terça-feira, 11 de outubro de 2016

Coimbra, tem mais encanto...

O despertador tocou antes das 6:00. Começava a Maratona. Daqui a quatro horas e meia estaria no Pólo Universitário de Coimbra na linha de partida para a Meia Maratona de Coimbra, a Corrida do Conhecimento, inserida no circuito das Running Wonders.

Pronto, é um parágrafo semelhante ao da semana passada. Neste caso a Maratona eram os 180kms de deslocação até Coimbra. Partimos 10 pessoas distribuídas em dois carros e tínhamos mais um colega que iria lá ter connosco. No total fomos 5 para a Meia Maratona, 2 para os 10kms da Mini Maratona e 3 participantes nos 6kms da caminhada. Muito sono, mas também muita animação dentro do carro e em amena cavaqueira chegámos depressa ao destino. Felizmente não fui a conduzir e isso aliviou-me um pouco a manhã.

O levantamento dos dorsais foi rápido - estacionar também, para grande surpresa minha - e às 9:00 estávamos tranquilamente sentados para começar a absorver o espírito da prova. Encontrámos amigos neste entretanto, mas havia muito menos caras conhecidas que em outras provas. E senti que havia também menos participantes no geral, sobretudo depois de ter estado no Douro Vinhateiro e ter visto pela tv parte da prova do Dão que fazem parte do mesmo circuito.

Fotos da praxe tiradas, preparativos de última hora tratados e cerca de 15 minutos antes da hora estávamos na partida. Aqui tive a confirmação que não havia tanta gente quanto eu esperava porque ficámos perto da frente sem dificuldade. Nesta altura a malta da caminhada ficou para trás e ainda tentámos convencer uma das colegas dos 10km a fazer a Meia, tendo em conta que ia com dorsal da Meia e sabendo que ela tem capacidade para isso. O nosso "mentor" fez questão de fazer o percurso com ela, sempre na esperança que ela na separação das provas fosse para a maior. (Digo já que ela acabou por fazer só os 10km e em boa hora!)

Últimas palavras de incentivo, cumprimentos finais, 10:30, partida!

Os primeiros kms da prova são sempre a descer o que faz com que o arranque seja rápido e com que os kms passem quase sem se dar por eles. Mesmo! Passagem junto ao estádio da Briosa e viragem em direcção ao centro histórico da cidade, sendo que pelos 5km íamos passar na zona da meta, mas do lado oposto. Havia bastante gente aqui, como seria de esperar e ao entrar na rua que nos levou até ao edifício da Câmara Municipal de Coimbra senti que estava em Lisboa, ali algures no Chiado. Muito bom!

Depois dessa voltinha chegámos à estação de comboios de Coimbra-A e à esquerda estava deslumbrante o Mondego. A partir daqui ele estava sempre ao nosso lado e foi um bom companheiro. Esta foi uma fase crítica da prova. Olhei para o relógio e ia embalado a um ritmo que me permitia bater o meu record da Meia. Decidi abrandar, não por sentir que ia quebrar depressa mas porque estava acima dos meus objectivos para esta prova que era "apenas" um treino longo. Tomei um gel aos 7,5km, a seguir à zona onde se separavam os atletas dos 10km e os da Meia (um pouco antes do que normalmente faria) sabendo que aos 10km iria receber outro para guardar para a segunda metade da prova. E aqui entrei em velocidade de cruzeiro, sem pressa, a curtir a prova e o cenário à minha volta.

Antes dos 10km deu-se uma reviravolta e lá ia eu tranquilo com a minha música e ouço uma voz familiar a meter-se comigo. Olhei e era o nosso mentor que me pergunta se podia ir ali comigo. Fartei-me de rir! O fundador do grupo (do qual eu sou membro desde o primeiro dia), a pessoa que me tem ensinado grande parte daquilo que sei, a pessoa a quem eu recorro sempre que preciso de conselhos e/ou motivação a perguntar-me se me podia acompanhar? Disse-lhe que sim, mas que eu ia devagar, a um ritmo de 5,45m/km - 5,50m/km. Ele disse que era na boa porque ainda estava a recuperar da Maratona de Lisboa na semana passada e também ia devagar.  (O tanas, pá!)

Lá fomos, mas o devagar dele é pelos 5,30m/km! Consegui que não fossemos tão depressa mas íamos mais rápido do que se eu fosse sozinho. Como me ia a sentir muito bem, continuei. Nesta altura sim, achei que ia quebrar mais próximo do final. Já estava numa sensação agridoce de não estar a fazer o meu treininho longo, nem estar a fazer uma prova para melhorar o meu tempo. No meio desta indecisão estava, tal como na semana passada, feliz. E sentia-me bem com o ritmo imposto e com a companhia que tinha ao meu lado. Foi também por ele ter aparecido ao meu lado que fiquei a perceber que a nossa colega tinha ficado pelos 10kms. Perguntei-lhe se daria para o objectivo dela de finalmente baixar dos 60 minutos, ele disse que sim, a não ser que tivesse uma grande quebra no final.

