quarta-feira, 12 de abril de 2017

#ninguémficaparatrás

É um dos nossos lemas e no domingo tive o privilégio de poder novamente transportar essa ideia dos treinos para uma prova.

Lembrei-me dos nossos primeiros treinos, ainda antes de sermos efectivamente uma equipa, onde era eu o último e era carinhosamente apelidado de Lanterna Vermelha. Lembrei-me do Trail da GNR em Sinta (Setembro/2014) que foi uma das minhas primeiras provas e uma primeira experiência em trail onde fui acompanhado do início do fim por um colega de treino que deve ter feito o dobro dos quilómetros da prova porque subia e descia e avançava e voltava para trás para me vir buscar. A certa altura uma outra atleta dizia-me que aquilo era um amigo à maneira porque me deu todo o apoio possível e imaginário. E foi verdade.

Assim que pude comecei a fazer o mesmo, sobretudo nos treinos para ajudar quem estava a dar os primeiros passos. Ouvi e ainda ouço muitas vezes malta nova - e até pessoal que já faz parte da casa - ir treinar connosco e dizer que não quer incomodar ou perturbar. Dizem que não querem estragar o nosso treino por irem - eventualmente - mais devagar. Fica aqui a nota, mais uma vez: o único treino estragado é aquele que não é feito! Os treinos de grupo são isso mesmo: de grupo! No dia em que eu quiser fazer um treino sem ninguém me "chatear" vou sozinho, por exemplo.

Guardo ainda com grande carinho uma foto da Corrida Orçamento Participativo 2015. Foi a 2ª prova das 4 que foram realizadas, decorreu na Cidade Universitária e coincidiu com o Campeonato Nacional de Estrada em Janeiro 2016. Foi aquela em que faltou a água e onde nos abastecimentos deram garrafas de 0,75cl. Nesse dia depois de terminar "fui buscar" a nossa enfermeira da equipa e estamos a chegar à meta com um sorriso rasgado. Curiosamente ela já prescindiu de tentar fazer melhores resultados em provas para ir a acompanhar colegas de equipa. Ainda agora no Cork Trail fez isso. É apenas um de vários exemplos que mostram que a mensagem está a passar para toda a gente. "Estrago" todos os meus treinos semanais de bom grado se isso significar que este ambiente se mantém.

Esta reflexão surgiu porque ontem ao procurar fotos da prova do Autódromo vi que não fui apanhado à chegada por estar tapado por outro atleta, mas depois fui surpreendido por uma foto da minha segunda passagem pela meta depois de ter ido dar uma força a quem vinha lá atrás. Na foto fomos apanhados a dar um grande abraço de agradecimento. Mais uma vez, aqueles quase 3kms extra que fiz valeram mais que os outros 8,3km da prova e encheram-me a alma de uma maneira que não consigo expressar por palavras.

Já sei que em Santarém vou fazer o mesmo e que a minha prova não vai acabar no momento em que eu cruzar a meta. Nas Fogueiras vai ser igual. (Esta parte do post é só para ti: tu vais conseguir fazer os 15kms!)

Cresci no mundo da corrida com este espírito. Se alguém vier com outras ideias e com outras intenções também corremos com vocês. Corremos com vocês daqui para fora!

4 comentários:

  1. Gosto tanto deste espírito :) Acho que só assim faz sentido!

    Como pudeste ir acompanhando, já me fizeram isso e eu já fiz isso. E é bom. É muito bom! Agora andamos a tentar dinamizar treinos de grupo lá no subúrbio e o espírito é o mesmo. Curiosamente, há alguém mais lento do que eu, e vamos sempre trocando para garantir que há sempre alguém que fica para trás para ir acompanhando. É a melhor forma de ajudarmos os outros a evoluir e, sobretudo, a não desistirem de correr :)

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    1. Exacto! É muito bom mesmo! :)
      Mantenham esse espírito no subúrbio, a medalha da amizade não se vê mas sente-se! :)

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  2. Muito bom! É este o espírito! :)

    Um abraço

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