabéns N … pela prova e por voltares aqui … aquele abraço
Eliminarfalta dizer que após um ano o menino ainda respira, ainda continua riscado/estalado, a camara frontal continua a tirar fotos embaciadas e já não tira as rugas que ainda não tenho … era só … achei que fosse pertinente partilhar … over&out
EliminarVocês são profissionais da coisa! Eu foi o primeiro susto deste género, mas deixem-me aperfeiçoar a técnica e vão ver se para a próxima não salta um relato de algo em grande!
Eliminarjnr, fica só a nota que depois de ter conhecido o Edgar pessoalmente tu tens que ser o próximo visitante "anónimo" a dar a cara numa próxima prova.
Carlos, aquele abraço!
E valeu a pena pedir para atualizares o blog... Já tá em dia :)))
ResponderEliminarPelos vistos devo ser muito persuasivo!
Já ando por aqui à algum tempo mas nunca nos tínhamos cruzado. Quando reparei que ia a passar por ti não perdi a oportunidade... foi muito agradável. Obrigado! Vamos nos vendo por aí, talvez na corrida cidade de Alverca ;) Abraço
Valeu pois! É sempre bom receber feedback! Obrigado eu!
EliminarSó nos tínhamos cruzado nas estafetas do Vale Grande há uns tempos, tu de máquina fotográfica na mão.
Até Alverca então, assim espero. Abraço!