Já estávamos a afastar-nos de Coimbra, a contornar a Mata Nacional do Choupal. Pelo nome, senti-me em casa. Era uma zona calma, onde víamos malta a caminhar, a andar de bicicleta, a fazer canoagem no Mondego, etc. Parecia uma zona propícia à prática do desporto. Passámos para o outro lado do rio e durante uns 2km os atletas cruzavam-se com quem já vinha do ponto de retorno. Foi a altura ideal para perceber onde ia o resto da equipa, para além de alguns amigos. Foi também aqui que percebi o quão bem ia a rolar porque começámos a ultrapassar muita gente que estava a quebrar. Segundo gel aos 15km e estava pronto para o final da prova.

Pouco mudou nos últimos quilómetros, o percurso continuava plano, as rectas eram grandes e havia pouca gente à beira da estrada, algo que só mudou ao chegar à Ponte de Santa Clara para voltar a atravessar o Mondego rumo à meta. Aqui voltei a fazer as minhas habituais figuras e comece a pedir apoio a quem estava a assistir, tal como já tinha feito antes na zona da Câmara Municipal.

"Coimbra, então essas palmas? Nâo estou a ouvir nada! Bora lá!" - disse eu. Normalmente tenho este tipo de reacção numa de duas situações: ou estou mesmo a ficar exausto e preciso de me auto-motivar, ou estou a transbordar de alegria e tenho que a partilhar com alguém. Adivinhem qual foi no domingo, vá. Depois disto, um high 5 ao meu companheiro de viagem e chegámos ao melhor momento da prova: a recta da meta e sentir toda a adrenalina de terminar - em grande estilo. Estava feita mais uma prova, mais uma Meia. E curiosamente foi a primeira vez que cruzámos uma meta lado a lado. Simbolicamente foi importante, sobretudo por ser antes do Porto.



Após a chegada, boas notícias: a nossa colega terminou os 10km com 56 minutos! Perfeito! Infelizmente como ia com dorsal da Meia cedido por um colega que não pôde participar não consta da classificação pelo que não vai ter diploma final da primeira vez que atingiu o objectivo dela. Para a semana na Corrida do Aeroporto repetes a dose, ok? A nossa outra colega dos 10km acabou com 1:02, o que também é record pessoal. Ficámos tremendamente felizes por elas. Também houve record pessoal para o colega que chegou pouco depois de nós com 2:03 - ele que se tinha estrado em Meias Maratonas apenas na semana passada!

E o meu resultado? Deixa cá copiar o texto da semana passada novamente. Ah, e sem pensar nisso fiz o meu 2º melhor tempo na meia, mais perto dos 1:57:47 e com a sensação que me teria aproximado ou até batido esse tempo se esses fossem os planos para esta prova. Talvez numa das duas Meias que ainda pretendo fazer antes do final de 2016, mas sem stress. Coisas boas acontecem quando a felicidade impera.

Foi a curtir os bons resultados que fomos saindo do jardim novamente em direcção à zona da partida onde tinham ficado os carros. Meus amigos, só vos digo uma coisa: escadas do quinchorro! Pesquisem, mas digo-vos desde já que as fotos são bem mais simpáticas que a realidade!

A aventura estava a caminho do fim, mas ainda havia tempo para almoçar - na Pastelaria Vénus, recomendada por um dos nossos colegas - e ainda deu para trazer algumas doçarias para repor as calorias. Eu voto nos pastéis de Santa Clara! Só faltou a visita à Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra que decorria no fim de semana no Quartel da Brigada de Intervenção (antigo Convento de Sant´Ana). O cansaço - e o facto de ser domingo e ainda termos que fazer a viagem de volta - falou mais alto que a gulodice.

Foi a última prova, a última meta antes do Porto. Decidi entretanto que não vou mesmo aos 20km de Almeirim. Agora é contar os dias, as horas, os segundos... Limar as últimas arestas, afinar a estratégia e repetir a felicidade destas duas últimas Meias Maratonas na prova rainha do atletismo.


Prova nº 46 - Meia Maratona de Coimbra 2016 - 21km - 02:00:18

8 comentários:

  1. Essa Meia é muito agradável. Mas bom mesmo é ler que correste novamente feliz e isso é impagável. E com grande marca!

    Tal como eu, fechaste as corridas até ao grande dia. O trabalho está feito, agora é manter e não estragar nada.

    Força!

    Um abraço

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    1. Não fui à procura da marca, mas a felicidade ajuda a que ela apareça. Não estragar é o essencial!
      Já nem vou ao site ver a contagem decrescente! :)
      Um abraço!

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  2. Só mais uma pequena nota para a grande regularidade dos teus tempos, como deve ser numa prova longa. Então entre o 13 e o 18, por 4 vezes que fizeste igual ao segundo (5.37). Muito bom :)

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    1. Foi a primeira coisa em que reparei quando fiz a análise da prova. :) É curioso que por vezes dou por mim a meio das provas a repetir mentalmente que não preciso de acelerar, basta manter-me assim.

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  3. Parabéns por mais uma etapa do teu percurso! Bela prova e belo tempo :)

    Fiquei mesmo com pena de não ter ido, caramba! Para o ano, não me escapa!

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    1. Obrigado, obrigado! :)
      Foi mesmo pena, mas fica aqui registada a tua promessa!

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